A beleza suave da minha menina, o sorriso, os olhos que iluminavam o mundo!

Minha Letícia, que coisa foda você ter ido embora tão cedo! Que bom que você foi intensa em tudo que fez, mas por que se foi? Perdoe-me minha visão egoísta, inclusive desculpem-me, a todos e todas que se incomodam, começando com os mais próximos e próximas, nossa família!
7 anos!
Sete anos!
84 meses! 365 semanas! 2557 dias! 61.368 horas! 3.682.080 minutos! 220.924.800 segundos!
Poderiam ser apenas números que representassem o sentimento de saudades e de perplexidade, uma mistura de dor, raiva e impotência, de nada pude fazer, nada e nada. Uma incapacidade de entender, algo natural que é a morte, a única certeza inexorável de quem vive, é que ele morrerá, não se pode mudar o curso do fim. Não obstante (termo que ela amava usar), não é disso que se trata!
Por maior que seja a minha racionalidade, compreensão da vida, de sua dinâmica, a dor que sinto desde aquele instante, 13:41, dia 18.11.18, não se apagará, nem mesmo passa, essas bobagens de que o tempo “cura”, ledo engano, apenas vamos vivendo, muitas vezes sem nem saber as razões de ir em frente. Aliás, independente de qualquer fé, esoterismo, conforto espiritual trazido por todas as religiões, pois elas, no fundamental cuidam da escatologia, de cuidar do após a vida, o desligar é definitivo para nós que ficamos, nunca mais seremos os mesmos, especialmente nessa inversão de lógica, de pais que se despedem dos filhos.
Talvez se respondesse sinceramente a cada vez que alguém me pergunta “como vai?”, a resposta correta seria: “Uma merda”. Obviamente que não faria isso, naturalmente ninguém que nos cerca merece a grosseria, o sentimento é interno e apenas meu, quem nos conhece não tem a intenção de desrespeitar nossas dores, essa pergunta é elementar para iniciar um diálogo, é de empatia, então nada de grosseria ao responder.
Para que escrever, então?
É simplesmente para preencher o imenso vazio da minha existência, nada mais! Pois nem no meu fim, esquecerei de você, Lelê!
O resto é silêncio!