Arnobio Rocha Reflexões Do que Precisamos para Viver?

981: Do que Precisamos para Viver?

Sufi Dhikr

Sufi Dhikr

 

O mundo é tão grande, mas somos tão pequenos. Olhando para dentro de nós, percebemos que também nosso mundo interior é gigante, mas o tamanho de nossa consciência é mínimo. As proporções, entre mundo todo e nós e de nosso ser e nossa mente estão em razões diretas e comuns, aliás, competem para que nos localizemos nas duas dimensões, individualizemos cada coisa, sem, entretanto, conseguirmos entender cada uma delas em todo seu esplendor e magia, muito nos escapa, o que não necessariamente seja ruim.

A busca do conhecimento ou da maturidade intelectual independe de formação educacional, nível de estudo formal, pois isto está diretamente ligado à meditação e descoberta de si mesmo. As explicações mais sofisticadas e com maior elaboração, talvez, nem é certo, depende de um maior grau de educação formal, o que não impede de que grandes insigths sejam mentalizados e produzidos sem tal grau, apenas com a abstração e a dedicação, ainda que rudimentar. Inclusive o lugar que tais fenômenos ocorrem, não é determinado por riqueza material ou de melhor condição de vida.

As reflexões mais elevadas ocorrem na devida necessidade do ser humano, mas como depois ele consegue exprimir tal elevação é que vai diferenciar ao estado em que chegou à meditação. Muitas vezes o sublime será mostrado numa pequena formulação de frases simples, ou apenas num desenho, ou ainda num tocar de um instrumento de forma inacreditável, no som de uma música jamais tentado. Certa vez vi um mestre Sufi proferindo seu canto munido apenas de um garfo e um copo, mas a poderosa voz e aquele som eram tão intensos e vibrantes que nos punha no ar, perplexo diante de tanta maravilha, um milagre da natureza. Aquele homem com aspecto e aparência humilde conseguiu atinge o sublime, sem que fosse necessária qualquer formação mais elaborada, institucional e “civilizada”.

Depois de tanto percorrer caminhos, frequentar tantos lugares, viajar por muitos estados e países, conhecer maravilhas de variados locais e culturas, tive oportunidades incríveis de ser levado pelos mundos mágicos da literatura, do conhecimento formal, dos bancos de estudos, como se fosse acumulando títulos e honrarias intelectuais, mas o que vale realmente para vida? Nossas pequenas e grandes vaidades e ambições, cada vez mais sendo azeitadas pelo Mais, não pelo justo necessário, muitas vezes transformada em orgulho tolo de um Poder ilusório, sem perceber a transitoriedade da vida, de como é curta nossa existência.

Olhamos mais próximo um fenômeno como o do Aedo Homero que, tudo leva a crer, era apenas um homem de pouquíssima formação, mas que é tido como espetacular por qualquer Doutor, que o cita para vomitar a vaidade de seu conhecimento. Ou aquele famoso médico que se torna um “deus” especialista, sem jamais entender a missão de Epidauro, das suas famosas tabuletas, e sua linda missão médica/humana se resumia um ditame simples que dizia “Purifica tua mente e teu corpo estará curado”. (Asclépio – o Deus da Medicina).

Claro, deve estar, que aqui não se prega a ignorância, o baixo conhecimento ou baixo desenvolvimento humano, ao contrário, deve se buscar e descobrir muito mais, para ajudar cuidar de tantos males, mas que tudo isto seja mediado pela vida, pela razão humana de ser, libertando o homem de si, purificando nossas mentes, nos mostrando que o caminho maior é o interno, o interior, não o externo, o exterior. No fim de tudo, quando a carne se desprende dos ossos, o que nos restará? O ouro acumulado? Penso que não, o que vai nos diferenciar é o que somos e não o quanto temos.

Retomando a tabuleta do templo do Dragão em paz (Ryoan-Ji) que nos lembra de “o que se tem é tudo que se precisa”. Este tem sido o centro de minha busca interna.

tomatito y seikh ahmad ( Trecho de “Vengo” – em que aparece o Mestre Sufi)

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