“Não há nada como o sonho para criar o futuro.
Utopia hoje, carne e osso amanhã.” (Victor Hugo)
A história da humanidade, em todas as épocas, mostra a necessidade de líderes especiais, aqueles seres geniais, quase mitológicos, os representantes de Deus ou dos deuses na terra, que, em regra, leva um povo, uma nação, para atravessar um deserto, ou um mar, no caminho da terra prometida. Vencem guerras, conquistam territórios, ou defendem os seu, diante de um invasor, se tornam reis, imperadores ou presidentes.
Essa lógica de pensar e agir, deveria ser rompida pelos militantes libertários, socialistas, comunistas ou anarquistas, que não aceitariam as autoridades, ou conceber líderes geniais, para lhes dizer o que fazer ou como fazer. Sabemos que essa ruptura nunca se deu, nem mesmo nos períodos de rupturas, a dependência de lideranças, ou de um líder único, acabou prevalecendo, ainda que o “partido” funcionasse como perspectiva coletiva, para mitigar o poder unipessoal ou de um grupo.
Essas conclusões gerais, cabem ao momento complexo do mundo, em particular no Brasil. A ruptura histórica que estamos vivenciando não deve ser vista como Novidade, ou a primeira, muito menos a última. Mas, nesses instantes especiais, são os que nos permite experimentar o Novo, sem medo de errar, pois tudo está em queda mesmo, o que temos a temer? Nada a perder, tudo a ganhar.
Percebe-se aos olhos nus, um processo complexo de desagregação geral, instituições, poderes, lideranças, organizações, quase tudo, enfim. Sem sermos apocalíptico, mas entendendo essa profunda mudança que estamos experimentando, as certezas e verdades definitivas são questionadas, apenas pequenos espaços de afirmações e perspectivas, quase um facho de luz na escuridão, pode e deve se abrir, mas precisamos estar atentos para captar o porvir.
A práxis humana se altera completamente, quando há um questionamento geral ao que está estabelecido, a priori. Pode-se ficar cético, cínico, indiferente, mas não imune, ao que se passa nessa vaga histórica, esse hiato dos últimos dez anos, com a maior crise do Kapital, desde 1929.
As atitudes nem sempre parecerão coerentes, mas há uma enorme chance de se criar algo inovador, para vida, individual e/ou coletiva. As grandes verdades estão ruindo, o que se imporá, no meio conceito, será as experiências de pequenos e decisivos coletivos, por temas, por interesses, demandas, mas profundamente identificados com a ruptura anticapitalista.
As grandes “direções” se romperam nesse processo, uma nova pode surgir, sob novas bases e naturalmente será mais fragmentada, multicultural, rica e generosa. Mais paciente e mais tolerante, os 99% precisam acreditar em si, individualmente, para se afirmar coletivamente, nos pequenos círculos, que somados, serão maioria social e política.
É filosofia, não profissão de fé que nos libertará. A utopia ressurgirá, ou a humanidade (humanismo), sumirá desse planeta.
“Que é a vida? Um frenesi.
Que é a vida? Uma ilusão,
uma sombra, uma ficção;
o maior bem é tristonho,
porque toda A vida é sonho,
e os sonhos, sonhos são”.
(A Vida É Sonho, Pedro Calderón de La Barca)
Le Vent – Transylvania
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