A Sétima eleição direta presidencial depois da Ditadura, terá a sexta disputa entre PT e PSDB, os partidos políticos mais representativos do Brasil, com projetos nacionais e presença em todos os estados do país. O terceiro partido, o PMDB, acaba sendo um agrupamento de vários projetos regionais, com forte presença no Congresso, que eventualmente se alia nacionalmente com o PT ou PSDB, mas nunca unido e fechado com estes projetos. A marca desta eleição, mais uma vez, é a disputa entre os dois projetos nacionais, de Partidos consolidados.
Dilma (PT) no 2° turno com Aécio (PSDB) fica a mensagem que a disputa é entre partidos, projetos, um duro golpe na baboseira de quem os renega. A democracia brasileira precisa de Partidos políticos, que se firmem com projetos de poder e de oposição. A eleição confirmou o principio. Este papo furado de “novo” que se aferra em saídas messiânicas, que nega a política, os partidos, num fundo nega a democracia e o povo. São projetos individuais ou de pequenos grupos elitistas, aristocráticos e autoritários, onde cabe qualquer tipo de golpistas.
O PT nascido no seio da classe operária com forte presença de intelectuais, apoiado pelos setores médios e de categorias importantes como professores, bancários, foi moldando seu projeto saindo da esquerda clássica rumo à centro-esquerda, o que evidenciou o rebaixamento programático e uma série de alianças que permitiram eleger seguidamente três eleições presidenciais, chegando ainda em primeiro lugar na quarta eleição. Porém, o desgaste de todos estes anos de governo, de acordos por governabilidade faz com que esta eleição se torne dramática.
O PSDB, uma ruptura do PMDB, inicialmente uma formação de socialdemocrata, viu o PT ocupar seu lugar no centro e à esquerda, também fez sua virada rumo ao Centro-Direita, nos últimos pleitos fez uma opção mais à Direita. O partido se encastelou em São Paulo, o estado mais rico do Brasil, com um projeto extremamente conservador, dominado por setores ligados a seitas religiosas radicais e com forte presença de ex-militares da PM e membros do ministério público. Pela primeira vez seu candidato não é de São Paulo, a opção por Aécio Neves, um político playboy de Minas, vindo de uma família conservadora e de história no poder, inclusive seu avô, Tancredo chegou a ser eleito o último presidente por via indireta, em 1985.
Cabe lembrar os erros grosseiros dos institutos de pesquisas, que na melhor das hipóteses não conseguiram captar o crescimento de Aécio Neves, diante de uma candidatura quase “morta” chega forte ao segundo turno. O que nos leva a crer que pode ter sido apenas uma grave manipulação, para dar esta impressão de que Aécio é o “vencedor”. Nada neste meio é por acaso, como também não acredito em coincidências, parece claro que houve má-fé e conluio entre os institutos e a mídia para fortalecer seu candidato: Aécio.
Marina, a grande derrotada, quando viu os jornais e TVs dos seus “amigos”, aqueles que ela ajudou de forma tão decisiva, agora abandonada deve ter lembrado Augusto dos Anjos: “A mão que afaga é a mesma que apedreja”. Mesmo assim, Marina, cumprindo sua virada completa para Direita, mais uma vez usou de linguagem oblíqua para sinalizar o apoio ao candidato Aécio, pois na sua ignorância acha que foi o PT que a desconstruiu, na sua vaidade de guru não cabe autocrítica de como foi ela mesma que se destruiu com tantas contradições.
O segundo turno será uma cruzada Anti-PT, o tema não será o Brasil, mas como derrotar o PT. Juntarão os mais diversos tipos de reacionarismos, comandados pela mídia e sua sanha de escândalos e proteção aos seus amigos do PSDB. Basta ver a cobertura das eleições no primeiro turno. Por exemplo, na GloboNews, o canal de notícia da TV paga, da Rede Globo os “jornalistas” e seus “especialistas” TODOS só faltavam usar os adesivos de Aécio Neves uma Vergonha alheia completa. Antes dos resultados oficiais, o #mimimi da #GloboNews chegou a quase histeria, com as graves e infundadas acusações sobre o processo eleitoral e as urnas eletrônicas.
Os dois projetos voltarão ao embate, mesmo com todas as concessões feitas pelo PT, os frações dominantes do Kapital jogarão com todas as suas forças para impor uma derrota ao PT. Aécio pode não ser o candidato dos sonhos, sem o efeito comoção com a morte de Eduardo Campos, dificilmente teria um segundo turno, então esta janela, esta possibilidade será aproveitada. O ataque será direto e sem meias palavras, todas as graves falhas e defeitos do candidato serão esquecidos, o alvo será Dilma e o PT.
Volta à cena Armínio Fraga, o cara de Soros no Brasil que foi o desastrado presidente do BC de FHC e de seus juros galopantes, do ataque aos salários, com ele mesmo já declarou recentemente que eles são muito altos no Brasil, em especial o salário mínimo. As redes de proteção social que ajudou a tirar o Brasil do mapa da fome e tirou milhões da miséria estarão sob o foco e crivo, serão vistos como “custos” e não será surpresa sua redução ao menor patamar possível, pois ficaria muito mal acabar como um todo.
As privatizações também voltarão ao horizonte com Petrobrás (Pré-Sal), Banco do Brasil e Caixa Econômica será o alvo principal, todos os avanços de indústria nacionais articuladas em torno da Petrobrás e da política de crédito não terão vinda longa num governo Aécio. A subordinação ao capital especulativo que não quer o Estado atuando em nada, a propaganda de ineficiência será marca e será trombeteada aos quatro ventos pela mídia entreguista, uma sanha de vingança e de caça às bruxas pelos últimos anos.
A vitoriosa política de ampliação do acesso ao ensino médio e superior MEC ,com a criação e descentralização dos IFES e das Universidade Federais, além dos programas como Pronatec, ENEM, Prouni não tendem a ter sobrevida, a lógica de esvaziar o Estado é o norte de Armínio e seus neoliberais especuladores. O SUS e o Mais Médico também não deverão ser continuados, basta lembrar as reuniões de Aécio com as entidades médicas e suas promessas de que não renovará o programa Mais Médico, aliás, seus aliados vivem falando dos “escravos cubanos”.
O debate deverá ser centrado nestes rumos, Dilma, terá que colocar na mesa todos os projetos em curso e saber quais os compromissos de Aécio com eles. Sem esquecer-se do MERCOSUL, dos BRICS e do deslocamento das relações internacionais, que inclusive fez com que o Brasil não padecesse durante a grande Crise dos EUA e da UE. Penso que estes são os eixos, mesmo sabendo que o outro lado terá pauta única à desqualificação moral do PT, de repetir chavões das revistas, jornais e TVs contra Dilma e contra o partido, nada mais.
Será um duro embate em que o PT terá que politizar a disputa ou perderá para o moralismo e o vale-tudo midiático, não há margem para erros ou vacilos.
Vamos à luta!
E tudo para quê? Para encarar um Congresso ainda mais monstro, uma base menor, um PSD bem fascista… tadinha da Dilma…