Que tal nós dois numa banheira de espuma?
El cuerpo caliente, um dolce farniente
Sem culpa nenhuma
Fazendo massagem, relaxando a tensão
Em plena vagabundagem, com toda disposição
Falando muita bobagem, esfregando com água e sabão
(Banheira de Espuma – Rita Lee e Roberto de Carvalho)
Na época da Pandemia, revivi memórias e lembro de quando ainda de criança no interior do Ceará, de quando chegavam as novidades do Sul Maravilha, as modernidades de uma época, começo dos anos de 1970, a cidade sem luz, ou com pouca luz, até que se fez luz e ouvia discos dos outros, aquelas capas estranhas dos LPs, chamavam a atenção, mas a voz de uma mulher, chamou muito mais, Rita Lee.
Um salto de dez anos e pude entender com mais propriedade, quem eram, Rita Lee e os Mutantes, já morando em Fortaleza, os meus primos que eram roqueiros, metal/progressivos, tinham os Mutantes como referência. Rita Lee, já era Rita Lee, ela e Roberto, em belos trabalhos inovadores, do que viria a ser o Pop Rock Brasil dos 80.
Rita Lee era esguia, bela, lânguida, performática e engraçada, o frescor do que cantava, quase um tapa na cara da classe média conservadora, fizeram dela um símbolo, uma marca e uma presença marcante em nossa formação cultural, humana e política.
Rita Lee, dançando com Casagrande, Sócrates e Wladimir, o Brasil respirava novos ares, música, futebol, democracia, diretas já, contra os caretas, os milicos, os chatos de plantão. Ela estava ali, uma imagem que se move, canta, vibra e que embala novos sonhos, menos sombrios e de grande esperança.
A Rita Lee atravessou minha vida como um ícone, uma voz que canta, diz bobagens sensuais, sexuais e de amor, que provocam e nos faz sentir vivos.
É só disso que guardarei dela, alegria e viagens.