482: A Queda do Moralista-Mor

 

 

A queda do Catão

 

Tinha pensado em não escrever nada sobre  Demóstenes Torres ou (Ex-DEM)Óstenes Torres, agora Diabóstenes, mas não resisti, esta é uma das figuras mais abjetas que a Direita produziu desde Collor, porém sua vigarice superou em muito a do ex-presidente. Collor nunca procurou o caminho do bom mocismo, ou em ser o moralista-mor, era apenas um deslumbrado, filho de pais ricos e fieis defensores da Ditadura. Já o ex-senador vinha de outra trajetória, sendo membro destacado do Ministério Público de Goiás, foi secretário de Justiça estadual e de Segurança.

 

Catapultado ao congresso, esta figura esdrúxula se caracterizou sempre pelo julgamento antecipado, condenação inapelável de qualquer membro do governo, eram famosos seus discursos moralistas, contra a corrupção, como se esta tivesse nascido com o Governo petista. Um perseguidor cruel, quase um inquisidor medieval, sua cara de buldgog  dava um ar mais severo, quase perverso. Todos, invariavelmente, não tinha menor chance de defesa diante do bravo senador. As revistas semanais e jornais lhe devotavam uma fé cega, sem jamais questionar qualquer linha de sua atuação.Em uma palavra: Catão.

 

Eleito,por vários anos, como exemplo de parlamentar combativo da oposição, que guerreava de forma intolerante contra o governo, sem se preocupar com o país. Chegou a ser nomeado “Mosqueteiro da Ética” pela revista Veja, a mesma que está envolvida pelas denúncias do esquema do bicheiro Cachoeira. Era um senador acima de qualquer suspeita, foi um ativo partícipe da farsa do “grampo sem áudio” patrocinada por Gilmar Mendes contra a Polícia Federal que representaria um pretenso “Estado Policial Petista”. Nem assim, a grande mídia, diante de um episódio tão sórdido, pois em dúvida a jogada que derrubou o cidadão Paulo Lacerda.

 

Suas relações com o famoso bicheiro Carlinhos Cachoeira nunca despertou desconfiança, nem mesmo suas campanhas milionárias, de onde viria o dinheiro, pois ele antes era apenas um Promotor Público, sem grandes recursos. Tudo isto jamais levantou suspeita,no início deste ano, com Dia-Bóstenes cotadíssimo para ser Vice da chapa de oposição, depois das “marchas anti-corrupção” promovidas por ele, que lhe deu mais fama e poder. Porém em fevereiro veio a público a Operação Monte Carlos da Polícia Federal e todos os grampos em que o Senador chamava o bicheiro amigo de “Professor”.

 

O mundo da Direita, mais raivosa do Brasil, caiu, a farsa ainda teve um episódio grotesco no início de março, quando ele apareceu na tribuna do Senado fez um discurso indignado, de que era limpo, probo, que aquilo não dizia nada, era apenas amizade, que nem sabia que “Carlinhos continuava no crime”. 44 senadores lhe deram força, um espetáculo ridículo, sem noção. Três dias depois,porém, mais grampos divulgados e aquela figura impoluta, símbolo da extrema-direita brasileira ruiu, foi reduzido a pó. Virou um cadáver ambulante, mal cheiroso. Seus grandes amigos tanto no parlamento, como na mídia, lhe viraram a cara.

 

Hoje culminou com sua cassação, uma derrota inapelável, o mais interessante foi vê-lo pedir direito de defesa, coisa que ele tanto negara aos adversários, todos os parlamentares aquem ele acusou, condenou, puderam rir por último. Sai de cena uma das figuras mais sórdidas que já frequentou o parlamento, principalmente pela imagem que construiu, como se estivesse acima do bem e do mal, que era o único honesto e correto, que todos os outros eram sujos e corruptos. Espero que sua queda sirva de reflexão mais ampla contra estes tipos bufões, que vivem de um moralismo tosco, de indignação seletiva e falsa.

 

Dia-Bóstenes , produto direto de uma mídia e uma oposição mais dada à farsa do que aos projetos alternativos, ambos sofrem uma dura derrota,  uma lição, mas que ajuda a limpar a área de figuras tão sombrias.

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Author: admin

Nascido em Bela Cruz (Ceará - Brasil), moro em São Paulo (São Paulo - Brasil) e Brasília (DF - Brasil) Advogado e Técnico em Telecomunicações. Autor do Livro - Crise 2.0: A Taxa de Lucro Reloaded.

0 thoughts on “482: A Queda do Moralista-Mor

  1. Olá, Arnóbio!
    Tirou essa frase do meu estômago:
    ‘Sai de cena uma das figuras mais sórdidas que já frequentou o parlamento, principalmente pela imagem que construiu, como se estivesse acima do bem e do mal, que era o único honesto e correto, que todos os outros eram sujos e corruptos. Espero que sua queda sirva de reflexão mais ampla contra estes tipos bufões, que vivem de um moralismo tosco, de indignação seletiva e falsa.’
    Ótimo texto!
    abraços

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