1029: A Extrema-esquerda e a Mídia.

Deputado Estadual do RJ, PSOL, Marcelo Freixo, sob ataque da mídia.
Deputado Estadual do RJ, PSOL, Marcelo Freixo, sob ataque da mídia.

Justa, justíssima a indignação do PSOL com a Globo, por envolver o Deputado Marcelo Freixo com a morte do cinegrafista Santiago Andrade, vítima de um rojão, na manifestação contra o aumento de passagens na cidade do Rio de Janeiro, que mais uma vez foi dominada pelos BBs. É fato que o Deputado não tem vinculações orgânicas com a tal “organização” que ora é tática, ora é grupo, mas que atua de forma tão estrutura, preparada que não tem com ser algo assim tão espontâneo, impossível acreditar neste folclore, mas este é outro assunto. Mas também é fato que o PSOL e o Deputado em nenhum procuraram se distanciar e condenar os BBs de forma categórica.

Voltemos à indignação do Deputado Marcelo Freixo e do seu partido, o PSOL, recentemente num “diálogo” com o deputado, o questionei por que escrevia para o “Brasil Post”, um órgão que une o Grupo Abril ( leia-se, Revista Veja e Exame, a dupla VExame) ao descolado “Huffington Post”, ele respondeu que eu deveria ler o que ele escrevera, que criticasse o seu texto. Insisti que não daria audiência a nenhum órgão com vínculos com a publicação mais odiosa do Brasil, aquele panfleto marrom. Mas o deputado se irritava e Mandava (isto mesmo, no imperativo) que eu lesse o artigo. Por fim concedeu, disse que escrevia para Veja porque tinha “total liberdade” para falar.

Nem adianta dizer que a tal “total liberdade” circunscreve-se a esculhambar o PT e o Governo Dilma, qualquer coisa além disto não publicarão, aliás, é difícil encontrar um texto do PSOL que não seja apenas para desancar o Governo do PT, alinhando-se sempre com as posições mais conservadoras, vide votação da CPMF em que a então líder do PSOL, Helóisa Helena, se confraterniza com PSDB e DEM comemorando a queda daquela contribuição fundamental para Saúde, principalmente dos mais pobres, bem, o foco deles nunca foi o povo. Nem precisamos recuar as CPIs e as atuações do PSOL como inquisidores cruéis aos seus antigos companheiros, ou lembrar-se da ampla solidariedade entre Senador Randolfe (PSOL) e Demóstenes Torres, em plena denúncia de suas relações com Carlinhos Cachoeira.

O Deputado Chico Alencar e seu livre trânsito na grande mídia, sempre pronto para colaborar com palavras ácidas anti-petista, ou a comemoração do PSOL quando da condenação dos dirigentes do PT no processo do Mensalão, em que serviu de linha auxiliar, mais uma vez, aos interesses da grande mídia. Jamais questionaram o processo, o método de ataques constantes e direto ao governo do PT, ao contrário sempre que chamados colaboravam com artigos nos jornais e revistas, além de entrevistas em rádios e TVs, na mesma linha editorial imposta pela mídia, sem diferenciar, mostrar que têm outra posição, não, nunca procuraram se distanciar do massacre midiático e o cerco covarde ao governo e ao PT.

Mas eis que agora, o PSOL, seus deputados, se demonstram indignados, são perseguidos “sem provas”, por ilações, dedurados por gente sem escrúpulos, como o “advogado da milícia”, de que a mídia não os ouve, não deu chances de mostrar o outro lado. Tudo é verdade, não mais que a verdade, sou solidário aos companheiros, pena que eles nunca foram conosco, nestes anos todos, sempre estiveram à disposição desta mesma mídia mentirosa. Agora sentem o veneno de ter que se defender de acusações forjadas por gente de pouco crédito, que não têm a menor ética ou compromisso com a verdade, é terrível, né, companheiros? Como é covarde ser caluniado por pessoas vis, sem direito a mostrar o outro lado.

O PSOL verá minguar a presença dos seus deputados na Globo, principalmente nela, exceto se for para atacar o governo, pois não acredito que o PSOL mude uma vírgula de sua atuação, nem mesmo sob ataque midiático, continuará vendo o PT como inimigo de classe, que a tarefa é derrotar o governo, não importa se quem ganhe seja a extrema-direita ou a Direita, importante é acabar com o petismo. Mas, pelo menos, de alguma coisa serviu este momento, para alguns, acredito que perceberam que a mídia usou o PSOL e agora o descarta, entretanto o PSOL que teve espaço na mídia, não construiu uma linha alternativa, não se diferenciou em nada da oposição de direita, fica a lição. Ao contrário do PSOL, continuarei solidário a Esquerda, mesmo a eles que preferem a aliança burguesa conservadora para tentar derrubar o governo.

A pergunta que não quer calar: Será que Chico Alencar ainda vai tomar chá das cinco com o Imor(t)al, Merval?

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Author: admin

Nascido em Bela Cruz (Ceará - Brasil), moro em São Paulo (São Paulo - Brasil) e Brasília (DF - Brasil) Advogado e Técnico em Telecomunicações. Autor do Livro - Crise 2.0: A Taxa de Lucro Reloaded.

5 thoughts on “1029: A Extrema-esquerda e a Mídia.

  1. Logo após aquela manchete no G1 contra Freixo, comentei no tuíter que aquilo era uma indecência. Mas lembrei da sabedoria popular quando diz que “o excesso de esperteza come o dono”. E lembrei tb de que ‘quem planta, colhe…’.

    Freixo e o Psol colhem o que plantaram, embora devam ter nossa solidariedade contra o jornalismo sujo da Globo. Freixo e demais cardeais do partido sempre se posicionaram de forma ambígua, surfando na maré dos protestos contra Cabral (que no fundo eram contra Dilma e o PT), tentando ganhar de todos os lados. Suas melífluas palavras de ordem sempre soaram como música aos ouvidos globais. O reino do bom-mocismo, tão ao gosto de certa classe média ‘moderninha’.. O sonho acabou, entretanto, mesmo com esse mais que surpreendente direito de resposta.

    Antes de se bandearem do PT, eu, mesmo não sendo petista, via naqueles militantes, embora barulhentos e, não raro, delirantes, a garantia de que o partido não se renderia aos imperativos da ‘ordem’ e à tentação de garantir para a nomenklatura, mais e mais, os espaços conquistados. Ou seja, pra mim, eram como um sopro de ar fresco, os necessários grilos falantes a impedir a acomodação. Aí, disputaram democraticamente um espaço no partido e perderam. E como aqueles meninos mimados, saíram batendo o pé, ‘assim não brinco mais’. Uma decepção pra mim, não esperava atitude tão oportunista. E perdi o respeito por eles, inclusive por Ivan Valente, que deles todos é de quem mais conhecia o trabalho.

    Embora aqui em Mogi das Cruzes onde moro o pessoal psolista não tenha esse ranço de verdadeiro ódio do ex-partido, são estreitos politicamente, mas sinceros na atuação prática, entendo que quem dá o mote e tom nacional são seus ‘donos’ do Rio. E é desse Psol que não dá para esperar nada além do que já fazem. Particularmente, ao analisar a conjuntura política nacional, esse partido não conta, e continuará não contando.

    Parabéns pelo texto/desabafo, Arnóbio. Escrito no olho do furacão, não perdeu o foco em nenhum momento. A pressa era tanta que nem tempo deu para uma releitura, mas isso não conta neste momento. Creio que Marinilda tenha razão: talvez não se deva condenar categoricamente o pessoal de lá. Desnecessário e pura perda de tempo. Para mim esse pessoal enquanto partido sempre foi irrelevante, embora entenda a reação dos militantes petistas com seus ex-companheiros, especialmente depois da farsa do mensalão. Desse sentimento estou livre, nunca fui do partido, e essa relação de amor e ódio que as querelas partidárias fizeram/fazem aflorar não são boas conselheiras para a análise da realidade e a ação política.

    Abraço fraterno e a admiração de sempre.

    cid cancer (desde o alto tietê cabeceiras)

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