“É próprio da natureza humana, lamentavelmente, sentir necessidade de culpar os outros dos nossos desastres e das nossas desventuras.” (Luigi Pirandello)
É certo que passei da idade de arrumar culpados(as) para todas as questões das quais sou o responsável ou muito interessado que se realizassem. Assumir os erros, ou fracassos, parece a melhor decisão para evitar maiores problemas, em especial, com nosso travesseiro. Quiçá, também, evitar o trabalho de arrumar os culpados ou de ter que contar porque eles e não nós somos os responsáveis.
Obviamente que há circunstâncias que explicam e até justifiquem que uma determinada empreitada não saiu como planejada, nada de anormal nisso. Portanto, não se precisa criar toda uma justificativa para ficar bem na fita. Feitas essas considerações prévias, passemos ao principal,
As eleições estão bem próximas com uma série de prognósticos preocupantes, bem provável que aconteça o pior.
Antecipadamente, já aviso que não concordo e aceito, que a saída mais confortável será a clássica: Culpar o “povo”, alguns mais inflamados (estúpidos), dirão que o “o povo é burro, merece mais é se ferrar”. De mim, jamais, encontrarão esse tipo de comportamento, por mais que me decepcione com os resultados previstos e que, se concretizados, meu esforço será de procurar entender onde erramos, por que erramos, com podemos mudar e nos comunicar melhor.
Mais ainda, vou ajudar a investigar as saídas de como enfrentar o cerco imposto a nós, muito se deve aos nossos deméritos e, lógico, porque o outro lado trabalha duro contra nós, com mais poder econômico e capacidade de expor (enganar?) sua ideologia. E, para mim, parece nítido, que nem sempre teremos o povo do nosso lado, de que essa onda reacionária pode ser longa, mas terá uma inflexão, uma oportunidade para que voltemos, melhores e mais fortes.
Sempre, sob meu ponto de vista, a pior armadilha em que não podemos cair, é bater nas pessoas que hoje nos virarão a cara, ou tentar culpá-las por não entender nosso discurso, as nossas razões políticas e nossos atos, quando no governo. Pois, se assim fizermos, vai dificultar uma aproximação e um novo diálogo em breve, não apenas eleitoral, mas de chamado à luta e à resistência. A arrogância de nos enchermos de verdades e e nos isolarmos das pessoas, é o caminho natural, se não tivermos a calma de analisarmos uma derrota.
A conjuntura mundial e local é toda contra a Esquerda, a onda antipetista no Brasil, que é a maior identidade que as pessoas enxergam como Esquerda, gerou um reacionarismo violente, irracional, não natural, mas inteligível. A Direita foi extremamente eficaz na sua campanha destruidora, aproveitou todos os nossos vacilos, teve a paciência de se preparar para partir para esse violento ataque, quase mortal.
Também não podemos fingir que não erramos, nem de quanto erramos, e do quanto nos afastamos das pessoas comuns, da acomodação e adaptação completa ao Estado burguês, com suas facilidades corruptoras. Inclusive como participamos do jogo e de esquemas eleitorais corruptos, sem jamais nos diferenciarmos. Muito menos tentamos quebrar a “roda viva” eleitoral e lógica de fazer política.
Enquanto a economia crescia e os nossos governos eram bem avaliados, não tivemos a ousadia, ou capacidade mesmo, de romper com o estado corrupto secular, que é montado para corromper e engolir qualquer governante.
Para eles, a Direita, tudo é permitido, para nós, Esquerda, sabíamos (ou deveríamos saber), que não. Tudo seria julgado e pesado, mas nós esquecemos essa realidade, que eles viriam para cima, na primeira chance efetiva. A ilusão de que respeitariam até o calendário eleitoral deles, foi de uma ingenuidade fenomenal.
Enfim, não chegamos aqui por acaso, mas também não precisamos ficar a nos caçar e entrarmos num atoleiro sem fim. É enfrentar as críticas e autocríticas, sempre no sentido de avançarmos e rompermos com o marasmo que nos ameaçará fortemente, depois dessas eleições.
O povo está confuso, descrente, sem saber exatamente o que realmente está acontecendo, por que esperaríamos que continuasse conosco? É fato que, muitas vezes, viramos as costas para o povo, na maioria das vezes só o procura na época de pedir voto, qual diferença com a Direita? É relevante, não esquecermos dessa máquina midiática massacrando diariamente, sempre martelando contra a Esquerda em geral, o PT em particular.
Seria um verdadeiro milagre, como o foi em 2014, que ainda tivemos um expressivo resultado eleitora, a última lufada, mas nada garante agora, ou em 2018.
Agora é paciência e calma, respeitar a confusão ideológica e ter a inteligência de nos reconstruir. Demora, mas é possível, mas sem romper irrefletidamente com o povo, por esse momento triste. O povo não é burro, tolos são os que assim pensam, achando-se superiores e mais intelectualizados, bobagem, são incapazes de se comunicar e entender a realidade concreta.
Votemos pela Esquerda, domingo, sigamos juntos o debate.