De repente somos informados de que EUA espionam amplamente a tudo e a todos, na verdade uma confirmação de algo que sabíamos, sem nunca termos provas tão contundentes, até Edward Snowden ter revelado ao jornalista Glenn Greenwald, do jornal inglês, The Guardian. Snowden, um ex-agente de campo da CIA, depois deslocado como funcionário terceirizado (empresa Booz Allen Hamilton) da NSA, um braço da inteligência, em tese que cuida da segurança “interna”, mas que acabou responsável pelo grampo especializado no mundo, vigiando chefes de Estado e governos.
Anos antes, em 2010, o site wikileaks, obteve informações secretas dos EUA, a suspeita recaiu sobre o soldado Bradley Manning, que trabalhava no Pentágono, vídeos, documentos reservados, informações secretas sobre espionagem, ou relatórios de agentes, adidos, corpo consular no mundo, foram amplamente divulgadas pelo site. O Wikileaks tem como fundador e figura pública, o jornalista e “ciberativista” (seja o que diabo isto signifique) australiano Julian Assange, que hoje se encontra “preso” na embaixada do Equador em Londres.
Os dois maiores escândalos de espionagem e vigilância de governos e pessoas, só se tornaram públicos e com ampla divulgação devido a ação de membros internos do sistema de defesa e espionagem dos EUA. O ativismo digital que arrota conhecimento de tudo que acontece no mundo, até hoje, não conseguiu produzir nenhuma ação efetiva que desnude o sistema, na imensa maioria das vezes apenas repete o senso comum de que somos vigiados, de que as corporações nos dominam, mas pouco ou nada contribuíram para o combate delas. Sem a “traição” de Snowden ou Maning, o que saberíamos efetivamente?
Livros e filmes de ficção já continham boa parte destas informações sobre o controle do mundo e a vigilância massiva dos cidadãos em qualquer lugar do planeta. O que hoje sabemos de forma mais clara, mais uma vez, foi por obra e força dos dois ex-agentes dos sistemas de inteligência dos EUA, que aparentemente saíram do controle, por ódio ao governo, sem nenhuma ideologia à esquerda, como alguns querem crer, muito pelo contrário, segundo se sabe o perfil de Snowden, segundo Greenwald um “patriota de direita” (leia-se, Tea Party). Quantas vezes lemos os ativistas locais pedindo asilo ao “ídolo” Snowden, como ato “revolucionário”, francamente.
A reflexão, aqui colocada, deve-se ampliar para analisar a atuação de certa “mídia alternativa” ou mídia do B, aquela que, em tese, iria fazer o contraponto ou apresentar uma nova visão da realidade do Brasil e do mundo, o que efetivamente, ela fez e faz? O que percebo é que vive fundamentalmente das “descobertas” da grande mídia, principalmente aquela que ela trata “en passant”, como o caso atual do “aeroporto da família de Aécio”, saiu na grande mídia, em dois ou três dias ela muda as manchetes, cumpriram o papel de mostrar “isenção”, assim como fizeram com o Tremsalão, carinhosamente chamado de “cartel”.
Uma questão sempre vem à mente, quais as investigações feitas e levadas à frente pela mídia alternativa? Quais os grandes temas levantados, que não tenham sido puxados pela pauta da grande mídia? É fácil e é verdadeiro dizer que a mídia tradicional protege seus políticos e seus partidos aliados, que não os investiga a fundo, que os deixa de mãos livres, às vezes os embaraça com uma reportagem que morre em dias, mas o que se faz para que estes temas continuem “vivos”? É por pouca perna ou apenas questão de competência?
A internet, este campo fértil de versões, raramente de fatos, que seria a sentença de morte do jornalismo tradicional, em particular da grande mídia, apenas em parte cumpre este papel, as alternativas de mídia usam a mesma lógica de funcionamento de seu gêmeo, não democratizando os espaços, reproduzindo o mesmo estrelismo e vacas sagradas. Mas para piorar, não consegue, por falta de pernas ou de vontade política, levar a frente qualquer tema inédito, em regra, apenas trata, nem sempre de forma crítica, aquilo que a grande mídia impõe. A pauta e a iniciativa continuam com a grande mídia, esta é uma verdade insofismável, não adianta o choro de que o governo financia a mídia tradicional, o que também é verdade, mas pergunto: Por que o Estado deve financiar outra mídia, se ela se contenta em ser apenas em ser o “grilo falante”, uma “consciência” do jornalismo tradicional?
É por esta razão simples, que este blog, jamais se denominou como “mídia alternativa”, pois não somos mesmo, no máximo nos constituímos como blog de opinião, procurando, dentro de todos os limites de seu editor, trazer temas ao debate, que, por não ter trânsito entre os “iluminados” da mídia do B, acaba no vácuo, no vazio. Aqui, não se trata de reclamação ao comportamento geral, apenas uma constatação de que se reproduz a mídia do A, principalmente, nos seus piores vícios. O deslumbramento por uma audiência, geralmente fala mais alto do que uma tentativa de construção alternativa.
Raramente nos associamos a qualquer tipo de movimento, progressista ou radical, pelo simples fato de não encontrarmos espaços políticos para sermos ouvidos, pois preferem que apenas ouçamos e que sejamos público, não protagonista de uma nova época. Então, felizmente ou infelizmente, continuaremos com esta leve toada, enquanto der e tivermos alguma energia para escrever (com ou sem estilo, corretamente ou não).
É isto.
A novidade agora é que o repórter Sergio Leo (não sei em que veículo trabalha no momento) decretou que a Folha “faz jornalismo” a partir da denúncia do aeroporto do Aécio. Como se manchetar uma denúncia fosse jornalismo. Claro que não fui ler, mas tenho certeza de poder enumerar várias falhas de apuração. A ingenuidade dele não me espanta, e sim a da minha TL, toda alvoroçada. Quando vier o troco amanhã voltam a xingar o pasquim. É cansativo. PIG é PIG no dia a dia, não de vez em quando.
Vc tem toda a razão! A dita midia alternativa apenas reproduz o que a midia tradicional publica…O fato de abrir para comentários, dos que acessam os blogs não faz deles contrapontos…Quantos escândalos foram descobertos e cadê a continuidade, o aprofundamento, as denuncias ao MP…Nada! É o vazio…
As vezes fico me perguntando, o que devemos fazer, até o titulo das manchetes a tal Midia do B quer copiar do PIG…. as vezes textos que nada lembram o titulo, que só foi feito pra dar “manchetes”… mas entao lembro que a falta de perna acaba com todos os sonhos de democratizar as coisas… é duro encontrar quem faça com o coração e que possa executar isso sem ganhar para se manter… somos uns privilegiado de tentar fazer coisas que nao diz respeito ao que nos faz ganhar o pão. sei lá se me fiz entender… tentei..rsrs
A mestra Marinilda disse tudo!
Arnóbio, já falamos algumas vezes sobre isso, lembra?
A alternativa é recuperarmos a boa idéia que foi o Teia, mas que infelizmente se perdeu.
Fica a dica para todos os aracnídeos.
Não temos condições financeiras para apurar. De quem é a responsabilidade disso? Tive 3 milhões de acessos e ano passado, e de que valeu? Temos o caso do jornalista “alternativo” Caruso em Minas Gerais, preso injustamente até hoje, e cadê a apuração? Cadê a solidariedade?