10 de dezembro de 2025

0 thoughts on “108: Amy e o Páthos do Herói (Post 107 – 61/2011)

  1. Texto maduro e que de maneira elegante junta o humano, o factual, com o filosófico, o literário…e é justamente esta congruência que se completa, se sustenta e dá conta da beleza da vida. Gostei.

  2. Muito generoso o seu post, amigo. Voltei a 1994, quando o Senna morreu e eu, que me julgava uma pessoa mais pro esclarecida, me vi por quatro dias diante da TV chorando sem parar. Agora com a Amy ficou longe disso, but still… É um alívio ver minhas emoções interpretadas assim, com razão e compaixão. Beijo!

  3. Se acredistasse nos deuses, diria que o texto é divíno. Mas como acredito que são os homens que criam os deuses (sejam unos ou coletivos) e os mitos, diria que o texto é profundamente humano. O ser humano é o criador do seu mundo. E sem esta gente que exptrapola os limites da criação artística, definitivamante não seríamos humanos.Deuses e mitos são parte da nossa própria criação, que alguns rejeitam e outros não entendem. Quando houver a reconciliação definitiva entre o saber e a fé que gera mitos e deuses, chegaremos a plenitude.

  4. Querido, acabei de ler seus posts, e adorei! Um melhor do que o outro. Gostei de todos, mas o do Midnight in Paris e o da copa de 82 em especial, me emocionaram. Parabéns pela sensibilidade, e continue escrevendo e inspirando muitos como eu. Um grande beijo.

  5. Não sei não, heim, se o herói, o teu herói do post, ao morrer se liberta. Tua imagem de herói é muito poética, elegantésima, horra a Amy contada entre os grandes heróis.
    Só tenho a impressão que romantizamos muito a morte. A morte É. Ela nos faz repensar muitas coisas, inclusive estrutura e molda silenciosamente nossas vidas. Na linha da amiga ali de cima, sou mais crua com a morte porque não vejo sentido nela a não ser o de regular e controlar muitas de nossas escolhas, sobretudo pra quem fala da posição da Racionalidade; a morte é perfeita porque fecha um círculo que se abriu; a morte é perfeita porque nos liberta de sermos imperfeitos e por aí vai…
    Já pensou se algum dia ser racional e produtivo caem de moda e, em seu lugar, tomam lugar os zoombies, como infelizmente foi o final da Amy? Um zoombie drogado, é assim que hoje olham pra ela, como diz uma matéria da Folha. O que me preocupa é a ideia de produtividade, racionalidade e perfeição andarem quase sempre juntas, daí tudo se torna um duelo entre o bem e o mal e por mais que pareçam opostos, eles têm várias faces, vários níveis e complexos avatares entre as nuances do que classificamos como bem/bom e/ou como mal/bom. A palavra não fecha o ‘conceito’. A Amy, que adorava, simplesmente morreu, agora vamo combinar, antes com posts como o teu e o do teu amigo do que com receituários de “boa família”.
    Beijo,

  6. Que texto lindo, sensível e generoso e como acredito que o autor se projeta na sua obra reconheço facilmente essas qualidades em você, ainda que não fosse assim. Honrou o dia do escritor.Parabéns e obrigada.

  7. Lindo texto, Arnobio, como sempre. Perfeita a associação de Amy aos heróis míticos, “condenado ao fracasso e a um fim trágico” em que sua morte “ou é traumática e violenta ou o surpreende em absoluta solidão”.
    Como disse a @Luisa_Stern , “Ela morreu de ser Amy, o resto não importa”.

  8. Muito lúcido seu texto.
    Como todo herói trágico. Amy se jogou fundo na sua ὕβρις (hybris), livrando-se das contingências para se tornar
    a essência do que era -voz-, agora planando autônoma e (tragicamente) irrepetível. A nós resta o que a tecnologia permitirá resgatar, o que já é muito em se trantando de performances que (cada uma e todas) se desenrolaram no limite do suportável. A vida ganhou, não a morte. Foi a vida que impôs a Amy os seus limites.
    Acho que ela sabia disso toda vez que entoava Back to black,
    Diferentemente de Elis (também trágica), que confessava a dificuldade de continuar vivendo quando o “público ia embora” e o espetáculo terminava, Amy me parece mais radical: eu a vi cantat ao vivo e a impressão que passava era a de quem não estava no palco, mas estava vivendo seu transe (com ou sem droga) na soludão mais absoluta, com a certeza de que só metade (talvez enos) do seu canto era compreensível para os humanos. Basta perceber que a cada audição percebemos novas nuances, às vezes a mera articulação de uma sílaba, que iluminam o todo. Isso não se esgota nunca apenas nos que estavam já do outro lado. Amy morreu, viva Amy.

  9. Mais um texto emocionante, interessante, bom demais de ler! Obrigada, Arnóbio, pela sensibilidade e beleza dos seus textos. Bjs

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