“fator político fundamental entrou num processo irrevogável que podemos apenas definir enquanto um processo de despolitização crescente. O que era no início um modo de vida, uma condição ativa essencial e irredutível, tornou-se agora um estatuto jurídico exclusivamente passivo, no qual a ação e a inação, o privado e o público, são progressivamente obscurecidos e se tornam indistinguíveis.” ( Giogio Agamben)
O que passaremos a viver, no Brasil, desde agora e em diante, é que não existe mais respeito ao principal artigo do contrato da democracia representativa: O VOTO.
Rompemos, assim, com o compromisso de se respeitar os resultados eleitorais, passando eles a ser, meros acidentes formais, facilmente modificados. Caso não se goste, dependendo da correlação de forças, questiona-se e derruba-se, sem cerimônia ou ritual complexo.
Por exemplo, um governo legitimamente eleito, que não mais tenha popularidade, não importando as razões, libera-se a necessidade de se que se espere o fim do mandato e que se tenha novas eleições. Basta que o legislativo, os vereadores ou deputados, se junte e retire o executivo de plantão do governo local, estadual ou federal. Simples assim, sem delongas.
O Senhor Michel Temer, que não teve um mísero voto se quer, e que conspirou publicamente contra a quem deveria RESPEITO e OBEDIÊNCIA institucional, mandou uma mensagem bem clara, não há mais hierarquia política, o GOLPE pode ser dado sem cerimônia, sem decência alguma. Conspire, arrume seus aliados, corrompa-os, prometendo-lhes cargos e vantagens, traia seu chefe-em–ordem e sorria como se nada tivesse acontecido;
É assustador como a mídia nacional ainda possa mandar e desmandar nos destinos do país (por onde andarão aqueles que apregoavam o fim do PIG?). A mídia segue escolhendo como e quando vai derrubar qualquer governo que não lhe agrade? Abertamente manipulou as matérias, massacrou como quis, sem direito ao contraditório, seguiu maltratando a informação e mentindo sem pudor.
Por fim, fechando o quadro geral, mas poderia ser o primeiro ponto, desse desabafo, o Judiciário e as instituições republicanas, como MP, TCU e PF, foram protagonistas e coveiros da Democracia, em nenhum momento respeitou ao seu princípio fundamental que os legitima, a Lei. Agiram e agem politicamente, como se não houvesse amanha.
Qual o compromisso com os direitos políticos e sociais que o esse Governo, o Legislativo e o Judiciário darão à população do Brasil, depois desse GOLPE? E entre eles, qual será a relação republicana? Quem vai mandar em quem? Como será a partilha de um poder conseguido pela força ilegal e imoral?
As novas traições será a marca dessa guerra insana pelo pode ilegítimo. A aventura golpista trará graves consequências e retrocesso social, por muitos e muitos anos, não tenho NENHUMA expectativa de que haja qualquer reversão nessa farsa última do Senado. O Estado de Exceção venceu sem precisar de usar forças extremas, a apatia e despolitização que Agamben nos fala tão bem.
A preocupação deve ser com o porvir.
Daí que não voto mais.