
Assisti a um documentário sobre os cartéis do México, A batalha de Culiacán – Herdeiros do Tráfico (HBO). Basicamente, é sobre os cartéis de Sinaloa, que é um estado no noroeste do país, que é próximo da divisa com os Estados Unidos (California), onde se concentram os maiores cartéis de drogas. Especialmente os comandados pelo El Chapo, o Joaquim Guzmán, e também o seu adversário local, Mayo Zambaba.
El Chapo, foi preso, fugiu duas vezes, virou uma lenda, porém ele foi preso numa operação conjunta com a DEA, e foi extraditado para os Estados Unidos. E sempre teve uma controvérsia grande se houve uma participação do cartel rival, se não tinha um acordo com os Estados Unidos em relação à entrega, pois um dos filhos de Mayo foi “testemunha” contra El Chapo que pegou prisão perpétua e mais apenamento de 30 anos depois da morte, ACREDITEM, esse foi o veredito da justiça dos EUA.
O documentário da HBO (visão marcante dos EUA, mas não impede de se assistir) mostra a chamada “A Batalha de Culiacán”, que é a capital de Sinaloa. Começa o primeiro evento trágico em outubro de 2019, em que a segunda geração dos Chapos está no comando do cartel, no caso os filhos, um deles chamado Ovídio, nome poético, do poeta romano. Ovídio Guzmán vira maior alvo da DEA.
Ovídio passa a comandar a rede de laboratórios para criar a Fentanil, que é a droga mais mortal e virou uma epidemia nos Estados Unidos, sendo a responsável pela grave mortalidade, chegando a ter 107 mil mortos em 2022. Por essa liderança, Ovídio passa a ser muito visado pela DEA, que é a agência antidrogas dos Estados Unidos, que já tinha prendido o pai e agora queria prender o filho, para tentar dar resposta interna à crise dos opioides, que em 25 anos, matou mais de 1 milhão de pessoas.
Em 2018 uma operações, no começo do governo do López Obrador, o exército chega a prender Ovídio, mas o cartel se organiza, cerca a cidade e eles são obrigados a devolver o preso por conta da ameaça de matar mais de 200 pessoas, e das centenas de reféns, além dos já tinham sido mortos. E houve um acordo, não se sabe exatamente, com a participação ou não do presidente, mas o exército foi humilhado, porque foi uma intervenção do exército junto com a polícia local e eles foram humilhados pelo narcotráfico e ali principalmente pelos sicários, pistoleiros que são contratadas para atirar.
Foi uma “guerra civil” dentro da cidade de Culiacán. e ficou conhecido como Culiacanazo. Tempos depois, já no embate muito forte entre a diplomacia dos Estados Unidos e do México, muitas acusações, os Estados Unidos acusando que o governo Obrador era conivente com o narcotráfico ou até chega a financiar matérias de um jornalista de que ele tinha recebido dinheiro do narcotráfico na campanha eleitoral de 2006, algo que nunca foi provado com os indícios, porque nunca chegou efetivamente a ele, mas era uma forma de pressão do governo dos Estados Unidos.
Importante notar a tática dos EUA em qualificar cartéis em organizações terroristas, o que dará o direito de intervir em países para “combater terrorismo”, muito mais apelo do a malfadada “guerra às drogas”, que fracassou terrivelmente, um ex-analista da CIA diz literalmente: “DEA é legal, bons policiais, mas não entendem de política, acham que prender líderes desarticularia os cartéis e depois o tráfico e a violência apenas cresceu”,
Vale ressaltar que o Governo dos EUA fez acordos direto com estados e não diretamente com o Governo do México (será que fariam isso com o governo do Rio de Janeiro, de São Paulo?), mantendo uma relação tensa, mesmo o Governo Obrador facilitando a extradição de Ovídio numa manobra jurídica inacreditável, ao invés de procurar seus advogados notificam ao preso que será extraditado, em 12 horas o mandam aos EUA.
A violência generalizada no México dar-se pela guerra entre os cartéis, a corrupção de agentes públicos, o medo sobre eles, pois ameaçam suas famílias, explicam muito a situação de crise permanente a quantidade de mortos, desaparecimento e nenhuma investigação, que tomou conta do país com fronteira imensa com os EUA que tem o “mercado” para drogas, como também fornece armamentos sofisticados aos cartéis..
Há risco de Mexicanização da Segurança Pública no Brasil por conta das facções criminosas? Os EUA podem intervir da mesma forma que fazem no México? A Política de enfrentamento dos EUA não há grandes diferenças entre Democratas e Republicanos, boa parte dessas leis e propostas veem de Obama, Biden, agora postas em prática por Trump.
Cenas dos próximos capítulos.