O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e o dos Estados Unidos, Donald Trump, durante reunião bilateral na Cúpula da Asean em Kuala Lumpur, na Malásia — Foto: Ricardo Stuckert/PR

O Mundo e TRUMP!
O ano de 2025, transcorreu sob fortes tensões mundiais, especialmente pela volta ao Governo dos EUA, de Donald Trump, que venceu de forma acachapante as eleições de novembro de 2024, com um discurso de que tinha sido vítima do “Sistema” e de que apenas ele tornaria a América Grande, aos velhos e bons tempos em que impunha de forma inconteste seu poder irresistível no mundo, por sua força econômica, política e militar.
E ele, Donald Trump, não decepcionou seus fãs, voltou mais radical, mais autoritário e com força para impor uma agenda interna e externa de medo e de destruição, com consequências danosas a cada medida, as mais visíveis internamente são as perseguições aos imigrantes e as liberdades políticas, inclusive as intervenções em universidades, em agências e mudança completa no funcionamento da burocracia da Casa Branca, trouxe Elon Musk para dentro do governo, quase como um brinquedo de luxo e uma forma de fundir política com controle ideológico através da big techs, uma fusão explosiva, com efeitos de longo prazo.
No front externo, Trump impôs taxações generalizadas às importações dos EUA, quase nenhuma com algum critério claro, de repercussão positiva na economia, qualquer desagrado, novas taxas, claro que nessa loucura há um método político, de intimidação e de propaganda de força, mas também há uma estratégia de controle pela força das relações comerciais, em particular com a China, travar seu desenvolvimento tecnológico e de expansão de comércio. Nesse sentido, as big techs, com o domínio do ciclo produtivo de chips, algoritmos, data centers e da Inteligência Artificial, a última fronteira de controle sobre a Soberania dos países, a Soberania Digital. A proibição da venda e do uso das GPUs pela China é um dos vetores desse novo tempo de disputas mais duras sobre o futuro da humanidade.
No campo da “guerra”, a modalidade híbrida é o caminho que Trump usa e consolida uma visão de ocupação regional, a agenda para América Latina parece vital, Venezuela pelo petróleo, uma intervenção direta, enquanto que com o Brasil e México, pela via do comércio, tarifas ideológicas, imposição de acordos, mas a linha auxiliar de intervenção política via redes sociais, big techs, depois dos laboratórios feitos no Nepal, Madagascar e Peru, teve sua primeira tentativa no México (veja mais detalhes aqui Geração Z – Mais um movimento contra a Democracia – Produto das Big Techs (EUA)? ), o próximo passo pode ser no Brasil, nas suas eleições de 2026, levantado a questão da Segurança e da Corrupção?
O Brasil e Lula!!
O Brasil desse ano longo e rápido passou por experimentações políticas e econômicas bastantes peculiares, os números maiúsculos da Economia, ainda não se refletem plenamente nos números de apoio ao Governo, o que a princípio se discutia apenas como questão de “comunicação” (ou da falta dela, principalmente Digital), no entanto, a questão é, ou era, de norte Político, qual a marca efetiva que o Lula III quer ser reconhecido, aqui é preciso lembrar o esgotamento completo do Brasil em 6 anos de Temer e Bolsonaro, uma Pandemia, e o caos institucional que foi legado ao governo, naturalmente 2023, ainda havia o gás eleitoral e o golpe, 2024 começaram as maiores cobranças, o sentimento de demora em respostas, em particular dos preços nos supermercados, isso explica fundamentalmente a queda da popularidade, no começo até meio de 2025.
A virada dos números, o controle da inflação (preços e queda da cesta básica), combinado com avanços sociais e os programas públicos, um reflorescimento da economia com aumento e emprego e renda, uma melhor comunicação, estancou a queda e mês a mês melhorou o cenário político. A economia cresce a despeito da pornográfica taxa de juros de 15% ao ano, o que demonstra o PODER real dos Bancos e dos rentistas do Brasil. Mesmo assim, a economia responde com crescimento na faixa de 3% ano, pelo terceiro ano seguido. A Bolsa de valores saiu de 118 mil pontos, em 3 de janeiro para 162 mil pontos em 3 de dezembro, 34% de crescimento. O dólar que iniciou o ano em 6,20, tem flutuado entre 5,30 a 5,40, o que reflete uma valorização enorme do Real, da moeda, da soberania do Brasil. A inflação está na meta, abaixo da banda superior, depois de décadas, a menor taxa de pobreza da história, mesmo com uma faixa enorme de pessoas vivendo na pobreza.
O tarifaço imposto por Trump no início de julho, um momento tenso e crítico, foi muito bem respondido pelo Governo Lula, ainda que houvesse (haja) críticas ou dúvidas sobre a capacidade do Brasil resistir, pois refletia sobre 14% da balança comercial e para além dela, o que se espalha em várias cadeias produtivas nacionais, houve um claro medo de que o esforço de crescimento poderia ter um retrocesso, pelo tarifaço (algo em torno de 2% do PIB), além dos juros extorsivos. A firmeza do Presidente Lula, a ação de negociação liderada por Alckmin, pelo chanceler Mauro Vieira e por Haddad seguraram o impacto, as exportações aumentaram para outros países e os recuos dos EUA ajudaram nessa fundamental vitória política do governo e do Brasil, o maior teste de Soberania em décadas.
A recente vitória da isenção do imposto de renda para quem ganha até 5 mil reais e na faixa de 5 a 7,3 mil, vai reforçar a economia e ganhos políticos (esperado!). O debate sobre a escala 6 x 1 , como também a taxação da Bets, Bancos, Fintechs, são frentes importantes para 2026 e numa perspectiva melhor, como se espera a queda na taxa de juros em 2026, sem mais a desculpa da inflação. A falta de mão de obra bate na porta dos setores estratégicos, o que pode ajudar no fim da escala 6 x 1, uma realidade nas grandes e médias empresas.
O gargalo do governo (e do Brasil) segue sendo a violência, a Segurança Pública, a bandeira única e central da Extrema-direita, só sobrou esse discurso, com forte apelo social. O governo respondeu com PL Antifacções e com a PEC de Seguranças, feitas com uma perspectiva progressista, levando em consideração questões como defesa da população, controle da atividade policial, investimento em inteligência e não apenas no enfrentamento direto contra o crime, ocupação dos territórios, não por coincidência que os governadores de extrema-direita (Caiado, Tarcísio, Castro, Zema, Jorginho e Ratinho) são os opositores radicais aos projetos. Em outra mãos, há um desalinhamento na própria esquerda sobre Direitos Humano x Segurança Pública, o que cria embaraço no governo.
As recentes operações da Polícia Federal (Operação Carbono Oculto, Compliance Zero) demonstram o caminho para asfixiar o crime organizado que se infiltrou nas esferas do poder e da economia, no entanto, a penetração das facções no Estado, ocupando territórios, cidades, ameaçando a população, chantageando o poder público, induz que esse combate também será físico e não será feito sem violência, o que deve se ter como norte a proteção dos mais vulneráveis, respeitar seus direitos, reocupar fisicamente territórios hoje dominados por facções e milicias, sob uma perspectiva de defesa da dignidade humana e dos Direitos Humanos, sem tergiversar sobre o crime e a violência contra essas comunidade.
Um outro aspecto da violência (segurança pública) é aquela cometida contra as mulheres, a explosão de casos de feminicídios, muitas vezes tolerados e negligenciados pelos agentes públicos, não se pode dissociar das questões políticas (gênero) e religiosas, pois se conjugam e se refletem nas decisões judiciais e na inação do Estado quando as mulheres estão sob riscos, como também nos crimes contra gays, lésbicas e pessoas trans. Essa pandemia de violência de gênero é uma marca dessa época de negacionismo das liberdades, da ciência e da empatia, trazendo números alarmantes para o Brasil e no mundo.
São esses alguns apontamentos de 2025 e seus desdobramentos para 2026, que levam a concluir que há uma expectativa política melhor para o ano que vem, de luta de classes, em condições melhores e mais favoráveis, não obstantes, as questões subjacentes do cenário mundial, uma intervenção na Venezuela, um avanço dessa “geração Z (by CIA)”, ou mesmo um confronto mais renhido no congresso nacional, a violência trazida e manipulada, como a feita no Rio de Janeiro, podem complicar, mas no geral os números mostram um cenário bem mais interessante para a reeleição do Presidente Lula e de um bancada mais alinhada.