“Saudações a quem tem coragem” (Pense e Dance – Barão Vermelho)
Ontem, 29 de agosto de 2016, será lembrado para sempre como o dia da infâmia, aquele em que uma Presidente foi julgada no Senado por crime que não cometeu. Também será lembrado pelo dia da coragem e força de uma mulher que já tinha enfrentado a tortura bárbara das masmorras militares, agora julgada por parlamentares, em sua maioria réus de tantos crimes. Sua altivez assombrou a todos.
Ao que pese o jogo de cartas marcadas (“jogo, jogado”, palavras do Senador Eunício Oliveira), os votos imutáveis, mas presença de Dilma no Senado enfrentando seus algozes é maior momento político do Século XXI, e um dos maiores da história do Brasil.
Enquanto tantos machos-alfas fugiriam de um embate simples, a fibra dessa mulher destemida, assombra os covardes e demagogos. Poucos personagens deram a cara a tapa, sem medo, sem se esconder, em condições extremas, daí a grandeza do ato. Podem odiá-la, muitos, apenas por ser mulher, mas não tem como ignorar a força desse instante histórico, a sua grandeza.
Que mulher, que exemplo.
A performance de Dilma no Senado me fez lembrar os versos de Camões:
“Cesse tudo o que a Musa antiga canta,
Que outro valor mais alto se alevanta”
Portanto é preciso pontuar algumas questões para reflexões futuras, pois esse momento é de desolação com o precipício que se aproxima:
1) Para todos aqueles que tomavam Dilma por inepta, inclusive os machos e fêmeas de esquerda, hoje devem ter calado a boca, com tanto brilhantismo e coragem;
2) Dilma pôs no bolso um a um os golpistas, eles, assim como muitos de nós, subestimaram a capacidade dela, então ela “almoçou e jantou”, os pernósticos machões ignorantes da oposição, assim como aquelas mulheres que se reforçam o estereótipo do machismo atávico;
3) Fez picadinho nos mais arrogantes, como Aécio e (Cunha)Cássio, demoliu Aloysio, não deixou pedra sobre pedra. No final sambou e cantou:
É Golpe!
4) Mandou um recado claro, podem votar contra, mas não conseguiram provar nada contra mim, tudo aqui é política, mas eu sou honrada, o que a maioria vocês não é;
5) Não existe campeão moral, nada disso, mas é tão nítida a superioridade moral, conhecimento e capacidade de Dilma, que espantou a todos, de todos os lados, soube se comportar como uma gigante e heroica mulher;
6) O vexame que esses senadores passaram valeu cada instante, mais uma vez o poeta fala mais alto:
“Eles passarão, nós passarinhos”.
7) O usurpador que se borrou na abertura da Olimpíada, nem foi ao encerramento, hoje virou pó. Dilma se agigantou para sempre, eles são nanicos, esse é o fato cruel do momento, seremos dirigidos por um golpista medroso, covarde, que se esconderá de todos;
8) Meus companheiros que tanto bateram em Dilma (escrevi aqui, O Machismo de “Esquerda”), hoje também não se apresentaram para pedir-lhes desculpas, mas não fariam mesmo, o orgulho e a arrogância são as mesmas da Direita.
Dilma ocupará um lugar maior na história, NENHUM desses senadores será lembrado por qualquer nota digna. Triste demais, pelo que nos aguarda, mas com um orgulho imenso pelo desfecho histórico.
Obrigado, Presidenta, meu voto não foi em vão.