A Execução da Vereadora Marielle Franco pôs em Xeque a Intervenção Militar, ou, como afirmam, o “laboratório” de como as forças de repressão especiais podem agir, sem freios, em grandes centros urbanos e garantir um tipo de Poder despótico com aparência de “Democracia”, vendendo simpatia de que combatem a violência e a criminalidade, tornando o “morro” o Inimigo.
Os desdobramentos dessa Execução podem ser apresentados numa contradição, que tenho refletido muito sobre o seu significado nessas duas últimas noites insones, qual seria o signo para conjuntura do GOLPE, ele vai:
1. Avançar a Repressão ou;
2. Romper a lógica do uso da Força do Golpe, interrompendo-a.
Para cada uma dessas posições trazemos alguns exemplos históricos que entram na memória imediata. Para o primeiro cenário, a morte de Marielle Franco, nos remeteria ao assassinato do estudante Edson Luís, que mesmo depois das enormes manifestações, o Golpe entrou na fase mais sinistra, com a edição do AI5 e mergulho na brutal repressão posterior, inclusive com a Economia em crescimento, escondendo o calabouço;
No segundo cenário, a trágica morte dela, nos lembraria a do jornalista Wladimir Herzog, até a farsa, a primeiro momento que tinha sido um ” assalto”. Neste caso que apressou a debandada de apoio e, consequentemente, o maior questionamento da Ditadura, mesmo assim, mais de uma década para seu “fim”, com ampla negociação de não punir os Golpistas-torturadores. A crise do petróleo também explica a mudança de humor.
A meu ver, as duas hipóteses não são fechadas e podem levar a fusão de ambas, pois as características desse Golpe não guardam relação direta com 1964, exceto o DNA secular da Elite brasileira de não tolerar Democracia.
Quem acompanha esse blog sabe sobre a tese de Novo Estado, Ultraliberal, que denomino de Estado Gotham City, em que um novo paradigma de “direitos” são construídos (todos os outros suprimidos ou rebaixados), portanto não se trata de Estado de Exceção, mas de Regra, permanente e que responde ao novo crescimento ou ciclo amplo do Kapital, de sua retomada pós 2008.
Aqui, sempre na minha visão, há uma convergência entre uma “esquerda de verdade” e o Tea Party, ainda que involuntária, ambas buscam o Liberalismo, a Liberdade, e a ruptura com o Velho Estado de bem-estar social. Isso inclusive foi a maior vitória do Kapital com a queda do Muro de Berlim, em 1989.
Nessa realidade “líquida” das Primaveras e das Jornadas, a Direita, venceu de lavada, não apenas economicamente, mas na destruição da Democracia e da Política, tudo em nome do MEDO, contra o Terror ou Corrupção, o Estado Segurança, Repressor, das Agências e sem mobilidade Política dos programas dos Partidos, estes a vítima maior.
Até quando vamos reivindicar o Velho Estado, morto? Até quando!!
PS: O PSOL tem um protagonismo, no meio da tragédia, mas prefere a vaia tola, das disputas de DCEs, para seus adversários, mesmo esses se apresentando como aliados e solidários. Que lástima!!