1587: Reverência

Dois gigantes de uma época, os reverencio desde cedo.

Por uma coincidência temporal, viver no mesmo espaço ou eventualmente encontrar, por absoluto acaso com grandes figuras de um época, é uma sorte única, para si, e algo corriqueiro para elas, a nós, nos toca profundamente, é razão para dividir com amigos, com conhecidos, quase uma conquista incrível, algumas são efetivamente inesquecíveis.

Estive no mesmo espaço com alguns personagens que são/eram referências para mim, nos mais diversos campos, por timidez ou orgulho, tentei ser indiferente, encarar como natural, talvez tenha perdido a chance de dizer a eles que os admirava, quem sabe repetir os chavões que eles estão cansados de ouvir, em suas trajetórias, como sempre acontece.

É meio desconcertante, muitas vezes paralisante, confesso, apenas olho e registro, muitas vez me arrependo de nada ter dito, ainda, repito, que para eles seja completamente indiferente quem seja o interlocutor, provável que jamais os veria de novo. São essas as circunstâncias mais constrangedoras que vivemos, ou não, pode ser um acontecimento maravilhoso.

Outra coisa que não faço, é fotografar ou sair em fotos, com figuras públicas, não vejo menor sentido, é uma intimidade inexistente, estranha, pode ser uma glória o registro, para mim, apenas um registro na maioria das vezes, sem nenhuma espontaneidade, um ato político, um marketing necessário da figura pública, prefiro apenas olhar, cumprimentar, se for o caso, ou não.

Sei lá porque, tive um estalo que não ficaria mais indiferente de alguém que admire muito, independente se serão por breves segundos, ou por algum momento maior, lhes direi o quanto significam para minha vida e como contribuíram para ser o que sou, mas sem forçar qualquer proximidade, que não existiria normalmente.

Outro dia, numa manifestação, encontrei Antônio Nóbrega, um amigo comum o abraçou e nos apresentou, não me fiz de rogado, abaixei-me, toquei seu pé, e o reverenciei, depois lhe disse: muito obrigado, por tudo o que o senhor representa para cultura brasileiro. Ele riu, deu um abraço caloroso, surpreso pelo gesto, lhe disse que na Índia,  tocar o pé é um sinal de grande respeito e admiração.

Somos o que somos, não precisamos de ídolos, adoração, eventualmente admirar e reverenciar algumas figuras, que não são as que estão em nossos cotidianos, aquelas que dão sentindo as nossas vidas.

 Save as PDF

Author: admin

Nascido em Bela Cruz (Ceará - Brasil), moro em São Paulo (São Paulo - Brasil) e Brasília (DF - Brasil) Advogado e Técnico em Telecomunicações. Autor do Livro - Crise 2.0: A Taxa de Lucro Reloaded.

Deixe uma resposta