“Sim bem primeiro nasceu Caos, depois também
Terra de amplo seio” ( Teogonia – Hesíodo)
Nos últimos dias escrevi três artigos sobre a questão da manifestações “espontâneas” no Brasil e no mundo, ou como dizem a tal tática BB( Que a Morte não nos Leve ao CAOS. , A Internet e as Liberdades. e A Extrema-esquerda e a Mídia.). Nas três matéria procuro verificar a relação macabra da extrema-esquerda e mídia burguesa, que juntas celebram o seu ódio ao Governo Dilma numa ação sórdida e golpista. As justas reinvidicações foram transformadas em plataforma golpista sem a menor cerimônia, em que tudo ia bem até aparecer o corpo de um cinegrafista.
Desde o evento da morte de Santiago de Andrade, podemos notar que houve uma inflexão, nomeadamente a Globo procurou se dissociar dos manifestantes que ela glorificou no ano passado, em particular da face mais visível da extrema-esquerda, o Psol. Mas a mídia é ardilosa, não irá largar completamente seu braço de rua e irá usar no momento certo, agindo mais na sombra, dando espaço generoso aos golpistas e não desmentindo aos absurdos publicados na redes sociais pelo ativismo atávico.
O caminho do CAOS e da violência parece ser decisão comum em três países: Tailândia, Ucrânia e Venezuela. Os governos de Tailândia e Ucrânia estão por um fio, cada dia que passa as manifestações são mais violentas e com mais mortes, apenas ontem, 18 de fevereiro, houve 25 mortos em Kiev, capital da Ucrânia. O presidente Viktor Yanukovich está cercado, as forças militares ainda são leais, mas ganha impulso o surto golpista, com saída fascista, com brigadas identificadas com eles. Alemanha e França retiraram apoio ao governo da Ucrânia, que é próximo ao governo russo, o EUA fingem distância, com declarações vagas “Estamos consternados pela violência que está acontecendo no centro de Kiev e pelos relatórios da polícia armada antidistúrbios ao redor da praça Maidan”, diz ainda o comunicado enviado à agência Efe por Laura Lucas, uma das porta-vozes do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca. (Uol, 19/02/2014).
Mas quem está por trás e sustenta três meses de combate sem trégua na Ucrânia, no meio de intenso inverno? Como a situação degringolou depois que o Yanukovich não deu passo definitivo rumo à UE? A influência russa é clara, ofereceu ajuda à Ucrânia desde que ela não assinasse compromissos com a UE, depois disto explodiu a revolta “espontânea”, os protestos se transformaram numa tentativa de derrubada do governo, lideradara por grupos neofascistas. Num artigo no The Guardian, republicado na Folha de S Paulo em 30/01/2014( Crise na Ucrâniaa), o jornalista britânico, Seumas Milne descreve os protestos da Ucrânia e diz, entre outras coisas que “a maior parte do que vem sendo reportado pela mídia, não revela o fato de que nacionalistas e fascistas de extrema-direita estão ao cerne dos protestos e nos ataques lançados contra os prédios governamentais” .
O Senador John McCain, ex-candidato republicano à presidência dos EUA, em visita à Ucrânia dividiu palanque com Svoboda, um dos líderes dos protestos, que por mero acaso chefia um agrupamento de extrema-direita antissemita e que diz que a Ucrânia é dirigida pelo consórcio feito pela “máfia judáico-moscovita”. Porém um grupo ainda mais radical de extrema-direita, chamado “Setor de Direita” prega uma guerra de guerrilha prolongada até a queda final do governo de Yanukovich, que foi eleito democraticamente com vistoria inclusive da UE.
Infelizmente não assistimos uma “tática” espontânea de enfrentamento ao Kapital, na verdade o que presenciamos é a Tática do CAOS, aplicada no Egito, Ucrânia agora coreografada na Venezuela, não é uma mera coincidência, há sim uma lógica por trás, um planejamento, subestimar os fatos no desarmará, lamentaremos profundamente. Basta ver a “guerra ideológica” na rede, com falsificação de imagens, para criar um clima de a Venezuela virou um CAOS, será diferente no Brasil? Alguns companheiros insistem em ignorar a realidade, com se tudo não passasse de um temor tolo, de governismo, chapa-branca, ou qualquer coisa que o valha. Muitos se negam a verificar as evidências de que não é normal esta “tática espontânea”.
Outros, cínicos, raciocinam igualmente à direita e dizem que o temor do petismo é por não “controlar” o movimento, já repeti o que penso, não tem conversa com BBs, cyberativismo anônimo, qualquer coisa do tipo, pois não lutamos contra a ditadura para nos esconder,sim para disputar politicamente, de cara limpa.
Mas qual a legitimidade do governo “tentar” controlar as manifestações?