A Burguesia Revolucionária
No Século XVIII a burguesia revolucionária fez a Revolução Francesa para enterrar de vez o Estado Feudal, absolutista, centrado na figura do Rei, não que ela não quisesse um poder centralizado, mas apenas não que defendesse ainda os antigos interesses feudais. A Inglaterra já fizera sua Revolução Burguesa bem antes preservando seu “trono”, tirando deste o poder determinante. A colônia inglesa(parte francesa e espanhola) também fizera sua revolução. O que havia de comum? A busca de um novo Estado, mais ainda de novo sistema econômico que suplantasse as formas feudais de economia.
Feita a Revolução, nos principais centros do mundo, o Século XIX, nasce sob a égide completa do Capital, a conquista do Poder Político, consequência do Poder Econômico que já era predominante, a burguesia então se volta a moldar seu Estado, definir suas fronteiras, a construção de nações e destas um novo mundo.
Internamente, o novo sistema já traz a dualidade da luta de classes intrínseca: Capital X Trabalho. A incipiente classe operária ainda não madura e sofre sob a força bruta dos burgueses. Submetidos a longas jornadas, com salários que mal dar para se reproduzir, não havia ainda leis ou organizações sindicais com força para defendê-los e organizá-los. Nem assim as Crises deixavam de acontecer. Esta vinha com uma periocidade bem definida, tendo seu maior vetor as crises de escassez, em particular as de produção agrícola. O que levou Malthus a elaborar a fórmula de que o capitalismos poderia ruir por escassez.
Marx afasta de sua análise a questão das “crise de sub-consumo”, ou crise de escassez, sendo a última a de 1846, que na verdade é produto da praga nas plantações de batatas e cerais que atingiu a Inglaterra em 1844, tendo péssimas colheitas nos anos seguintes. A fome e miséria no anos seguintes culmina com a Comuna de Paris. Por volta de 1861 esta separação entre crise agrícola e crise capitalista como um todo, em especial na industria têxtil, que era o motor da economia mundial. Desde então as crises são associadas a Super Produção de Capital, sendo o marco definitivo 1871, em que os preços agrícolas não influenciam mais nas crises têxteis.
A primeira grande depressão do Capitalismo se deu entre 1873 e 1895, mesmo com alguns anos de crescimento, esta violenta crise atingiu toda Europa e Eua. A origem dela remonta a guerra de 1871 entre França e Alemanha, nas palavras de Martins e Coggiola:
“A crise originou-se na Áustria e Alemanha, países que experimentavam um intenso desenvolvimento industrial devido, em parte, às indenizações pagas pela França em virtude da guerra de 1871. Também o Estados Unidos sofreu mais violentamente seu impacto. Os altos dividendos da indústria alemã incrementaram a especulação, que se alastrou para as ferrovias e imóveis beneficiadas pela grande oferta de crédito. Subitamente, porém, os custos aumentaram e a rentabilidade começou a cair.Inicialmente a crise foi financeira e estourou em Viena, com a quebra da bolsa de valores, seguida de falências de bancos de financiamento austríacos, alemães e norte-americanos. No Estados Unidos, a depressão esteve ligada à crise da especulação ferroviária. A simultaneidade na aparição de dificuldades, tanto de um lado como de outro da Mancha e do Atlântico, ilustra a integração das economias industriais em matéria comercial e mais ainda em matéria de movimentos de capitais”.
(…)
“A crise abriu espaço para a crescente monopolização das economias nacionais e permitiu a intensificação da expansão imperialista, acirrando a tensão entre as grandes potências capitalistas”.
Imperialismo e Revolução
Aqui se prepara um Novo Estado, que será amplamente objeto de analise de Lênin no seu “Imperialismo: Fase Superior do Capitalismo”. O Estado se fortifica não apenas militarmente, mas no conjunto de instituições montadas para dar suporte à nova realidade do Capital. A Classe operária já era madura e forte, tendo enfrentado com greve o Capital. Construção de sindicatos e partidos de classe.
A guerra imperialista de 1914 eclodiu na Europa numa feroz disputa pelo mercado e territórios, a guerra é expressão última do imperialismo. As forças estatais são concentrada na industria de guerra, uma nova industria ou uma nova revolução industrial impulsionada pela metalurgia, máquinas operando a potência de energia, carvão, petróleo, muda radicalmente o mundo.
A Revolução Russa, o elo mais frágil do Imperialismo, abriu uma possibilidade histórica, aqueles abnegados revolucionários tomaram o poder e derrubaram a burguesia. Um país cheio de contradições que convivia no campo com relações econômicas feudais. A própria classe operária era minoritária no país, além do que, durante a guerra e na defesa da revolução parte dela foi dizimada. Diante deste caos econômico e social, em 1921, Lênin propões a NEP, que é essência é o Capitalismo de Estado, sem burguesia. Aqui pode estar a chave da burocracia, ou até explicar a China atual.
No “mundo livre”, pós guerra trouxe uma profunda desagregação, a Alemanha foi praticamente destruída, pagando um preço caríssimo pela guerra, mas na verdade a própria ideia de domínio do mundo ainda estava no ar. A segunda grande Depressão acontece neste momento, dos EUA que já apontava como a maior economia mundial, começa uma violenta queda da bolsa e quebra de empresas. Durante 4 longos anos a economia mundial fica à deriva, a solução encontrada, foram as testes de Keynes, que apostava na intervenção do Estado como regulador das Crises. Se olharmos os dois lados ( URSS e EUA) vão gestar um Estado de bem-estar social, com profunda intervenção na Economia.
O Novo Liberalismo
Este modelo vai perdurar por décadas, mesmo durante a guerra fria, ou apesar dela, ambos os lados têm na força do Estado o maior vetor da Economia. Asseguram assim, do lado do capitalismo a remuneração ou equalização de uma taxa de lucros às seus controladores. Do outro lado, no Leste, a economia planificada, alimenta a burocracia, um modelo que garante a reprodução do trabalhador, mas não em padrões de vida comparados aos dos EUA, mas grande diante do que era o país no pré-guerra.
A grande crise de 1974, já tratada por nós, como crise que surge entre 68/69, graças aos estudo de Martins, porá em xeque o modelo do Estado de Bem-Estar Social. O esgotamento ou a exigência de um novo modelo de estado que permita a ampla exploração com ataque direto aos ganhos dos trabalhadores, se torna crucial para que um novo ciclo se inicie. O que acontecerá nos EUA com Reagan, na Inglaterra com Tatcher, também começa a movimentar o leste com Gorbachov e na China com as reformas de Deng Xiaping. Ninguém ficará imune a nova onda neoliberal
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Perestroika Mundial?
Aqui incorporo a este texto o de Sérgio Rauber, que a meu ver complementa a análise de Ciclos x Modelo de Estado, ficamos devendo agora um aprofundamento deste novo modelo. O link abaixo é a continuação do meu raciocínio, se assim me permite , Sergio.
Não é a privatização, tonto; é a perestroika
Como combinamos existe muitas lacunas, precisamos complementar. A questão da Crise 2.o é amplamente analisado nos vários textos e que resolvi fazer um roteiro para várias leituras e acompanhamento:
Crise 2.0: Roteiros de Leitura
Acrescento ainda o grande livro de José Martins e Osvaldo Coggiola :
DINÂMICA DA GLOBALIZAÇÃO Mercado Mundial e Ciclos Econômicos (1970-2005)
E a Alemanha sempre lá… não espanta que tenha sido o estudo de caso de Marx/Engels. Vira e mexe aparece a Alemanha ou pra se vingar de perdas ou para explorar geral. (Sem preconceito, juro, apenas constatação).
Bem, espero que venham logo as análises complementares.
Juro mesmo, inclusive meus melhores amigos são alemães, hahaha, não é sssim que o preconceituoso se justifica?
Tres pontos fulcrais: NEP, crise de 1974 e a atual reorganizaçao, reforma e subordinação do Estado. A ver…