Assisto preocupado com nossa baixa capacidade de se revoltar contra a espionagem ampla, geral e irrestrita praticada pelos EUA, ontem li um tweet de um destes jornalistas metido a outsider, em que relativizava o escândalo de monitoração de chamadas, como uma piada, dizia algo assim: “só faltam descobrir que os EUA espionaram a Rússia”. Algo como se fosse absolutamente normal e corriqueiro a invasão da vida e da intimidade das pessoas, quer sejam elas, presidentes, ministros ou simples cidadãos. A paranoia geral virou método e política de ESTADO, não apenas de Governo, como repiso aqui: As agências prescindem de Governo, agem por moto-próprio.
O que estamos a viver é uma tragédia política como escrevi antes “a aparente confusão causada pelas revelações de Snowden, não nos causa espanto, ao contrário, “na loucura, se revela um método”. Os EUA se aproximam perigosamente de um estado fascista, nem as famosas “liberdades individuais” dos seus cidadãos são respeitadas. Tudo foi por água abaixo, a burocracia e seu Estado de Exceção, se impõe frente à democracia. As eleições estão sendo legadas ao segundo plano, a desmoralização ampla dos eleitos também é parte fundamental do novo Estado, a estrutura burocrática já não aceita a democracia como parte da engrenagem. Mesmo com revelações tão graves há uma aparente apatia interna, ninguém reage”. ( EUA Espionam Dilma )
Quando a Presidenta Dilma se insurgiu e denunciou o lado sórdido destas ações, que atingiram não apenas a ela e seus principais colaboradores, acabou sendo ridicularizada por dois tipos de desavisados: Os primeiros, que achavam que era bobagem e os segundos, que diziam que o Governo era débil por não se proteger. Vários jornalistas e colunistas trataram de relativizar, que Dilma estava dando importância demais ao episódio e que o Brasil era “culpado” por não se proteger direito, que somos incompetentes até nisto. Entre outras coisas mais graves e de acusações sem fundamentos, talvez fruto da má vontade para com Dilma.
Nas últimas semanas as denúncias se aprofundaram, com a inclusão de monitoração do primeiro escalão do governo francês e esta semana da revelação que Merkel teve suas ligações monitoradas desde 2002. O que dirão nossos indignados seletivos do Brasil? Por acaso acham que a Alemanha se descuidou de sua segurança, de que o governo não usou métodos criptografados para se comunicar, como acusavam Dilma? Ou que a Alemanha e França também são incautos, como falavam do Brasil? Mais ainda vão continuar achando que o Brasil fez uma ” tempestade no copo d’água”, que jamais deveria desmarcar a visita aos EUA?
Segundo AFP a Alemanha “convocou o embaixador americano em Berlim nesta quinta-feira ante as suspeitas de que Washington espionou o telefone celular da chanceler Angela Merkel, informou a porta-voz do ministério das Relações Exteriores. “É correto que o embaixador americano foi convocado para uma reunião esta tarde com o ministro das Relações Exteriores (Guido) Westerwelle. No momento será apresentada claramente a posição do governo alemão”, afirmou a porta-voz, confirmando uma informação divulgada pelo site da revista Der Spiegel. Angela Merkel ligou na quarta-feira(23/10) para o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, para exigir uma explicação, depois da revelação sobre a possível espionagem do telefone celular da chanceler pelo serviço secreto americano”.
A resposta de Obama, segundo a AFP foi cínica demais, ele “garantiu que Washington “não espionam nem espionarão suas comunicações”. Ou seja, hoje e amanhã não espionam e nem espionaram, mas o passado fica em silêncio. Aqui volto ao tecla velha, o Estado Gotham City, com sua burocracia autônoma pouco se importa para o Governo de plantão, no caso Obama. A fantástica máquina de bisbilhotassem com mais milhares de funcionários, boa parte deles terceiros da NSA, como a antiga empresa de Edward Snowden , a Booz Allen, com sues 36 mil empregados especializados em triar as informações coletadas no mundo inteiro. Apenas nesta empresa 6 mil funcionário tinham acesso às super senhas que davam amplo conhecimento da informações que, em tese, seriam mais restritas, que envolvia altas autoridades internas e principalmente externas.
A reportagem da AFP traz o constrangimento geral das autoridades alemãs, “O ministro alemão da Defesa, Thomas de Maizière, disse que “caso as informações sejam exatas, seria realmente grave”. “Há anos suspeito que meu telefone está sob escuta. Mas nunca pensei que seriam os Estados Unidos”, declarou Maizière ao canal público alemão. “Os americanos são e continuam sendo nossos melhores amigos, mas isto não é correto”, completou Maizière, antes de pedir ao governo dos Estados Unido “o fim imediato” das práticas. Para a imprensa alemã, as informações sobre a possível espionagem do celular de Merkel são um golpe duro para a chanceler”. A manchete do jornal Die Velt resume bem o caso “Os Estados Unidos traíram o melhor aliado no caso“.
Os casos vão se sucedendo quase como trivialidade, o El Mundo, da Espanha diz que “A Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (NSA, na sigla em inglês) espionou mais de 60 milhões de ligações telefônicas na Espanha entre dezembro de 2012 e janeiro de 2013, publicou nesta segunda-feira (28) o jornal “El Mundo”, que cita parte dos documentos vazados pelo ex-analista Edward Snowden”. Nenhum aliado, até os mais fervorosos como o governo espanhol da extrema-direita escapou da espionagem.
Numa outra reportagem da AFP, 28/10, informa que “O presidente Barack Obama soube da vigilância eletrônica realizada pela NSA em um relatório solicitado em meados deste ano, completa o jornal, que cita como fontes autoridades do governo. Segundo o documento, a NSA monitorou as conversas telefônicas de 35 líderes mundiais.No domingo, a NSA desmentiu as informações da imprensa alemã de que Obama sabia desde 2010 que Merkel era vigiada. O jornal alemão “Bild am Sonntag”, que citou fontes do serviço secreto americano, destacou que o diretor da NSA Keith Alexander havia informado Barack Obama sobre uma operação de espionagem das comunicações de Merkel em 2010. Ainda de acordo com a imprensa germânica, o programa pode ter começado em 2002″.
AFP mostra uma nota da NSA que desmentiu as versões. “O general Keith Alexander não falou com o presidente Obama sobre uma suposta operação de inteligência que envolvia a chanceler Merkel e jamais falou de alguma operação que a envolvesse. As versões da imprensa que dizem o contrário não são corretas”, afirma a nota da NSA”. E fecha com uma informação vital de que “Obama teria assegurado a Merkel por telefone que não estava a par da espionagem”, o confirma do que estamos insistindo sobre o que falamos sobre as agências, que aprofundam o fim do Estado Direito em nome de uma burocracia sem limites, que ignoram Governos e democracia.
É o caminho do Caos.
“O que dirão nossos indignados seletivos do Brasil? Por acaso acham que a Alemanha se descuidou de sua segurança, de que o governo não usou métodos criptografados para se comunicar, como acusavam Dilma?”
Perfeito. Todo santo dia tomam um soco nas fuças. Limpam o sangue do nariz e partem pra próxima. É uma canalha sem-vergonha nenhuma na cara.
Os jornais e jornalistas brasileiros NÃO PODEM ser levados a sério em NENHUM assunto. As exceções (jornalistas) apenas confirmam a regra geral.