“E eu, que tenho mais vida,
tenho menos liberdade?
É esta a minha paixão:
num feroz vulcão transfeito,
quisera arrancar do peito
pedaços do coração”.
(A Vida é Sonho – Pedro Calderón de la Barca)
As mesmas reflexões de antes, atormentam o dia de hoje, talvez o amanhã, porque nossa realidade não se altera, aliás, só para piorar. É claro que a realidade do mundo não tem a ver com o que se passa comigo, com as tragédias que tenho enfrentado, entretanto, o todo influência o particular, assim como minha tensão, determina a leitura do que acontece no planeta.
A vida continua sendo, para mim, uma coisa mágica, pois ela proporciona todas as potencialidades de viagens que dela se consegue ter: Desde os prazeres imensos, o conhecimento amplo, o amor, as coisas do mundo, as criações humanas/divinas, os encantos da natureza, da tecnologia.Uma gama incrível de coisas que apenas num piscar de olhos se enxerga e se vive.
Mas, ao mesmo tempo, a vida é um permanente dolor, os medos, as doenças, a fome e a miséria a luta pela sobrevivência, a extrema fragilidade do nosso corpo. Ou seja, o ser humano é dual em tudo e mais ainda em si mesmo, carregamos problemas e soluções, dos mais simples aos mais complexos, esta é a lógica mais dura que tentamos compreender no viver, nem sempre aceitamos, nos rebelamos, como o anjo que desafiou o criador, ou o Prometeu que rouba o fogo na inteligência.
As várias doenças, especialmente as da alma (ou dos sentimentos extremos acima expostos) são as que mais nos assustam nos dias atuais, pois a cura é incerta, uma série de fatores são levados em conta para combater estes males. A própria visão de mundo, de como se encara a realidade, sem dúvida, contribui decisivamente para que se saía de determinadas situações limites.
O que torna mais difícil, em cada uma dessas situações, é que não há fórmula pronta e acabada, uma droga ou conjunto de drogas que levem à cura, os problemas e a complexidade deles são questões íntimas, particulares, não dando chances a qualquer generalização, talvez uma aproximação de sentidos, ajudam, mas não garantem uma cura que liberte.
As dores e as doçuras da vida é que dão sentido à nossa existência, pois viver é sempre um ato de rebeldia. O importante é que devemos aprender a nos equilibrar entre os extremos, pessimismo versus o otimismo, o que, hoje, é uma tarefa cada vez mais complicada, pois as tensões sociais, políticas e comportamentais empurram para a ruptura a cada instante.
Muitos aspectos de nossos males e alegrias estão fora de nós, no entanto, dentro de nós pode ter a verdadeira resposta, a chave de como nos manter firmes diante dos opostos, daqueles que nos assombram, pois até a felicidade, dependendo do estado de espírito, pode ser dolorosa ou produzir uma “culpa”, algo como ser egoísta diante do sofrimento dos demais.
Apenas mais um dia de domingo que morre triste e melancólico.