“Vai meu coração ouve a razão
Usa só sinceridade
Quem semeia vento, diz a razão
Colhe sempre tempestade” ( A Insensatez – Tom Jobim)
É para ser apenas mais uma modorrenta segunda-feira, um daqueles dias em que o ânimo fica dez andares abaixo do Zero, em que parece que o tudo e o nada, são a mesma coisa. Escrever é mais que um ato de fé, é uma obrigação, uma imposição da alma, para que depois renasça uma pequena fé na humanidade em mim, pois não está fácil mesmo, as últimas semanas têm sido pródigas em revelar o lado mais escuro do “outro lado da lua”.
Ademais, depois de um final de semana medonho, iniciado num sábado de “FINADOS” (não, não foi o domingo, 02 de novembro) o dia deles), os mortos-vivos sociais e os zumbis das redes sociais se levantaram de suas covas (sofás e poltronas) e foram relinchar na Avenida Paulista pedindo “Liberdade”, para isto exigem uma Ditadura Militar. Cartazes com “Imprensa Livre” lado a lado com “Intervenção Militar, já!”. Amigos, isto não é piada ou jogo de sete erros, parece uma onda de estupidez que nos assola nestes tempos difíceis.
Uma semana depois de milhões irem às urnas (mais de 110 milhões de brasileiros), uma festa democrática, disputada, acirrada, mas com decisão clara e inequívoca, um punhado de celerados resolve mostrar ao mundo que a democracia só presta quando seus candidatos ganham, quando perdem é porque há uma “ditadura bolivariana”, seja lá o que diabo isto possa significar. Estas mentes doentias, que contaminam o país com seus ódios e frustrações, contam com o apoio de figuras tristes como FHC, Gilmar Mendes, entre outros, que se “recusam a aceitar a vontade da maioria”, muitos menos querem o diálogo pelo Brasil.
Este tipo de marcha do desespero nos parece ser algo de caso pensado, insuflados por forças extremistas vindas de fora do Brasil, no mesmo estilo e ventos que sopraram na Ucrânia, por exemplo, que só se contentaram com a queda de um governo eleito, derrubado pela força e imposto uma nova conjuntura dominada por neonazistas, apoiados pelos EUA. A tal da “Liberdade” da Praça Maiden (em Kiev, Capital da Ucrânia) é a liberdade dos trogloditas, da ultra direita, da divisão do país, dos extremistas, do simulacro de democracia, que dividiu e abalou um país inteiro. É isto que querem estes “democratas” que pedem uma Ditadura Militar?
A “loucura tem um método”, a aparente confusão de bandeiras em que pedem liberdade e ao mesmo tempo Ditadura, ou que falam de “liberdade imprensa” e “intervenção militar”, serve exatamente para isto mesmo, causar confusão. As ações nas redes sociais, notadamente no Facebook, são marcadas por embustes e falsificações, como criar páginas falsas, montagens grosseiras de boletins de urnas, por exemplo, ou coisas doentias como criar manchetes inexistentes de portais verdadeiros, tudo para confundir, crias revoltas e manter um nível de beligerância permanente.
A verdade é um mero detalhe, pois eles contam com a pouca vontade de se investigar se tal fato é falso ou verdadeiro, a cultura é “compartilhar” qualquer coisa em que concordam, mesmo que seja mentira. Nada se sustentaria, sem esta pouca capacidade crítica, isto vai de gente com curso superior, com pós-graduação, mestres e doutores, até o mais simples cidadão que mal fez o primeiro grau.
Recebi algumas mensagens em que havia este amplo espectro, o que há de comum entre eles: nenhuma vontade de pensar, de verificar se o que estão repassando é verdadeiro, se o que estão espalhando destruirá pessoas, vidas, instituições. Quem os manipula sabe que não encontram resistência ou desconfiança de que são manipulados, aceitam tranquilamente, pois o que os domina é o ódio, não a razão.
Vamos recomeçar mais uma semana, sob choque, um ar de tristeza, mas sem perder as esperanças de que esta onda “Walking Dead” vai se dissipar e, quem sabe, voltaremos a sorrir.
Insensatez – Tom Jobim
[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=PHIe9B5plDI[/youtube]
Eu devo ter ficado muito irresponsável e porraloca depois de velha, porque só consegui rir desse troço de marcha com 1.000 pingados…
” o que há de comum entre eles: nenhuma vontade de pensar, de verificar se o que estão repassando é verdadeiro, se o que estão espalhando destruirá pessoas, vidas, instituições”
Sua matéria vem ao encontro do video que o CheZeGuevara postou hoje… Estamos penetrando o mundo semiótico, patamar do subliminar, portal do escancarado.
“Quem os manipula sabe que não encontram resistência ou desconfiança de que são manipulados, aceitam tranquilamente, pois o que os domina é o ódio, não a razão.”
E por tanto, te agradeço uma vez mais, milhões de vezes te agradecerei, ainda, hermano.
Grande abraço.