“Nada a temer
Senão o correr da luta
Nada a fazer
Senão esquecer o medo
Abrir o peito à força
Numa procura”
(Caçador de Mim – Sergio Magrão e Luiz Carlos Sá)
Ora, viver o que vivi, e ainda vivo, passar pelo que passei, e ainda passo, o que haverá a temer? A tragédia experimentada foi numa crescente, de toda sorte (ou azar): pessoal, íntima, política e de perda da humanidade.
De certa forma produziu em mim uma mudança de atitude para enfrentar o que precisar, nada, ou pouco, há a perder.
A luta pelos Direitos Humanos, coletivos, dos excluídos sociais e dos excluídos humanos é a razão de viver, de acreditar na vida.
É fato que não se pode e nem se deve expor ninguém aos riscos numa conjuntura tão traumática e perigosa, ao mesmo tempo é necessário que se vá de peito aberto. Sair do conforto em que nos acostumamos, dos nossos muros, proteções, ilusões de “segurança”.
Temos que ir às quebradas, aos enfrentamentos de conflitos, dos distúrbios, não em busca de protagonismo individual, mas pela compreensão de que não tem com não mostrar a cara, não se acovardar, o outro lado precisa saber que não será tão fácil, haverá resistência seja qual seja.
É tão óbvio que não há saída, senão a luta, nos multiplicarmos e ir a todos os lugares, conhecer as pessoas, as gentes, se misturar, nos fazer comuns, saber como as pessoas simples (sobre) vivem, sem intermediários para nos contar, nos tornar parte, não pensar em sermos condutores, mas sermos elos de uma resistência, uma contracorrente pela Humanidade.
Os nossos exemplos, a nossa dedicação tem que ter um propósito maior, que, sob minha ótica, é voltar a sermos solidários, pela reconstrução de sonhos, de uma utopia, em contradição ao momento em que a humanidade experimenta a barbárie de forma amplificada, essa é a hora da resposta.
Os gestos não são individuais, performáticos, mas de entrega, de renúncia ao que é mais fácil, que é simplesmente ignorar, nada fazer, cair no cinismo e na alienação, de aceitar que não se pode mudar o que a realidade impôs como inexorável.
É sonhar com o impossível, é ter destemor de que somos poucos, nada de fraquejar de que somos minoria, medo mesmo era de que fossemos maioria, de nos adaptar ao que se vive.
Pode parecer uma fala tola, pregação no deserto, entretanto foi o que encontrei para não sucumbir às minhas tragédias individuais.
Resistência!