146: Roberto Carlos e eu (Post 145 – 99/2011)

 

O maior entre os gigantes da música brasileira.

 

Hoje vindo para trabalho procurando uns CDs no carro encontrei um do Roberto Carlos, acústico MTV. Uma coleção de grandes músicas, talvez não as melhores, mas algumas realmente maravilhosas do maior ícone da música popular brasileira, aí começo a lembrar minha relação com o Rei.

Desde muito cedo, nascido no interior do Ceará, Roberto Carlos exercia uma grande influência nos gostos musicais, bem antes de ter seu “especial” de Natal da Globo, dos mais velhos e jovens, meus irmãos o tinham como ídolo, de comprar os LPs (atenção você que nunca viu um CD, acha que música é MP3), o Long Play era um disco com faixas demarcadas, que tocavam em vitrolas, radiolas, ou coisas assim, que muitas vezes enganchavam ou tinham ruídos, mas que era um sucesso, naquela bucólica cidade e ter o LP do ano do Rei era um feito.

(Bela Cruz – CE – meu torrão natal)

Fato que não ligava muito, nem entendia aquelas canções melódicas, os mais velhos, Irmã e Irmão, com seus 15 e 14 anos já tinham paqueras e namorados(as) então aquelas músicas embalavam suas primeiras paixões, eu só queria saber de ler gibis (HQ, Tex, Zagor, Ken Parker) e jogar bola, achava chato demais eles ficarem ouvindo aquelas “besteiras”. Um tio quase da mesma idade deles tocava violão e cantava muito bem, dá para imaginar que atraí muitas gente em casa para farras e invariavelmente Roberto e Erasmo eram os mais pedidos. Tinha umas músicas que achava engraçadas, sem compreender bem, de um tal de Raul Seixas, outro que eles cantavam em coro.

Cresci e peguei uma fase muito ruim do Rei, umas músicas exageradamente bregas, para quem já curtia muito rock alternativo, Led Zeppelin, Pink Floyd, Black Sabbath, tinha me mudado para Fortaleza e meus primos da capital eram cabeludos, descolados. Eu ia para casa deles jogar bola, mas depois do jogo era aula de música diferente, o mundo curtia um som diferente daqueles que meus ouvidos do interior estavam acostumados, nem sei  direito, mais me identifiquei. Claro, passei a repudiar Roberto Carlos, fiquei assim por muitos anos, não conseguia ouvir. De vez em quando, aquele meu tio que tocava violão, fazia uma serenata (ok, vocês nem sabem do que se trata), e Roberto Carlos era o fio condutor.

Por mais que fugisse Roberto sempre esteve presente na minha vida, muitas vezes me arrependo de não ter compreendido plenamente o seu significado, sua grandiosidade, o por que dele falar tão alto na alma e coração do povo brasileiro, poderia ter descoberto mais cedo as variadas facetas do nosso maior gênio musical, porque é preciso ser gênio para manter a longevidade desta ligação perene com as pessoas.

As esquisitices e fricotes dele, apenas alimenta o folclore, mas a força de suas canções, as magistrais interpretações, algumas letras realmente geniais, fazem de Roberto Carlos um ídolo único, original, mas como qualquer grande cantor com erros de repertórios bastante óbvios.

Resgato o que acho de melhor nele, hoje posso, enfim, curtir sem medo de patrulhas, ou culpas o grande Roberto Carlos. Mas jamais esquecer do seu grande parceiro Erasmo Carlos , aqui numa interpretação sensacional de “Paralelas”, uma dica do amigo Ricardo Queiroz do blog KlaxonSBC .

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Author: admin

Nascido em Bela Cruz (Ceará - Brasil), moro em São Paulo (São Paulo - Brasil) e Brasília (DF - Brasil) Advogado e Técnico em Telecomunicações. Autor do Livro - Crise 2.0: A Taxa de Lucro Reloaded.

0 thoughts on “146: Roberto Carlos e eu (Post 145 – 99/2011)

  1. Eu tenho trauma. Isso mesmo, Trauma de Roberto. Durante minha infância e adolescência o disco de RC saía justo na época em que eu estava tirando o atraso dos estudos não realizados durante o resto do ano. Ou seja, eu geralmente estava de castigo, estudando pra não ser reprovado, e RC era pura tortura pra mim, posto que estava tocando em quase todas as radiolas do bairro…
    Gosto não, mas gosto do Tremendão, que sempre achei que pegava o melhor repertório da dupla pra si

  2. Muito bom o texto. Admiro as músicas do RC, mas tenho um trauma, depois de assistir a um show dele em Porto Alegre, na mesma noite, fique sabendo das traições do meu marido. Até hoje não superei a associação.

  3. Incrível!! Eu tenho essa mesma percepção, não AMO Roberto, já detestei, mas hoje parece que há uma certa relação de respeito.
    Acho até hoje, o Tremendão mais a minha cara. Usando o nome de um bloco carnavalesco maravilhoso, posso dizer que o meu sentimento é “Simpatia é quase Amor”!!
    Adorei.

  4. Arnóbio
    Não dá pra não gosstar do Rei,eu sou fã assumida,lembro que na década de 70 existia mesmo um preconceito enorme contra ele,bacana era ouvir Chico,Caetano,gostar do rei era brega,sinonimo de mau gosto.Com o tempo esse preconceito foi se diluindo,hoje ja se pode ouvir odair Jose e afins sem culpa,é o famoso brega “cult”.Eu que sempre ouvia o que curtia,nunca me deixei levar por patrulhas.Roberto faz parte da minha vida,suas músicas acompanharamm minha trajetória.

  5. Que maravilha ler suas recordações, como você não esquece nenhum detalhe.Realmente Roberto Carlos marcou nossa época de adolescência.. ,Eu.Pedim, Magalhães. Rejane. ´Janaina etc e tantos que andavam em nossa casa e ficávamos ansiosos pelo final do ano e o Chico Pires chegar com o primeiro LP do Rei na cidade…que tempo maravilhoso que não volta mais.Maravilha.adorei.. essa foto da igreja e D+.beijim

  6. Arnóbio

    Acho que poucas pessoas não foram marcadas pelas músicas do Rei. Lembro do Natal na casa do vovô Doca todos assistindo ao Show. Bons tempos , ou seja, parafraseando o rei velhos tempos, belos dias,…beijos meu irmão querido. Fiquei feliz em saber que vc aprendeu a gostar das músicas do rei.

  7. Arnóbio

    Acho que poucas pessoas não foram marcadas pelas músicas do Rei. Lembro do Natal na casa do vovô Doca todos assistindo ao Show. Bons tempos , ou seja, parafraseando o rei velhos tempos, belos dias,…beijos meu irmão querido. Fiquei feliz em saber que vc aprendeu a gostar das músicas do rei.

  8. gostei tudo que voce escreveu das lembrancas da terrinha boa de nossa infancia lhe ademiro muito leio sempre suas cronicas voce e uma pessoa muito querida por tods nos um cherao do tio

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