O Brasil passa por mais um processo eleitoral nacional, para renovação das prefeituras e câmaras de vereadores, dois anos depois de uma eleição presidencial extremamente polarizada, em que a direita e extrema-direita se tornaram ampla maioria na Câmara Federal e força significante no Senado, mas perderam a disputa presidencial, por apenas 1.9% dos votos, uma vitória maior de Lula e da ampla aliança construída pelo PT.
As eleições atuais acende um alerta: A esquerda tem que se constituir em força real para barrar a ultradireita.
A luta de classes mundial é extremamente desigual, não há um polo claro de resistências, a década de 2010 foi destrutiva para as forças democráticas no mundo. Essa realidade advém da mega crise de superprodução do Capital, de 2005-2008, a nova superestrutura política erigida da crise exige maior restrição à Democracia, criminalização da política e morte da esquerda, esses são os fundamentos do Ultraliberalismo que pariu a ultradireita, com claro viés fascista.
O reflexo disso no Brasil é a força das forças de Direita e Extrema-Direita demonstrada mais uma vez nas eleições, com candidaturas esdrúxulas como LaMarçal que teve 28,14% (1.719.274 votos), um guru-coach com ideias fascistas, com campanha baseada nas redes sociais, uma mistura de religião e promessa de riqueza, sem modos, escrachado e sem nenhuma proposta real, tudo vira comunista, esquerdista, senso comum ao extremo.
Em Fortaleza, uma das maiores cidades do país, um candidato de Deus, Família e Bolsonaro, ex-youtuber que ensinava a “raspar o Cu”, é deputado federal e agora teve 40,2% dos votos no primeiro turno, atropelou o candidato natural da extrema-direita local, o Capitão Wagner e o Prefeito, ambos com menos de 12% dos votos. O recém-Petista, Evandro Leitão, teve 34.3% e disputará um acirrado segundo turno.
Os resultado gerais são a confirmação das forças mais atrasadas do país, o que demonstra que a onda da ultradireita continua produzindo desastres. O PT é a única barreira real desse país não ir direto para o ultraliberalismo. Com todas as contradições que possa ter (são muitas, algumas explosivas).
O PT aumentou de 6.9 milhões para 8.9 milhões de votos. Recuperou prefeituras de 182 para 251, já teve 650, O PT que muitos davam como morto aumentou o número de vereadores de 2668 para 3118. PC do B caiu de 702 para 354 vereadores, caiu a votação de 1.2 milhões para 300 mil.
PSOL não elegeu prefeitos, perdeu Belém, seu prefeito não foi ao segundo turno. está no segundo turno de São Paulo, mas diminuiu número de vereadores de 92 para 80, mesmo aumentando o número de votos, de 2.2 milhões para 2,6 milhões de eleitores.
A resistência passa pelo renascer da esquerda, não pela superação do PT, como muitos acreditavam, entender as contradições da sociedade, o ambiente de baixa qualidade da Democracia (burguesa), a perda da importância dos instrumentos de lutas do passado e o uso ideológico e controlado das redes sociais, a principal tribuna usada pela Direita e extrema-direita, sob auspícios de seus algoritmos que segregam e isolam pensamentos críticos.
As duas disputas mais importantes estão em São Paulo e Fortaleza, é necessário reverter quadros complicados, especialmente em São Paulo, Boulos, do PSOL com aliança desde o primeiro turno com PT, Rede, Pc do B, PV, PDT, deve ter apoio do PSB e do Vice-Presidente Geraldo Alckmin, sua candidata teve 10% dos votos, a deputada Tabata Amaral. Em Fortaleza é puxar a aliança com o Prefeito Sarto, derrotado no primeiro turno.
Lula deverá ajudar nas duas cidades com maior intensidade, em São Paulo, do lado prefeito Ricardo Nunes estarão Bolsonaro, Tarcísio de Freitas e toda a direita e extrema-direita, uma prévia de 2026.
Por fim, não se pode cair no derrotismo que paralise e nem se iludir de que houve um resultado excepcional, entender todas complexidades de uma eleição desigual, mas sem perder a capacidade de olhar para frente lutar, não nos resta nada mais.
Vamos com Boulos, em São Paulo e Evandro Leitão, em Fortaleza.