(Foto de Vincenzo Pinto/France Presse) |
Frau Merkel fala forte, como sempre, em Davos, local muito apropriado para o grande capital debater a Crise 2.0, mais relevante ainda, e sintomático que a poderosa chanceler da Alemanha fale na abertura oficial. O discurso foi mais uma vez um primor de autoritarismo. Sem meias palavras a Premier alemã apontou o dedo aos seus parceiros europeus por tudo de ruim que lá acontece.
Em síntese deixou claro que “os problemas europeus, disse a chanceler, vão além da crise das dívidas soberanas e serão necessárias mais que políticas de austeridade para resolvê-los. Vários países têm dificuldades para competir e precisam de reformas estruturais – no mercado de trabalho, por exemplo – para crescer e criar empregos”. ( Estadão 26/01)
A toada é a mesma, para o grande público exige instituições fortes: Parlamento Europeu, Corte de Justiça e BCE, mas a boca pequena Frau Merkel atropela as instituições impondo planos de ajustes aos países credores, sem dó ou piedade. As autoridades da comissão europeia são constantemente confrontadas por Merkel, causando constrangimentos nas reuniões. A falácia de “mais Europa, para europeus” é uma afronta, que é simplesmente desmascarada pelo cartaz do manifestante solitário na Espanha:
(Susana Vera/Reuters – 8.dez.2011)
Segundo a Folha de S. Paulo, Merkel fará um artigo que será publicado conjuntamente por vários jornais europeus, cujo centro será o de que “Merkel afirmou que leva muito a sério a “infundada” percepção de que a Alemanha tenta impor seus pontos de vista a seus sócios europeus.
“A Alemanha é um importante país europeu e assume sua responsabilidade como tal”, afirmou. “Contudo, nenhum país pode arcar com a dívida de outro”, disse. (FSP 25/01). ( Um show de cinismo)
Duelo de Titãs: Merkel x Soros
Mas eis que surge um contraponto ao discurso de Merkel, o megainvestidor George Soros “disse ontem em Davos que os problemas do euro ameaçam o projeto político da União Europeia. Para ele, apesar de o euro ter sido concebido para apressar a união política entre os países europeus, a moeda única tem defeitos graves no seu projeto, e agora ameaça causar o efeito oposto.
‘Esses defeitos ativaram um processo de desintegração que tornou a união política mais difícil de ser alcançada hoje do que quando o euro foi introduzido’ (Estadão ,26/01).
Ele disse mais: “a política econômica europeia é ditada pela Alemanha, ‘porque em tempos de crise os credores sentam no banco do motorista’. E concluiu ruidosamente: ‘O problema é que a austeridade que a Alemanha quer impor vai empurrar a Europa na direção de uma espiral deflacionárias de dívidas’.
O nada bobo Soros teme que os ativos sejam “deflacionados”, como se a queima generalizada de Capital não fosse parte da solução da Crise, do ponto de vista do Grande Capital. O Megainvestidor não quer perder NADA, a MegaMinistra tem seus próprios interesses, de outra fração do Capital. Ambos concordam: O europeu(trabalhador e povo) deve pagar a conta.
Der Fuehrer não tem mais jeito, só depondo.