“Achados felizes da loucura; a razão saudável nem sempre é tão brilhante” (Hamlet – W. Shakespeare)
As palavras caem e aparecem na tela do computador e sem que precise de muitos esforços para sequencia-las, dando um sentido mais lógico, assim se revela meu método de fazer/escrever. Há estes momentos criativos que são de enorme prazer em que percebo a aceleração cerebral, uma excitação, algumas vezes “engulo” as palavras, pois escrevo como se falasse com alguém ao lado, ou para mim mesmo.
Muitos anos atrás escrevi, neste blog, que “as palavras nem sempre traduzem o que efetivamente sentimos, ou o que queríamos expressar de verdade, passar para o papel, ou ao computador, há uma perda clara, pois acabamos racionalizando, ponderando, mediando, medindo os termos”.
E completei sobre esse método de escreve,no mesmo texto, dizendo que “Mesmo nos momentos tensos, que a emoção mais aflora, subtraímos a crueza do que vivemos, tirando assim o discurso mais direto e preciso. Mesmo no meu caso em que escrevo imediatamente aqui, raramente com qualquer revisão e lendo depois, penso que não era exatamente isto que deveria ser, mas fica sendo”.
Em outro trecho, refleti que “Metodicamente os textos fluem, cada um com seu tamanho, minuciosamente refletido na cabeça, mesmo que aleatoriamente, os parágrafos, os termos usados obedecem a uma lógica certeira, como se desse uma coerência ao caótico pensar“.
Assim “o turbilhão de sentimentos não atrapalha o método, ao contrário, ajuda, personaliza uma forma de fazer e ser, meu corpo e mente se abrem, como se em praça pública me despisse, mostrando o que sou, como sou, sem poder mais esconder qualquer parte do meu ser, talvez pedindo comiseração, apoio, afeto”.
Ora, são reflexões de quase dez anos que, de certa forma, fui aprimorando, tentando reduzir os erros de língua, fruto da pressa de publicar, no passado, como também das minhas lacunas no conhecimento de um idioma tão rico e complexo como o português, sua sonoridade, sua fluência, não é tão fácil escrever e se fazer entender, nisso reconheço meus limites e da capacidade de comunicação das minhas ideias.
O blog se agigantou não apenas em quantidade de textos, mas também de temas, a minha vida tomou rumo inesperado, em vários campos, as conquistas, as perdas, as ausências. Este espaço virou uma espécie espelho de mim, de tão real, muitas vezes me assusto, releio e penso: Fui eu mesmo que escrevi? De bom ou ruim, mas o espanto, que logo se desfaz quando relembro, como e porquê, do que está escrito.
As palavras descem e a vida segue, se entrelaçam e vibram em cada publicação. São mistérios da vida e da mente, apenas sigo e escrevo.