O ataque ao candidato inominável pode ter o efeito de estabilizar sua porcentagem nas pesquisas, sem lhe acrescentar grande proporção de votos, que lhe permita avançar perigosamente a uma vitória, por uma razão bem simples, ele sempre se identifica com a violência, portanto, a comoção do ataque se dissipa na própria figura, não gera uma “onda” maior que possa capitalizar, mas o garante numa situação de ir ao segundo turno.
Conversando com um camarada, Ricardo Queiroz, chegamos a uma conclusão sobre o que seria Ciro, hoje:
Provavelmente terá um papel como o que teve Teotônio Vilela na transição da Ditadura. Alguém que é da elite, mas que pode ser fiador de uma transição e que pode ajudar a impedir uma ruptura mais radical.
Do ponto de vista eleitoral. Ciro, não poderá mais acenar à Direita, uma inflexão que tentou no início, mas pode receber parte do espólio dela, a depender da pindaíba que a candidatura Alckmin enfrentará, se confirmada a estabilidade do “Capetão Cueca”, não sobrará espaço para o tucano.
Dificilmente Haddad receberá apoio dos que abandonarem Alckmin, Lula receberia fácil por ter bom trânsito e ter governado com parte dele. Então, por exclusão, Ciro ou Marina, estariam na “fita”. O que se percebe é que Ciro tem muito mais a oferecer do que ela, mais preparado, mais estrutura, mais conhecimento e mais capacidade de discutir soluções.
Por outro lado, há o fator Lula, qual a proporção de transferência de votos levará ao candidato Haddad, como se dará esse fenômeno, mas sem ter uma certeza mais concreta, é esse o cenário que se desenha, é Ciro se sobressaindo nesse momento da campanha.
Podemos estar diante de uma repetição de 1989, em que um candidato de extrema-direita, Collor, se consolidou e garantiu uma vaga no Segundo turno. Na outra ponta Lula, Brizola e Covas disputaram a segunda vaga, no final Lula e Brizola. No sprint final, PT tinha mais base e venceu. Agora, a diferença, é que, se a candidatura Alckmin, se desintegrar, o que é uma tendência, Ciro terá mais músculos e chances de ir ao 2º Turno.
De todo modo, para um cenário horroroso de 6 meses atrás, estamos diante de uma ótima perspectiva de disputa, com ótimas chances de que um candidato de centro-esquerda faça frente à extrema-direita.
Esse é um cenário, para esse momento, com os dados que temos acesso, com as pesquisas e o sentimento do que se ouve nas ruas.