Arnobio Rocha Mitologia Chipre e Afrodite

777: Chipre e Afrodite

Em Chipre – O Nascimento de Afrodite – Gustave Moreau

“O pênis, tão logo cortando-o com o aço
atirou do continente no undoso mar,
aí muito boiou na planície, ao redor branca
espuma da imortal carne ejaculava-se, dela
uma virgem criou-se. Primeiro Citera divina
atingiu, depois foi à circunfluída Chipre
e saiu veneranda bela Deusa, ao redor relva
crescia sob esbeltos pés. A ela.

Afrodite Deusa nascida de espuma e bem-coroada Citeréia
apelidam homens e Deuses, porque da espuma
criou-se e Citeréia porque tocou Citera,
Cípria porque nasceu na undosa Chipre,
e Amor-do-pênis porque saiu do pênis à luz.
Eros acompanhou-a, Desejo seguiu-a belo,
tão logo nasceu e foi para a grei dos Deuses.
Esta honra tem dês o começo e na partilha
coube-lhe entre homens e Deuses imortais
as conversas de moças, os sorrisos, os enganos,
o doce gozo, o amor e a meiguice.”

(Teogonia – Hesíodo – Tradução de Jaa Torrano)

 

Cronos, exortado por sua mãe, a divina Terra, para que matasse seu pai, Urano(a Ceu), e desse fim aos seus sofrimentos e de seus irmãos, pela indignidades do terrível deus. O jovem Cronos, de curvo pensar, armado de uma foice dentada, espera a noite, escondido, percebe a vinda do pai, pronto para possuir a mãe. Num movimento firme decepa-lhe o Pênis, o poder do macho, com um golpe certeiro. Do sangue, salpicado na Terra, nascem as Erínias e os Gigantes, além das Ninfas Freixos.

Cronos lança ao mar o Pênis do pai, que vai boiando até Citera, de lá até a ilha de Chipre, em que das ondas salta a divina Afrodite, “da espuma criou-se e Citeréia porque tocou Citera, Cípria porque nasceu na undosa Chipre, e Amor-do-pênis porque saiu do pênis à luz”. Assim, separado os sexos, a nova deusa, dividirá com Eros, o deus primevo do Amor, as funções do amor. Aquele, o amor fraternal, esta o amor sexual.  Como nos diz os famosos versos:

Esta honra tem dês o começo e na partilha 
coube-lhe entre homens e Deuses imortais 
as conversas de moças, os sorrisos, os enganos, 
o doce gozo, o amor e a meiguice.”

A ilha de Chipre, que nos legou tão valorosa deusa, agora nos enche de esperança. Novamente,os Homens/Mulheres, se livram de um poder despótico de um Deus, Urano/Troika, pode ser convertido em amor, o surgimento de uma deusa. Novos signos, de um novo tempo, a simbologia se renova, é quase impossível não lembrar dos versos do poeta Hesíodo, diante de um poder sem limites, na voz da divina Terra:

“Filhos meus e do pai estólido, se quiserdes
ter-me fé, puniremos o maligno ultraje de vosso
pai, pois ele tramou antes obras indignas”.

Que assim se faça.

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