Ninguém jamais imagina a dor que carrego ao subir as escadas rumo à sala de embarque do Aeroporto de Fortaleza, a garganta tranca a voz, os olhos ficam vermelhos, o peito arde, ano após ano, fica mais difícil atravessar aquela porta, seguir em frente, não olhar para trás, encarar que deixo ali o meu lugar, que hoje não é mais meu lugar, as coisas são o que são, não importando o peso de sair mais uma vez.
Depois de um fim de semana repleto de longas emoções, festas, choros, lágrimas, intensas alegrias, ter ido, mesmo em tão poucos dias em contato com cada irmão, vivido um pouco com eles, conversado, compartilhado almoços jantares, aniversários dos nossos pais, depois da Luciete, a nossa caçula (continuo dizendo que a achamos numa espiga milho, viu lorinha?), fortaleci mais meus laços com cada um deles, as meninas ficarão mais uns dias curtindo a família, seus primos e primas, tios. Curtindo nosso lar.
Sem dúvida, me inquieta partir, ultrapassar os corredores do aeroporto, sentir a solidão da sala de embarque, um filme da minha vida passa rapidamente, pela minha cabeça, as decisões do passado, a trajetória que segui, a vida construída distante. Como ultimamente tem sido difícil voltar para casa, este conjunto de emoções, passado, presente e futuro, que misturados, só produzem lágrimas e textos. Os rostos estão fortes, as últimas ligações aos irmãos, quase que pedindo socorro, para que não me abandonem.
O sentindo da família se tornou urgente, a idade dos meus pais avança, as nossas também, desde o início da doença da Letícia, o sentimento de ausência mais próxima dos nossos, se acentuou, tornando mais forte os contatos, as idas e vindas de familiares aqui em casa, nossas idas a Fortaleza, as dores de voltar, também, aumentou. Ainda dentro do avião, com os olhos cheio de lágrimas escrevi esta trilogia deste fim de semana mágico, iniciada na sexta, terminando hoje, representada assim:
A Ida – Saudades dos meus Pais
A Festa – Casal 70 – Meus Pais
A Despedida – este texto que agora termino.
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Eu e meu irmão, temos um laço de afeto incrível, quase não nos vemos mas sempre que vou a casa dele, sinto um nó na garganta dessa distancia, que não é geográfica, mas algo nos mantem com poucos contatos, que quando acontecem são mágicos, lembramos e compartilhamos experiencias diferentes; ele é como papai, maluco de tudo e eu sempre na tentativa de acertar mais que todos os da família.
Meu tio querido, obrigado mais uma vez por me deixar cheio de alegria com sua presença. Ao ler seus textos, lembrei-me de tantos momentos que ja passei com o senhor, que mesmo distante, mas quando estava presente me dedicava tanto amor. Amo e te admiro muito. Abraço forte com todo carinho do teu sobrinho preferido! rsrs’