7 de dezembro de 2025

0 thoughts on “471: Crise 2.0: Pessimismo Global

  1. Bom dia, compa :)

    Há muito tempo insisto que as políticas de austeridade só fazem concentrar a riqueza e piorar cada vez mais a distribuição dos bens da vida. Não é preciso ir longe para compreender como funciona o mecanismo de austeridade, do Estado mínimo e tantas outros clichês neoliberais, nós sentimos isso na carne.

    Por outro lado, o discurso crescimentista – adotado por grande parte da esquerda no mundo, inclusive aqui – também não me convence. Não é que fico a dar razão a Boaventura S. Santos quando diz que é um paradoxo que a esquerda lute por um entre outros modelos de capitalismo, como resultado da hegemonia adquirida pelo Consenso de Washington.

    É que realmente não me convencem os cânones do crescimentismo. Primeiro, porque a escassez é um conceito econômico, de escala, talhado sobre fundamentos equivocados, que desconsidera a auto organização das formas de vida, implementando um modelo colonial e imperialista da materialização da felicidade e sustentabilidade da vida.

    Para mim e, nesse ponto creio que também pro velho Karl Marx, o nó gordio da questão reside no problema da distribuição, na partilha dos bens da vida, dentro daquilo que se pode apropriar. Uma justa distribuição – nos limites de auto organização das formas de vida – mostraria o quanto este planeta é abundante e acabaria com qualquer remissão neomalthusiana.

    O problema, me parece, e isto está muito em seu “perda da inocência” é o desencanto da esquerda que prefere lutar por um “capitalismo menos agressivo” cujo centro de luta está na redução da pobreza. O termo “pobreza” por sua vez deriva, atualmente, da fixação de um patamar de “renda” considerado incompatível para o consumo e acesso a bens da vida determinados por um modo/padrão de forma de vida considerado hegemônico em um dado meio social. Com depreciação e desprezo de toda e qualquer outra forma ou experiência de vida.

    Não há forma de “economia verde” que consiga resolver a equação da desigualdade porque não se trata de parar o crescimento do consumo canadense, p.ex., enquanto esperamos que o consumo brasileiro atinja os mesmos patamares. É uma equação onde um menos um não é igual a uma soma zero, extamente porque os operadores da equação não são da mesma ordem. Brasileiros não são canadenses. Deviam encontrar a sua própria forma de vida e não copiar a canadense.

    Mas essa entrega ao modelo de pensamento crescimentista nos conduz a um caminho diferente de nós mesmos, montamos as superestruturas sociais para dar conta de uma forma de vida alienígena, pior, determinada nos marcos do Consenso de Washington.

    “Crescer, incluir, preservar”, nada tenho contra a inclusão, tampouco com a preservação – que, de alguma forma considero redundante quando já falamos de inclusão na forma que a compreendo. Incluir, para mim, significa muito mais do que trazer parcelas inteiras da população para o paraíso do consumo, significa trazer à luz, estabelecer a coexistência de diferentes formas de vida. É dizer, não há que transformar favela em asfalto, mas sobretudo permitir a existência de uma ordem plural e não monista, reconhecer as diversas formas de organização da vida. Entender, finalmente, que os diversos valores só podem ser contados de forma cardinal, que não podem ser ordenados. Não possuindo uma forma ordenada, o modo de distribuição há que ser completamente diferente, desprezando-se qualquer cálculo de preferência ou utilitarista.

    Ainda há muito que caminhar, companheiro.

  2. Muito boa essa frase de que a editoria de economia desminta todo dia a de política. Uma pena que a de política nunca leia a de economia.

    Quanto ao “quantotempodura”, melhor mesmotem mais é que deixar 40 milhões mergulhados na pobreza e na miséria, seja qual for o conceito, passando fome no lixão. Para que jogá-los no capitalismo, seja qual for o conceito? Eu hein, comer três vezes por dia, ir à escola, comprar geladeira, tudo coisa desse capitalismo do demo, assistencialista e paternalista. Tem que deixar morrer de inanição até que a vanguarda sabida faça a revolução!

Deixe uma resposta