‘Us and them
And after all we’re only ordinary men
Me and you
God only knows it’s not what we would choose to do”
(Us and Them – Richard Wright / Roger Waters)
A melhor característica da humanidade é a imperfeição.
É trágica a busca por algo não humano, a perfeição. Essa loucura para ser reconhecido (a) como “bom” (“boa”), em qualquer campo vira paranoia, distúrbios que levam a uma infelicidade constante, ou felicidade cada vez mais fugaz, nada basta.
Curtam nossa capacidade humana de fazer “merda” em tudo que se mete a fazer, isso é viver. Construir, desconstruir, dá novos rumos ao que foi tentando, sem se preocupar com os resultados extraordinários, que mudem a vida e o mundo, nem sempre para melhor.
Algumas figuras, bem raras, conseguem ser e fazer coisas absolutamente geniais, estas são exceções à regra geral, pois 99% de nós só têm uma certeza, a de que o dia seguinte será mais um dia de trabalho e luta pela sobrevivência, nada mais, nada menos.
Essa é a toada geral, então, a realidade é cinza, e como nos faz lembrar Goethe, toda teoria é cinza, verde e frondosa é árvore da vida. Ainda que lutemos e nos batamos por algo mais, são as relações mais simples, as que determinam a vida, sua reprodução e a do seu cotidiano infindável,
No meio de tantos contrastes, contradições, talvez o cinismo nos mantenha vivos, galantes, frívolos, sonhadores, loucos, poetas.
Ele é o que nos faz suportar a dura e massante crueza do mundo real. Em situações limítrofes ele ajuda a responder de forma surpreendente às mazelas do destino, numa quarentena, numa guerra, numa disputa política, num relacionamento.
A representação de pernonas que cada um assume, para se adequar ao mundo padronizado, cheio de leis, regras, convenções, costumes, ditames que nem se sabe qual a razão de se obedecer e seguir nessa linha. A transgressão ou a aparente aceitação, só é possível com doses certas do cinismo diário, de sobrevivência, nada espontâneo.
E assim, seguimos, ou não.