“O que foi, torna a ser. O que é, perde existência.
O palpável é nada. O nada assume essência”. (Fausto – Goethe)
A vida de 99% da humanidade é quase sempre a de sobreviver, tanto economicamente, quanto horizonte social e culturalmente. Mesmo assim, boa parte busca, ainda que limitadamente, razões para viver dignamente, amar e se reproduzir. Nesse sentido as religiões, as associações mútuas, sindicais e políticas ajudam de forma decisiva para dar um sentido maior do ato de viver.
A maioria de nós será apenas mais, poucos viram “placa de rua”, menos ainda terão destaque e reconhecimento, em vida, de alguma característica especial que desenvolva, raríssimos terão os 15 segundos de fama, hoje em dia cada vez mais fulgaz, mais ainda com as redes sociais, cujo centro é a “exposição da figura”, mesmo que elas, as redes sociais, tenha dado “voz a todo tipo de imbecil”, como bem disse Umberto Eco.
Passar invisível pela terra parece ser o destino extremamente comum, nem adianta fugir dele, também nem precisamos problematizar os porquês e as razões para tal fato. Em situações extremadas, como a nossa, talvez simplesmente não “existir” seria uma opção mais adequada, ou quem sabe podemos ter algo mais para contribuir com os distúrbios dos seres humanos.
Desde ontem uma enorme sombra, interrogação pairou sobre nós, A evolução complexa da saúde da Letícia, nessa terceira vez caída pela Leucemia, parece nos açoitar sem nenhuma piedade. O quadro dela se agravou substancialmente, em menos de 24 horas, saímos do quarto, para UTI, de lá para uma situação de intubação bem agressiva e de tensão.
As próximas 72 horas se tornarão as mais duras já vividas por ela, por nós. Sendo bem direto, o momento é grave demais e não tenho palavras amenas, o coração dói, chora, pois há mais variáveis indefinidas de que uma certeza, exceto a dela de lutar, ainda silenciosamente pela Vida.
Vamos lutar muito, nobre guerreira. Meus amigos, pedimos que nos unamos em fontes de energias e amor para nossa pequena e gigante Letícia.