“O que se tem, é tudo que se precisa” ( Zen budismo)
Bem, a Saudade é sempre de algo que não existe mais, na melhor das hipóteses de alguma coisa que não ocorrerá de novo com a mesma intensidade.
Assim, sentimos falta (saudade) de algo que não voltará e nos causa uma dor, não qualificável, muitas vezes intangível, uma lacuna na alma, dos sentimentos mais profundos e estranhos, um quase labirinto em que nos perdemos e não teremos o fio de Ariadne para nos salvar e só nos restará ficar à mercê do “monstro” (a saudade).
Desejo muito voltar a escrever de forma menos taxativa, definitiva sobre qualquer sentimento, mas não tem sido simples, a crueza das palavras, em verdade, acaba produzindo um distanciamento das pessoas, pois, corretamente, a maioria de nós quer ler algo que torne a vida mais leve, feliz, mesmo que seja apenas uma doce ilusão.
Desafortunadamente, ao contrário do que desejamos, a vida não é bela, não é rosa ou azul, ela é o que é, portanto, cinza, incolor (mais uma patada).
Por toda minha trajetória de vida, não fui muito dado a qualquer tipo de pessimismo, ou visão negativa dos processos, entretanto, tenho que reconhecer que as lambadas recebidas nos últimos anos, não pude ignorar ou até construir uma realidade paralela, pois isso não se sustentaria nem por um dia que seja, tudo o que vierá, é o que tem para o momento, então, melhor encarar e aguentar as pancadas, quem sabe nos tornamos mais humanos.
Acabamos nos despindo de todas as vaidades, de tudo aquilo que não tem qualquer valor, melhor, aprendemos a entender o valor das coisas.
Com o tempo vamos nos adaptando à realidade, quem sabe extrair alguma poesia, pois as já vi brotar flores em paredes de concreto, suavizando a paisagem. Dura rocha, já tenho no nome, agora é descobrir onde plantar as rosas, vê-las nascer, crescer, sentir o seu perfume e sorrir.
Aqueles que suportarem o tranco e o humor (mau, por enquanto), continuarão a vir olhar e brindar o bom da vida, independente do momento.
Querido Arnobio, o conheci há pouco tempo. Mas o suficiente para lhe dizer que tenho aprendido muito com a nossa convivência. Um tanto pela oportunidade das conversas, afinidades e a descoberta de amigos em comuns que descobrimos que temos. Mas bastante também por observar as provações pelas quais tem passado.
Sou atento também pela facilidade com que aborda temas, os mais variados, sempre com muita propriedade.
Mesmo quando fala da sua dor, que penso, só não é mais insuportável, porque você msis uma vez se supera.
E escrevendo mostra com a bela ilustração o único caminho possivel para tanto sofrimento.
Uma linda flor nascendo da dureza do asfalto. É é assim mesmo. A dor que ainda parece insuportável vai se transformando em um aroma, uma luz, um calor muito agradável que gradualmente vai ocupando em seu coração e mente e que nunca você vai esquecer.
Mas este caminho só você é os seus é que encaminharão.
Grande Ítalo Cardoso (que não é pai da Juliana),
Meu amigo, muito obrigado, pela palavras, sua generosidade comigo. Nessas horas mais duras, aparecem grandes amigos, que dividem nossas dores, são solidários.
Grande abraço, meu irmão.