As pesquisas começam a apontar para um acirramento político, com características muito parecidas com as eleições de 1989. Com um risco claro de que haja um engajamento enorme, tanto à Direita com à Esquerda, de votos definitivos, uteis (sic), que levaria a uma vitória no primeiro turno, de qualquer um dos dois lados, Haddad ou do inominável.
Essa disputa mano a mano, parece desidratar Marina e Alckmin, de forma irresistível, e impedir crescimento de Amoedo, com a migração de seus eleitores rumo ao Inominável, em sua maioria, por “medo do PT”, o resquício da campanha difamatória dos últimos anos, claro, pelos erros de seus governos.
Esses eleitores, identificados com a Direita e Centro, apenas uma parte pequena, vai rumo à candidatura Haddad, não com convicção, mas por saber do risco de ruptura institucional de uma candidatura do Inominável e as aberrações proferidas por ele e seu vice, as ameaças de não respeitar os resultados eleitorais ou simplesmente rasgar o que sobrou da Constituição.
No campo de centro-esquerda, Haddad se distancia de Ciro, a curva de crescimento de Ciro parou, mas não houve, ainda, o mesmo fenômeno de esvaziamento, como dos candidato de Centro-Direita (Marina, Alckmin e Amoedo). Detecta-se, especialmente nas redes sociais, uma volta de eleitores do PT que tinham declarado voto em Ciro, devido o impasse do lançamento de Haddad e da incerteza de sua viabilidade.
O risco de que a eleição se decida no primeiro turno, de forma puramente emocional, ou melhor, irracional, no caso do Inominável, será o enorme prejuízo politico de não se discutir efetivamente os programas e as perspectivas para o Brasil.
O que facilita o trabalho da extrema-direita, pois não precisa explicar nada, é só a contraposição ao PT, à esquerda, o “comunismo”, a URSAL, esse anti-petismo primário que não diz nada, que, inclusive, não ajuda na necessária crítica, em apontar os erros que cometeu nos seus governos.
É o que se vislumbra, um embate entre Civilização x Barbárie, o que vai além de ser apenas uma disputa eleitoral qualquer.
A PREÇOS DE HOJE, não há porque temer uma vitória de Bolsonaro no primeiro turno. Seu crescimento é lento – em um mês, oito pontos em uma pesquisa com margem de erro de 2%. Já o de Haddad retrata que a transferência de votos de Lula ainda não acabou. Pesquisas com um dia de diferença têm mostrado crescimento vertiginoso que, se não é infinito, ainda não sinalizou sua assíntota, ao menos, não neste momento.
Por mais que seja algo preocupante, o histórico das eleições presidenciais – muito mais inercial que as regionais – bem como a atipicidade do candidato de Lula – que não é candidato porque não deixaram – deixa a incógnita sobre a transmissão de votos Lula-Haddad.
A distância de Bolsonaro para o segundo turno é de cerca de 22% – constante há cerca de um mês. Isso significa que, tanto os votos em Bolsonaro quanto os votos em Haddad estão vindo dos votos outrora “inválidos”, sendo que a dos votos válidos têm se anulado. Para que Bolsonaro ganhasse no primeiro turno, precisaria ganhar 11% em duas semanas, algo que parece improvável, principalmente no cenário em que Haddad ainda não alcançou a assíntota.
Também é bom lembrar que Lula e Dilma sempre figuraram ao redor de 40% dos votos nas quatro eleições e nunca ganharam no primeiro turno. Bolsonaro apenas agora flerta com os 30%, e seu crescimento está longe de ser vertiginoso.