“Pois mataram índio que matou grileiro que matou posseiro
Disse um castanheiro para um seringueiro que um estrangeiro
Roubou seu lugar”
(Saga da Amazônia – Vital Farias)
A primavera chegou em volta de uma nuvem cinza, inspirada no desastroso discurso do presidente na ONU. O céu se envergonha e chora. Nada lembra que entramos na primavera em São Paulo.
Aliás, a revolta do clima é a melhor resposta ao país que mergulhou na barbárie generalizada, a maior delas, a barbárie intelectual, ou melhor, o desprezo à inteligência e à civilidade. A afronta aos povos originários do Brasil, com o aviso que irá explorar e tomar o restante de suas terras, criminalizando e nomeando Raoni como se fosse culpado por qualquer coisa.
O avanço do obscurantismo é avassalador, os ventos das primaveras da direita tomou conta do cenário mundial, com atraso aportou no Brasil, em 2013, encontrou um campo fértil e floresceu, dando seus piores frutos em 2018.
O país retrocedeu década no cenário mundial, o discurso na ONU foi a apresentação ao mundo que o Brasil mergulhou nas trevas. Valores medievais, de completo desprezo pela civilização, pelos Direitos Humanos, se impuseram.
A conivência com a destruição da natureza, o desrespeito à diversidade cultural, religiosa, sexual e racial são as marcas que ficarão por anos e décadas.
A natureza responde com força, pois sente que as respostas racionais, dos homens e mulheres, vão demorar a chegar, e ela, a natureza, tem pressa, não aceita a destruição aberta, em nome de um punhado de pilhadores, ávidos por riquezas.
A juventude punida com um sinistro da (des) educação percebe que o problema não é o hoje, mas o porvir, toda a força da barbárie está no seu poder destruidor, no desprezo aos valore humanos, então, a Educação e a ciência, são vítimas preferenciais.
As mulheres sentem o tamanho do caos, apenas nos seis primeiros meses do ano, 226 feminicidios em São Paulo, o triplo do mesmo período do ano de 2018. Tudo está permitido, o machismo assassino foi liberado contra as que nasceram de uma “franquejada”. Dória Jr, o aliado de primeira hora, é mais que conivente nesse caos, fazendo par com a histriônica Damares.
A situação do Rio de Janeiro, com a polícia recebendo a ordem inequívoca para matar, dita e repetida, por Wilson Witzel (ou seria Frisk), o Bolsonaro local, levou à incrível marca de 1250 assassinatos por forças policiais, em 8 meses, não poupando crianças, adolescentes, quase todos negros e negras, pobres, um genocídio e nenhum respeito à humanidade, constituindo um claro crime contra a Humanidade.
Impossível a natureza sorrir e oferecer flores de primavera diante do profundo desprezo aos Direitos Humanos, à vida, a disjuntiva, civilização ou barbárie, pende para a segunda.
Triste quadrada.