O título é uma livre referência ao filme “Matou a família e foi ao cinema” de Julio Bressane(1969) e depois Neville de Almeida(1991), agora não se mata mais a família, melhor queimar uma banca de jornal ou mesmo um fusca, acidentalmente ou não, o que não muda o sentido das ações em curso, esqueçamos as versões esdrúxulas de que o fusca correu atrás do colchão ou a de que se tocou fogo por mero prazer. O que é relevante é o fato, o símbolo destruído de forma irracional.
As circunstâncias levaram à loucura de queimar um carro popular, mais popular de todos, hoje quase relíquia de famílias simples, como no caso do último sábado. Mas sobre esta “tática” de ação, ou como gostam de se autodenominar de o “Novo”, já tratei com bastante detalhe do tema em vários posts que consolidei numa visão ampla em A Escatologia do “Novo”, ali pouco há a acrescentar, exceto que as máscaras caem de forma mais rápida do que esperava.
Talvez seja mais simples queimar um fusca do que ir à fábrica da Volkswagen e chamar os trabalhadores para aderir aos protestos contra a Copa do Mundo a ser realizado no Brasil, mero biombo, pois no fundo se busca embaraçar o governo Dilma. Ou quem sabe queimar uma banca de jornal é mais fácil do que pedir democratização dos jornais ou exigir que a mídia seja transparente, informe e não deforme. Bem este é um tema complexo demais, como os interesses midiáticos coincidem com os do “Novo”, vivem uma doce lua de mel, até o bote do escorpião, pois faz parte da sua natureza, pois, em breve a mídia que o acalenta, o abandonará, apenas aguardemos.
A questão central não é a Copa, isto me parece óbvio, pois, se assim fosse, o nível de cobrança não era o contraponto entre gastos com Educação/ Saúde vs Estádios. Há coisas muito mais graves, do meu ponto de vista, como as obras de mobilidade, os aeroportos, o entorno dos estádios e a própria organização do futebol que não se quer mexer. O padrão de exigência tem que ser qualificado, a cobrança tem que ser ampla, não apenas da ação estatal, mas das empresas privadas que são incapazes de concluírem qualquer obra, sem estourar orçamento e prazos, aliás, estouram-se os prazos para que aumente os gastos, é uma lógica inescapável.
O próprio modelo de Estado com agências “reguladoras” que nada regulam, não fiscalizam e nada controlam, apenas favorece a ineficiência geral das empresas públicas e/ou privadas. A lógica perversa do Kapital é mantida e não questionada, com ou sem máscaras, vivemos de uma coleção de palavras de ordem e determinadas verdades que pouco condiz com a realidade, como bem demonstrou Antonio Lassance no artigo na Revista Carta Maior: Vai ter Copa: argumentos para enfrentar quem torce contra o Brasil.
É justo que se proteste que se tenha liberdade de ser contra ou a favor da Copa, mas não nos parece sério querer “melar” o campeonato com ações violentas e isoladas que muitas vezes servem como paisagem para ego nas Redes Sociais. Depois de todos os gastos vamos depredar tudo e causar um prejuízo maior, a serviço de quem, quais os interesses escondidos? Jogo eleitoral? Golpismo de ocasião? Manchete de jornais contra o Brasil?
Acompanhemos!
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