É provável que você ache esquisito se “comemorar” o aniversário de alguém que já nos deixou, que partiu para o lugar de onde jamais ninguém voltou, como diz o bardo inglês, e não tenho esperança de que minha doce menina, chegue aqui novamente.
Claro que sim, que não é comum tal comemoração, mas quem disse que sou comum, que não seja esquisito, um “defeito” de família, meus tios e tias, faziam festas após a morte do vovô, ano a ano, por mais de 20 anos, uma forma de reunir a imensa família, de mais de cem parentes diretos.
É uma sina, um dever, uma forma de celebrar, reviver, quase um mitologema, se religar com Letícia, sua memória, seus 23 anos, desde que veio ao mundo, num sábado, dia muito frio, em 1997, São Paulo ainda tinha inverno, até os dias de setembro, e ela veio abrir a primavera daquele ano.
Aquela garotinha que mamou faminta logo ao sair do ventre da mãe, num dos dias mais felizes da minha vida, e assim se repetiu por seus 21 anos e 2 meses, até que não resistiu depois de longos oito anos e meio de luta contra uma leucemia que enfrentou com tanta valentia e exemplo de valor à vida, amor a todos nós.
Os dias anteriores aos seus aniversários eram de intensas alegrias, de nos “lembrar” que estava chegando o dia, o que receberia na data, depois de certa idade, pedia antes, recebia, mas queria algo a mais no dia certo, sem esquecer de dizer, dia 12 de outubro é dia das crianças, mesmo com 20 anos.
A vida foi breve, nossa felicidade e honra de tê-la como filha, é eterno, ainda que doa muito não poder abraçar, vir beijá-la nesse dia especial para ela, para nós, um bolo, um cantar parabéns.
Te amo, para toda a eternidade.
❤💔❤💔❤💔❤💔 Um beijo, meu companheiro querido. Fica firme. Beijo na Luana!
Voltei. Tenho gostado dessas visitas surpresas que faço por aqui… Não sei precisar qual a frequência de minhas visitas e mesmo quando discordo de vc em algum ponto, o “diálogo” é sempre enriquecedor. Tua Letícia e minha Marina têm tanto em comum que pareço tê-la conhecido pessoalmente, através da tua lente amorosa e devotada de pai. Coisa que eu, particularmente, sou grata por compartilhar, como mãe. Mamá ia completar 23 esse ano também, mesmo mês. Fico imaginando como essas duas lindas mulheres estariam enfrentando essa pandemia. Pelo que as vimos enfrentar, de certo, continuariam encarando tudo com a devida disposição para a vida e sem medo de ser feliz, sempre com um lindo sorriso no rosto, embaixo da máscara.
Me emocionei muito por aqui. Comecei lendo as coisas sobre mitologia depois comecei a acompanhar a história da Letícia. E ela é tão linda, era tão amada. Tenho 24 anos, meu pai foi embora para a “vida eterna” (pelo conceito mais neoplatonista) faz poucos meses, sei que essa ligação é infinita. Lendo as coisas que você escreveu se pareceu muito com a relação que eu tinha com ele. Uma relação muito linda, muito carinhosa. Tenho certeza que Letícia foi um ser de luz e continua sendo.