Daqui a um mês teremos a definição do primeiro turno das eleições presidenciais, com um provável segundo turno entre a atual Presidente, Dilma Roussef e Marina Silva. Pelas pesquisas nacionais de Ibope e Datafolha, um empate técnico com vantagem de Dilma de 37% a 33% (Ibope) e um apertado 35% a 34% (Datafolha), como já disse outras vezes, não discuto pesquisas, se são válidas ou não, se usam as famosas margens para alavancar candidaturas ou resultados, para mim, elas servem como parâmetro geral da disputa.
Óbvio que o comportamento dos institutos são no mínimo estranho, quando Dilma estava vencendo no primeiro turno, ainda com Eduardo Campos vivo e candidato, eles passaram semanas sem divulgar nenhuma pesquisa, não que não tenham ido às ruas fazer tomada de opiniões, mas simplesmente morria internamente. Entretanto, com a entrada de Marina, a possibilidade de derrota do governo, as pesquisas são apresentadas a cada 3 ou 4 dias , mas isto não invalida a consulta, apenas demonstra como funcionam e a que interesses os institutos atendem.
O que parece comum a todas elas, além da disputa acirrada em cima, é o fim melancólico da candidatura do PSDB, ou pelo menos a busca para desidratar o candidato, até brinquei ontem, depois de divulgadas as pesquisas, que Aécio entrou na Zona do Rebaixamento, é o lanterna, com mesmo número de pontos do Vitória, mas perde no critério de desempate. Brincadeira à parte, o que se percebe é uma intensa boataria de que ele vai abandonar a disputa e cuidar do embate provinciano de Minas Gerais.
Mas a questão que fica é esta: A quem interessa o fim da candidatura Aécio?
Fiz um pequeno apontamento sobre o que significa a tática do boato sobra a desistência de Aécio:
1) A tática de lançar boatos sobre desistência de Aécio, ajuda Marina, pois desidrata o candidato e ela se consolida como a ‘Voz” da oposição de Direita no país, cria mais possibilidades de apoios e dinheiro que reforçaria sua candidatura;
2) Esta tática “suja” foi usada em 2010, quando a @folha_com “matou” o Senador Romeu Tuma (estava hospitalizado e saiu manchete de que morrera, mesmo o desmentido depois, vem a mensagem por que votar em alguém “morto”?), o que acabou favorecendo o Aloysio Nunes, que era apenas o quarto colocado da disputa, lembram?
3) O que estou intuindo é que há um “esforço concentrado” da mídia oposicionista para que Marina vença no primeiro turno, pois tem risco de não resistir ao embate direto;
4) A lógica de 11 candidaturas faz com que cada debate vire uma geleia geral, o que favorece uma onda irracional (candidatura Marina), que “atropela” a todos, sem que se desmitifique o seu real significado;
5) Com a candidatura de Aécio cambaleante e com o caixa de campanha baixo, estes boatos o levaria a algo em torno de 10% dos votos, o que garantiria um “mano a mano”, mas sem ele, a eleição pode acabar no primeiro turno;
6) Ou seja, querem afastar Aécio da disputa de qualquer jeito, acreditando numa vitória de Marina no primeiro turno, nem se preocupam se isto reforçaria sua tendência autoritária;
7) O simples boato, as incertezas de apoios, uma derrota acachapante matará o PSDB, mas é uma matemática complicada dos estrategistas do Kapital, pois perde um dos seus sustentáculos, quem sabe o embrião da “base parlamentar” de Marina, já que seu partido, a Rede, quase não terá congressistas, mesmo o PSB não tem grande base;
8) As desastrosas entrevistas de Marina e as idas e vindas das propostas, aos pouco demonstram a fragilidade política e a inconsistência de seu projeto, vide Pré-Sal que não era importante, depois vira “fundamental” ou o casamento gay, recua por pressão de Malafaia, depois recua do recuo e é a favor ( ou seria contra?);
9) No fundo a grande mídia que militou na oposição aos governos do PT, sempre em favor do PSDB “desistiu” de Aécio, mas também quer sua desistência, ou no máximo torná-lo um “Ex-candidato em atividade”;
Parece claro que o ocaso de Aécio e o esforço de desacreditar sua candidatura faz parte de uma tentativa de finalizar as eleições no primeiro turno, mesmo com todos os riscos associados, como a decadência do PSDB. Os números do “segundo turno” começa demonstrar que se estreita a diferença. Ademais, um embate programático, racional, sem ondas e marketing apelativo da viúva e da “salvadora da pátria”, não favoreceria Marina, sua fala “sofisticada” e ininteligível não se sustentaria numa disputa de projetos.
A força da militância petista pode fazer a diferença numa disputa sem intermediários e com contraditório eficiente, então, diante do que vemos, a nós não resta nada, a não ser lutar, desmitificar, enfrentar o irracionalismo geral com política e inteligência, sem medo de ser feliz.