O risco de que a eleição se decida no primeiro turno, de forma puramente emocional, ou melhor, irracional, no caso do Bolsonaro, será o enorme prejuízo político de não se discutir efetivamente os programas e as perspectivas para o Brasil.
Bolsonaro, com 8 segundos na TV e o incidente da facada, sem NENHUMA proposta apresentada, apenas o “contra tudo que está aí”, escondeu o que é o candidato, o que ele pensa e o que ele faria num governo.
Sem um debate direto, vota-se num cheque em branco que será usado contra todos.
As últimas pesquisas começam a apontar para um acirramento político ainda maior, com características muito parecidas com as eleições de 1989. Com o engajamento enorme para a extrema-direita, insuflada pelo Medo da Esquerda, transformando em votos definitivos, uteis (sic), que levaria a uma vitória no primeiro turno, de Bolsonaro.
Essa disputa, mano a mano, desidratou Marina e Alckmin, de forma irresistível, e impediu crescimento de Amoedo, com a migração de seus eleitores rumo ao Bolsonaro, em sua maioria, por “medo do PT”, o resquício da campanha difamatória dos últimos anos, claro, pelos erros de seus governos.
Esses eleitores, identificados com a Direita e Centro, apenas uma parte pequena, vai rumo à candidatura Haddad, não com convicção, mas por saber do risco de ruptura institucional de uma candidatura da extrema-direita e as aberrações proferidas por ele e seu vice, as ameaças de não respeitar os resultados eleitorais ou simplesmente rasgar o que sobrou da Constituição.
No campo de centro-esquerda, Haddad se distanciou de Ciro, ambos estão mantendo as intenções de votos, mesmo com o apelo hipotético de que Ciro “venceria” Bolsonaro, num 2º turno. É quase uma chantagem, sem garantia de que seja certa.
Detecta-se, especialmente nas redes sociais, uma volta de eleitores do PT que tinham declarado voto em Ciro, mas permanece uma dúvida, mas a campanha de voto útil de Ciro, acaba incomodando e não agrega, a instabilidade explosiva gera dúvida ainda maior se ele seria capaz de manter firme o embate ou ter uma atitude desairosa e poria tudo a perder.
Essa divisão e pouco urbanidade do debate, nesse campo, facilitou o trabalho da extrema-direita, pois não precisa explicar nada, é só a contraposição ao PT, à esquerda, o “comunismo”, a URSAL, esse antipetismo primário que não diz nada, que, inclusive, não ajuda na necessária crítica, em apontar os erros que cometeu nos seus governos.
É o que se vislumbra, um embate entre Civilização x Barbárie, o que vai além de ser apenas uma disputa eleitoral qualquer. O Segundo turno será uma oportunidade de se conhecer quem é Bolsonaro e o que se propõe Haddad ou Ciro.
Ainda dá tempo de garantir o Segundo turno.