Como se articulam as pequenas tragédias, os incidentes pessoais com a do mundo todo, que é feito de grandes acontecimentos, trágicos ou não? Afinal, o que nós somos? Um mundo inteiro cabe em nós, mas nosso mundo é minúsculo diante da imensidão do “mundo”. Aqui, lembremos, a relação do “nosso” tempo, com o “tempo”, o hiato de nossa existência, em proporção ao amplo tempo. O que vivemos? Quanto vivemos?
Este intricado mistério de o quanto somos ou de quanto vivemos, diante de um todo que nos oprime, ou que nos empurra para nossa real existência, nossa temporalidade. A vida (tempo e lugar que ocupamos) é breve demais, nem temos consciência de elaborar, dimensionar o que cada um de nós é, ela acaba, um sopro, um tolo equilíbrio. Esta coisa nos assusta e nos impulsionar a fazer algo mais, ou nos paralisa para sempre.
Estas reflexões são egoístas, mesquinhas, de quem teve tantas coisas para realizar, mas não deu conta, então passa a questionar o tique-taque da vida, a ordem das coisas, as leis universais, quem sabe se insurgir contra elas, reescrever algumas, enfim, fazer algo de útil e que faça sentido a vida. Consumidos pela revolta, atingidos por males, próprios da existência humana, nem sempre bem digeridos, nos pomos a pensar, viajar nos delírios do “curvo pensar”.
São tantos os caminhos seguidos e perseguidos, mas ainda tão insignificantes, quase nada justificando o viver da humanidade, a lógica da criação, de onde efetivamente viemos e menos ainda compreender o porvir, ou se o que fazemos hoje vai alterar qualquer coisa nesta janela incerta. A consciência destas limitações humanas pesa profundamente no agir, no que se intenta da vida, só não pode (nem deve) nos sufocar, para que não percamos a vontade de ir em frente, rumo ao desconhecido.
Pequenos ou grandes, protagonistas ou meros expectadores, fortes ou frágeis, o lugar aleatório que ocupamos no teatro, chamado Mundo, foi reservado ou conquistamos, no fim, saberemos (ou não).
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