Arnobio Rocha Crise 2.0 Crise 2.0: A questão do Emprego

503: Crise 2.0: A questão do Emprego

 

Desempregados em protesto em Nova York (Foto : AFP)

Este é artigo de número 200 da série sobre a Crise 2.0, por aqui você leu quase 50 jornais, revistas ou agências de notícias de várias partes do mundo, do Brasil apenas Estadão e Valor Econômico, além do blog do Nassif. A infinidade de citações de economistas, articulistas de economia, líderes mundiais, teóricos, com certeza são mais de 100. Os país que mais tratei aqui foram: EUA, Alemanha, Espanha, Grécia, Portugal, Itália, França e Brasil. Refletindo de uma forma geral os centros da Crise – EUA e UE.

 

Um ano e 10 dias depois de iniciada esta série chegamos e a este impressionante número, agradeço especialmente a Marinilda Carvalho, minha companhia constante nesta aventura de análise, comentando, corrigindo os muitos erros, incentivando nos momentos que dava vontade de parar. Esta “diário” de bordo da crise, a clássica do Superprodução de Capitais, que denomino de Crise 2.0, é um exercício feito para os trabalhadores do mundo, não são de minha propriedade, aquilo que elaborei, com muito esforço, dentro das minhas limitações teóricas, de tempo e técnica, já não pertence amim, é para ser lido, debatido, amplificado, comentado, criticado e contestado por aqueles que assim o quiserem.

 

Este artigo seria apenas uma reflexão ligeira, mas ontem surgiu uma polêmica sobre o “baixo” crescimento do emprego no Brasil resolvi tornar um pouco mais divertido. Os jornalões “comemoram” o modesto crescimento de apenas 1.047.914 empregos com carteira assinada. Mas não apenas eles, alguns setores da esquerda entram pelo mesmo caminho, já cheguei a ler em redes sociais, pessoas torcendo para que a crise chegue logo aqui, para desmascarar o governo Lula e Dilma. Realmente a preocupação destes com os trabalhadores chega “comover”, ou parece que não assistem a miséria campeando na rica Europa, neste post  sobre a Espanha deveria preocupá-los Crise 2.0: Espanha, Miséria nas Ruas.

 

Mas vamos comparar, este nosso “fraco” crescimento com o “estrondoso” crescimento do emprego nos EU, uma economia bem maior, mais dinâmica, de julho de 2011 até junho de 2012 houve um acréscimo de apenas 1,3 milhões de novos empregos, pouco mais do que os últimos 6 meses no Brasil, e 600 mil postos a menos quando comprado igual período com o Brasil. Mas mesmo assim, lemos as manchetes, como estas: “otimismo com dados do emprego nos EUA”, quando lemos, mês passado cresceu 80 mil vagas, aqui foram mais de 120 mil.

 

Aqui a manchete é que cresceu 25% menos que primeiro semestre de 2011. Mais um dado, que talvez ajude a mostrar a quem serve nossa mídia, desde 2007 os EUA perderam 5 milhões de empregos líquidos, aqui houve um acréscimo líquido de mais 6 milhões de novos empregos, mesmo com a crise mundial aumentando, derrubando toda a Europa. Nos EUA são ainda 12,7 milhões de desempregado para 155 milhões de trabalhadores aptos, ou 8,2% de desemprego. Aqui a taxa é de 5,2%. Um detalhe americano, a taxa de desemprego para negros é de 14,4% e de hispânicos 11%, enquanto para brancos 7,4%, asiáticos 6,3%. A taxa de desemprego para jovens 23,7%.

 

Ao se comparar os dados do emprego/desemprego do Brasil com a UE, aí chega a ser covardia, em um ano na UE houve um corte de vagas de quase 2 milhões. Países como Espanha, Grécia em 5 anos o desemprego sai, respectivamente de 10,2 para 24,5 e de 11% para 22,3%. Exceto Alemanha, que mantém o desemprego sob controle, mas com taxa de 7%, houve um crescimento geral na UE do desemprego que hoje atinge 11,2% . Há mais de 14 meses que este número se mantém acima dos 10%.

 

Não obstante, somos bombardeados dia a dia de que o Brasil vai mal. Um ardente desejo, da direita e da extrema-esquerda para que a crise nos atinja, assim, o governo centrista do PT se desmoraliza, a questão do emprego, sem dúvida, é uma das mais sensíveis, se ela cai, pressiona e o famoso coro “bem que eu falei”, vira corrente. Da Direita, nada se espera, mas gente de esquerda, é francamente vergonhoso, preferir ver a classe em miséria, mas suas “teses” se confirmarem. Um grave engano, a primeira coisa que o desemprego/miséria faz é trazer a hidra do neofascismo para ordem do dia, vejam as hordas na Grécia ajudando a polícia a reprimir os manifestantes, ou os grupos assemelhados na Espanha.

 

Esta série vai continuar, espero contar com ajuda de vocês, divulgando, debatendo, discordando, menos ignorando.

 

 

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0 thoughts on “503: Crise 2.0: A questão do Emprego”

  1. Para mostrar um dado prático, na Bio´s Bug nos últimos 4 anos}(loja, vamos pra 10 anos de empresa em agosto/2012), despedi 4 funcionários, num determinado período cheguei a ter 2 funcionários ao mesmo tempo, mas o dado concreto é que nenhum desses que precisei despedir, nunca ficaram desempregados, estão bem empregados e em empresas maiores.
    Acho isso muito bom, pois minha empresa continua no mercado, as pessoas continuam trabalhando, ganhando um mais e em empregos melhores e eu? Continuo com a empresa com faturamento menor mas com horizontes melhores.

  2. Muito bem, Arnóbio! Mas alguns não percebem os esforço enorme que o governo faz para evitar que a crise baixe aqui. Veja a GM! Dilma tem que punir a GM, que hoje expulsou os trabalhadores do turno da madrugada e fechou a MVA de São José dos Campos, que quer desativar, largando 1.500 na rua. Uma canalha sugadora. Lula partia pra cima deles.

    Viu o Itaú? Não quis baixar juros? Lucro menor no trimestre.

  3. venho acompanhando as noticias diariamente já faz um tempo e concordo com Arnóbio.As maiores revistas daqui geralmente querem criticar ou promover a esquerda ou direita,e em muitas delas vemos como nossos meios de comunicação distorcem a situação nos EUA pra parecer que ta tudo uma maravilha..as vezes da nojo ler aquelas noticias..hoje em dia prefiro fontes alternativas de noticias como vemos aqui.

    e parabéns pelo site

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