“A vida é brutal”
A fala de Bill Baker, interpretado pelo espetacular Matt Damon, um peão de obra (plataforma de petróleo e construção civil) de Oklahoma, de uma cidade perdida num lugar dos Estados Unidos é a sofisticação tardia de uma vida cheia de desencontros e incerta, como a maioria das pessoas do mundo. Esse é o enredo do filme, Stillwater (Netflix)
Bill Baker vai visitar sua filha, Allison Baker (Abigail Breslin), que está presa num presídio de Marselha (França), condenada por assassinato de sua namorada, Lina, uma imigrante árabe, mesmo sem todas as provas, a polícia local, pressionada pela mídia, apressou o inquérito que deu base à condenação.
Allison tem uma relação distante com o pai, que a abandonou, após a morte da mãe, ela foi criada pela avó, para ficar mais longe, decidiu ir estudar e morar em Marselha. Trata o pai com desprezo, pela baixa cultura e pelo abandono, não enxergando nele a capacidade de ajudá-la, para tentar rever a condenação.
Bill decide morar na cidade, mesmo com a oposição da filha, na expectativa de desvendar os supostos erros policiais. Ele divide apartamento com a atriz de teatro, Virginie (Camille Cottin) e sua pequena filha, Maya (Lilou Siauvaud), de certa forma, é uma espécie de redenção de uma paternidade ausente, de rever seu passado, entender sua condição humana, de pouco estudo e horizontes limitados.
Matt Damon interpreta um personagem que já foi de seu amigo e parceiro, Ben Afleck, em Gênio Indomável, em que Damon era um garoto superdotado, mas sem estudo formal, que desperta a atenção de professores da universidade em que ele trabalha como a limpeza. Afleck é o operário, que enfrenta e tem a consciência dos limites da vida.
Depois de todos os fatos vividos, a conclusão de Bill Baker é cortante. O filme todo é terrivelmente bruto, não faz concessões a nada, assim como a vida real.