Desde 2011, quando iniciei as análises sobre a Economia Mundial, aqui no blog, dentro da série sobre a Crise 2.0, tenho publicado nesta época os cenários e previsões sobre a Economia e, neste particular, sobre a Crise que assola o mundo desde 2005, quando os EUA chegaram aos melhores índices históricos de seus dados econômicos, o pico de superprodução, que apontava os maiores salários e a maior valorização dos ativos das empresas e dos grandes bancos, uma preparação para a grande queda, vista a olhos nus em 2008.
Ano a ano, os organismos internacionais, como FMI, OCDE e Banco Mundial, preparam suas apresentações anuais dos caminhos que o conjunto das economias dos países e blocos irá percorrer nos anos seguintes, depois faz as devidas revisões nos intervalos dos trimestres, estes ajustes acabam revelando, pelo menos nestes últimos anos, os erros, ou seriam os desejos não realizados, destes cenários. Muitas vezes, estas previsões, chegam a nos lembrar das metas corporativas, sempre tão ousadas e/ou fora da realidade, estes organismos seguem o mesmo padrão, dos papers empresariais, depois ficam justificando seus erros.
Este ano tratemos dos recentes dados do FMI que refez os dados de 2013 e ajustou os de 2014, numa tabela comparativa em que se verifica o que está por vir, na visão do FMI:
Aqui os ajustes parecem pequenos e as explicações longas, como nos informa o site português, jornal de negócios, que diz que “Durante os últimos anos, os países emergentes representaram a principal fonte de optimismo em relação à economia mundial. No entanto, terminados os picos de crescimento cíclico em estados como a China, as perspectivas são agora mundo mais sombrias. O World Economic Outlook (WEO) publicado esta terça-feira pelo FMI mantém as previsões de crescimento nas economias avançadas, mas revê em baixa as perspectivas para os países em desenvolvimento”.
Depois vai descendo um pouco mais as análises, pois “Segundo o documento, os mercados emergentes deverão crescer 4,5% e 5,1% em 2013 e 2014, menos 0,5 e 0,4 pontos percentuais, respectivamente, face às estimativas anteriores. O resultado é uma revisão em baixa das previsões para a economia mundial, que o FMI espera agora que cresça 2,9% este ano e 3,6% no próximo. Menos 0,3 e 0,2 pontos que no WEO anterior. “A economia mundial está em marcha lenta. As fontes de actividade estão a mudar e os riscos negativos persistem”, pode ler-se no WEO. “China e um número cada vez maior de mercados emergentes estão a sair de picos cíclicos. As suas taxas de crescimento projectadas continuam a ser muito superiores às das economias avançadas, mas abaixo dos níveis elevados observados nos últimos anos, por motivos cíclicos e estruturais.” Já as economias avançadas vêem as suas previsões de crescimento manterem-se nos 1,2% e 2% para 2013 e 2014, com revisões em baixa nos Estados Unidos (-0,1 e -0,2 pontos percentuais) e uma ligeira revisão em alta na Zona Euro para este ano (0,1)”.
Como estes números ainda se referem ao 3Q2013 é bem certo que teremos um corte maior sobre a previsão dos EUA, em função das semanas paralisadas do Estado pelo não acordo orçamentário, que apenas naqueles dias teve uma perda de 0.15 % do PIB, com uma perspectiva ainda ruim de um novo round da luta em fevereiro de 2014. Portanto, os fechamentos dos dados, mais próximos da realidade de 2014 sairão apenas em janeiro ou fevereiro de 2014.
A prova disto são a informações do relatório da OCDE que já se refletiu os acontecimentos dos EUA e reviu o crescimento de 2013 para 2,7% em oposição ao 2,9% do FMI, entretanto manteve os mesmos números de crescimento para 2014, coincidindo com os 3,6% que também apontou o FMI. No jornal Valor Econômico, do Brasil, em 19 de Novembro, mostra as revisões gerais da OCDE. O cenário é mais sombrio do que o do FMI, pelo menos na apresentação do relatório e vai direto ao centro da questão: “A maioria das economias emergentes apresenta fragilidades subjacentes, o que significa que eles não podem continuar crescendo como antes”, afirmou o economista-chefe da OCDE, Pier Carlo Padoan em entrevista. “Eles costumavam ser um motor importante para o crescimento global nos tempos ruins. Agora, acontece o inverso e não podemos dizer que as economias avançadas estejam de novo em tempos muito bons.”
As menores perspectivas de crescimento sublinham quão vulnerável a economia global permanece, cinco anos após o colapso do Lehman Brothers. A zona do euro saiu de uma recessão, mas a OCDE recomenda ao Banco Central Europeu (BCE) procurar formas de afrouxar ainda mais sua política monetária e aconselha o Federal Reserve a manter a atual postura por algum tempo antes de começar a reduzir os estímulos monetários.
“O Fed está em uma posição muito difícil”, disse Padoan. “Muitos ficaram surpresos com a enorme reação quando a discussão sobre a retirada dos estímulos foi introduzida. O Fed tem de voltar a avaliar as reações do mercado e isso torna mais difícil decidir quando apertar a liquidez. Mas isso vai ter de acontecer em algum momento.”
Depois, como nos informa o Valor Econômico, segue as principais mudanças das avaliações de 2012 feitas pela OCDE sobre a Economia Mundial em 2013 e 2014, agora, com o seguinte cenário:
Corte de previsões
“No relatório divulgado hoje, a OCDE prevê que a economia da Índia tenha expansão de 3,4% neste ano e de 5,1% em 2014, abaixo dos 5,7% e 6,6%, respectivamente, da projeção de maio. Para o Brasil, baixaram a 2,5% e 2,2% neste e no próximo ano. O crescimento dos EUA deve ser de 1,7% em 2013 e de 2,9% em 2014, previsão semelhante à de maio, enquanto o Produto Interno Bruto do Japão deve aumentar 1,8% e 1,5%, na mesma ordem. No Japão, diz o documento, a dívida pública superior a 230% do PIB torna prioridade máxima formular um “plano crível de consolidação fiscal” para alcançar um superávit em 2020. Para a zona do euro, a OCDE espera uma contração de 0,4% em 2013 – menos do que o 0,6% anterior – e expansão de 1% em 2014. Entre as economias emergentes, a China está se saindo melhor, conforme ajusta suas políticas para enfrentar mudanças no cenário global. O PIB chinês deve aumentar 7,7% neste ano e 8,2% em 2014 – quando um “pequeno estímulo fiscal” deverá estimular a demanda doméstica, diz a OCDE. A organização recomenda ao governo chinês aumentar os benefícios sociais e avançar na liberalização financeira e na reforma tributária”.
Algumas conclusões
O que podemos concluir é que 2005 ainda pesa fortemente no mundo, agora com um problema a mais, as economias centrais, EUA e UE, não saíram da crise, o crescimento das economias emergentes não se sustentam com a paralisia geral do centro, corte de investimentos e principalmente dos créditos, o conjunto de problemas vai pouco a pouco minando estes países. A enxurrada de dólares provocada pelos QEs tornou “mais caros” os produtos nas economias emergentes, pesando na inflação e nos seus custos, o ritmo geral tende a cair.
Mais uma vez se joga para dois anos depois uma recuperação consistente, em 2011, apontavam 2013 como o ano, depois em 2012, seria 2014, agora, a perspectiva seria 2015. Como diz o Valor Econômico que a “OCDE também deu previsões para 2015 pela primeira vez. A economia mundial deve crescer 3,9% naquele ano, com taxas de 3,4% para os EUA, de 1,6% na zona do euro e de 1% no Japão, de acordo com o relatório. A China cresceria 7,5%”. Ou seja, esperemos mais um ano complicado em 2014, com muitas revisões de números, nada é concreto, nesta seara.
O que nos assusta é que são 10 anos de crise, desde seu pico em 2005, e pelo menos Sete anos desde que se tornou visível, mas o que é pior, não se tem uma saída clara. O grande impeditivo para um novo ciclo da Economia continua sendo o velho Estado de bem-estar Social sua destruição nos parece à condição fundamental que os bancos impõem. A lenta transição ao Estado Gotham City faz com que a crise se arraste pelos anos.
Do outro lado, dos trabalhadores, só sobrou a resistência isolada, alguns grupos, os “novos”, indignados, aderiram objetivamente à agenda do Tea Party, do Estado Gotham City, cada vez mais lutam cegamente pelo fim do Estado de Bem-Estar Social e principalmente pelo fim da democracia, é a maior tragédia de nossa época, seremos os coveiros de nós mesmos, faltando-nos uma visão mais clara de todo o processo, o que levou estes setores ao outro lado, lutando contra nós mesmos.
Mais uma vez, acompanhemos!
Desculpe, mas sua última frase me parece obscura e ambígua: os “novos” indignados aderiram objetivamente (conscientemente, de caso pensado?) ao Tea Party? Eles lutam mesmo pelo fim do Estado de Bem-Estar Social (de caso pensado?) Se falta uma visão mais clara do que levou “estes setores” (os indignados) ao outro lado, como afirmar que lutam pelo “outro lado”? Talvez uma revisão no texto, resolva.
Vera,
Reli o parágrafo e reafirmo, grupos como 15M, 5S, Rede, ou de Indignados avulsos, hoje militam na mesma lógica do Tea Party, contra o “Velho” Estado, as perspectiva são diferentes, mas coincidem na plataforma, enxergam naquele Estado a razão de todo o mal, o que não percebem, os Indignados(à esquerda) é que Tea Party e os grandes bancos querem o Estado Gotham City, que ao invés de aprofundar a democracia direta, objetivo dos Indignados, vai é restringi-la. A questão objetiva é que eles acabam defendendo o mesmo projeto, fim do Estado atual, mas este lado não diz o que buscam, acabam ajudando aqueloutro.
Arnobio Rocha
Basta ver que no texto do Arnobio Rocha existe uma vírgula (,) ente “novos” e “indignados”. Explicado!
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Entendi bem a “parte obscura” de Arnobio porque assisto a vídeos de Olavo de Carvalho. Vai de encontro ao que Olavo fala do futuro da política americana. Sinistro!