“I held the blade in trembling hands
Prepared to make it but just then the phone rang
I never had the nerve to make the final cut”
(The Final Cut – Pink Floyd)
Daqui uns 20 dias vencerá meu contrato de hospedagem do blog, depois de 11 anos, 1708 posts, parece que é chegada a hora do fim, ou não Talvez não tenha mais energia, tempo e grana para manter, outros desafios da vida exigem mais, inclusive o da sobrevivência material mais elementar.
Blog é um exercício solitário que tem início, meio e fim…
Havia ensaiado algumas vezes essa situação, porém, feito Baloubet du Roeut, refugava, não fechava a porta, será que será dessa vez? Pela primeira vez sinto-me tranquilo com o que acontecer.
Algumas notas são importantes escrever nesse ensaio de despedida (?), a primeira é que não há nenhuma magoa, apenas devo fazer certas constatações e reflexões próprias sobre esses 11 anos. Aquele início de novembro de 2009, o que buscava era fazer um registro digital, uma vaidade, para passar notas pessoais de quase duas centenas de livros clássicos “fichados”, nada mais do que isso.
Por razões estranhas aquele desejo inicial, o blog seguiu outros rumos, boa parte dos apontamentos efetivamente viraram posts, salvando a memória e aquelas folhas velhas, algumas com mais de 20 anos, quando foram preenchidas, deu trabalho para decifrar a minha própria e irregular caligrafia, algumas vezes tive que consultar anotações que fiz nas laterais desses livros.
Por outra mão, esse blog, rumou para outras esferas, como parte da blogesfera de esquerda, militante, que poderia produzir novas ideias e novos conteúdos para entender a realidade desse mundo em mutações. Confesso que houve várias frustrações com essa tentativa, a principal delas é que não tive a capacidade de me comunicar e chegar a um público e mesmo manter um grupo crítico de debates, paciência.
Fiz coisas bem legais aqui que me transformaram intelectualmente, ao mesmo que me ajudou a me despir de vaidades e arrogância, ser o que sou, consciente de minhas limitações, de todo tipo, como reconhecer potenciais que carrego comigo.
Há, em outra dimensão, uma visão consciente, que só a escrita me deu, de que meus sonhos e utopia, daquilo que me despertou aos 13/14 anos de idade para atividade política, não serão realizados nessa minha experiência humana, terrena, também, como não creio em outras vidas, sou sabedor que a grande emancipação humana virá, mas em outra época histórica.
Essa consciência de não realização ou plenitude de um sonho não me joga para o outro lado, muito menos me desarma sobre a necessidade grande mudanças, posso contribuir melhor e de forma mais tranquila para outras e novas gerações, a minha árvore da libertação humana, foi plantada, vou regar até meu último dia,
Essa é a maior lição desse blog, a de me reconhecer como realmente sou, pode não ser nada para muitos, mas é o que de melhor pude fazer. Olhando a produção quilométrica desses 11 anos, só ficar satisfeito.
Todos eventos de minha vida estão aqui, registrados, minhas ideias, meu entendimento de mundo, numa parte do século XX e XXI, para sempre.
O porvir ainda não sei, outras plataformas, outras formas de apresentação surgem, quem sabe use delas com o mesmo prazer e atinja outros grupos que não vieram ao blog, se é que precisam disso, às vezes somos obsoletos, nada a fazer, apenas seguir.
Até…
Grande Arnobio!
Estamos todos nesta nebulosa das incertezas e contradicoes bizarras.
Salvemos-nos, por hora, desta fragmentacao escandalosa, covarde!
Sem culpas nem transtornos de consciencia, seguiremos em luto, mas eretos frente ao desconhecido e insaciavel.
Ha ordem no caos, aceite a visao do observador! Ela tb altera o resultado final.
Avante, 🌱