Acordei de sobressalto com o despertador, porém outro pequeno alerta apareceu no celular, “memória externa removida”, com os olhos ainda por abrir, zonzo, fui me levantando com aquele alerta na mente. Completei o ciclo inicial básico e entre o gole de café e outro retirei a tampa do celular e removi o cartão de memória, recoloquei, sumiu a mensagem, fiquei feliz, menos de 30 segundos, mais um alerta: Sem Cartão de Memória. O resto do café desceu com gosto ruim.
Os comandos estavam todos em perfeito estado, nada parecia fora de ordem, o sistema operacional “Android” sem dano algum, mas o ícone do defeito permanecia no visor. Relembrei que aquele cartão de memória tinha comprado na loja da “Best Buy” para substituir outro que comprara no “xing ling” da Av. Paulista, ou seja, tinha trocado o genérico, incerto, pelo original “de marca”, agora aquela “grife” me deixa na mão? Era a máxima irônia, fui pensando nisto durante o percurso do trabalho. Ao chegar troquei os cartões, bingo, o “xing ling” de dois anos, funcionando perfeitamente.
Porém, o que de fundo me deixou tenso é o que perdemos neste mundo de “memórias” voláteis? Aquilo não se trata de um cartão de memória, de um pequeno micro chip que superam em milhões de vezes a capacidade de armazenamento das nossas antigas máquinas. Mas com a fragilidade e caprichos que nos toma o humor e a razão quando falham, ficamos a nos culpar e a nos punir psicologicamente: Por que não fez backup? Por que confiar nestas coisas? E outra série de perguntas vazias.
Esta relação tensa e frágil do homem com a tecnologia, por mais complexa que seja, tem limite no nosso humor, na dependência de cada coisa. O que perdi? Fotos, arquivos, nada de fundamental para a vida, nada que me tome dois minutos de tensão ou raiva. Paciência, nada ali era tão especial ou importante. O temor de não dominar completamente uma máquina não pode nos paralizar ou tornar a vida pior, ao contrário, deve ser sempre nosso desafio em aprender sempre algo novo.
Ah, agora é backup semana, até esquecer-se de fazer e rir quando perder tudo de novo… Bom mesmo é viver… Nem adianta receber mil “conselhos” de tecnologia, a vida segue, não somos e nem seremos escravos disto.
Quanta verdade… estranhas perdas!