1505: Do Caos à Luz, passando pela Terra.

Do caos à luz, passando pela terra.

“É um estranho repouso, este de dormir
De olhos abertos; de pé, falando e mexendo-me,
E dormindo, contudo” (A Tempestade – Shakespeare)

As viagens de metrô e trem, sem internet, têm sido um alento, é um momento em que não tem perturbações externas, então ouço músicas velhas, enquanto faço pequenos relatos, que podem virar um post de Facebook, ou um texto para alimentar o blog. São os 15 minutos de iluminação. É escrever sem “culpa” de que esteja perdendo tempo, nessa nova empreitada de trabalho e de novos compromissos.

Não, ninguém tem que sofrer ou prender-se ao sofrimento alheio. Nem mesmo manter vínculos com os que vivem suas microtragedias de suas vidas. As viagens iniciáticas são pessoais, não tem como terceirizar o que lhe é próprio. Apenas nós devemos passar pelo que passamos, para o bem ou para o mal, são caminhadas, descidas e subidas, individuais, solitárias, reflexivas.

As fragilidades de nossa delicada existência assustam, pois, lá no fundo, somos quase indefesos, e o que nos remete a pensar que é um quase mistério nossa aventura na terra, de como surgimos, diante do tremendo equilíbrio necessário para que haja o sopro da vida, que de tão leve, se esvair no ar, somos um segundo diante dos bilhões de anos de transformações moleculares.

E tudo que era sólido, se dissipa ao vento, como nossos anelos, como nos lembra o bardo inglês, é a sentença mais válida sobre a existência humana.

Todas essas reflexões que tenho feito, acerca de nosso tempo-terra, sempre é uma busca de entendimento de qual o nosso papel, o que a humanidade tem de especial e, ao mesmo tempo, de terrível. Essa dualidade que, no final, sintetiza o que efetivamente somos, o duplo que convive em cada um de nós, que aflora um ou outro, dependendo da época e dos sentidos, valores dominantes.

O ser humano tem a incrível capacidade/inteligência de gestos nobres, por exemplo, de viver e amar o outro, sem nenhuma paga ou recompensa. Mas, no instante seguinte, no limite, nos matar por absolutamente nada. O que se deduz de que somos anjos e demônios, ao mesmo tempo, o que nos torna simplesmente humanos, de carne e osso, com qualidades e defeitos, temos nos aceitar.

O que nos leva à outra conclusão, que as sintonias, ou melhor, a predominância de um ou de outro ser, que vive em nós, quando coletivamente exposto, aquela tendência mais propensa, potencializa grandes causas e realizações, ou grande tragédias, porque nós não nos bastamos individualmente, queremos influenciar os demais, pois a síntese, é, em última análise, coletiva.

A atual batida, os ventos, são retrógrados, o pior de todos os nós, se somou e produziu um novo momento destrutivo, de uma ruptura tão radical e negativa, que pode nos levar à destruição total. Uma repetição de épocas, nada estranho ao que já vivemos no passado, mas parece mais absurdo porque nunca experimentamos tantos avanços tecnológicos, científicos, filosóficos, mas que se reduziu, pior, se ajoelha diante da burrice dos incultos.

Entretanto, acredito, que do caos, virá a luz, a nova síntese, por dentro e por fora, virá, em algum momento, bem próximo, uma outra onda, vai substituir a vergonha alheia atual.

É quase uma profissão de fé.

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Author: admin

Nascido em Bela Cruz (Ceará - Brasil), moro em São Paulo (São Paulo - Brasil) e Brasília (DF - Brasil) Advogado e Técnico em Telecomunicações. Autor do Livro - Crise 2.0: A Taxa de Lucro Reloaded.

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