2522: O Brasil da Música, do acolhimento e da dor, da democracia e da ditadura.

o magistral Chico Buarque e um Brasil possível.

Todo dia eu só penso em poder parar
Meio-dia eu só penso em dizer não
Depois penso na vida pra levar
E me calo com a boca de feijão
(Cotidiano – Chico Buarque)

 

É, pode ser genética, hoje, véspera de Natal, minha filha assistiu um vídeo sobre a importância da Bossa Nova no mundo musical, feito pelo músico Charles Cornell, em que ele faz um paralelo entre a alta qualidade musical do movimento e a sutileza do protesto, inserido no contexto de um Brasil que despertava para o mundo, que tinha uma marca o Samba, que se somou o futebol, com as primeiras duas copas do mundo.

Logo em seguida, o Golpe Militar, para deixar claro que a burguesia brasileira não era dada à democracia, muito menos tinha gosto musical refinado, preferia o som da caserna e dos hinos militares, sem nenhum pudor saiu à caça dos comunistas, das pessoas de esquerda, dos democratas e depois de qualquer cabeludo ou artista que não lhe agradasse.

À propósito, quem não viu, vale assistir ao espetacular, “Ainda estou aqui”, grande filme de Walter Salles, com a portentosa, Fernanda Torres, baseada num relato de autobiografia de Marcelo Rubens Paiva, que diz muito sobre os BRUCUTUS estúpidos que mandaram no Brasil, em nome do Capital, obviamente que uma certa esquerda de verdade tem destilado seu rancor contra o filme, pois não é suficiente na denúncia do regime civil-militar.

Voltado ao amanhecer, dessa véspera de Natal, Luana, minha filha, empolgadíssima com o vídeo e falando sobre os artistas brasileiros que ela conhece e admira, curiosidade sobre suas histórias, ainda que no vídeo o foco maior fosse o gigante Tom Jobim, o nome que tem maior impacto sobre ela é Chico Buarque e passamos a ouvir alguns clássicos, aí a genética falou mais alto, pois, Construção é para ela, como para mim, o melhor poema musical da língua portuguesa, que nós conhecemos.

Entramos pela história de Roda Viva, os espetáculos invadidos pelo CCC, das sutilezas explícitas de protesto de Cotidiano, João e Maria, da censura em Cálice. Os movimentos neopsicodélicos no Brasil da Tropicália e dos Mutantes.

O Brasil é tão rico musicalmente, ela queria conhecer mais sobre Cartola, as origens do samba, de como esse mundo se entrelaça com a política, as mazelas e as lutas de um povo complexo, que vai da ternura à violência explícita, do acolhimento singular para o desprezo pelos mais pobres, são as contradições de um país que não se fez Nação.

No meio, ao que creem, Feliz Natal e Ano novo bom, sem medo de ser feliz,

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Author: admin

Nascido em Bela Cruz (Ceará - Brasil), moro em São Paulo (São Paulo - Brasil) e Brasília (DF - Brasil) Advogado e Técnico em Telecomunicações. Autor do Livro - Crise 2.0: A Taxa de Lucro Reloaded.

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