Semana passada, conversei longamente com a grande jornalista Conceição Lemes (co-editora do site Viomundo ), na verdade recebi uma aula sobre jornalismo, a busca da “verdade factual” mesmo que não seja a que queremos ter. Versou a conversa sobre internet, blogs, ativismo e liberdade de expressão. Grandes questões como a imensa responsabilidade de informar, do cuidado e critério nos temas, assim como o enfrentamento que redunda de cada post publicado, fazendo com que meçamos bem cada palavra e cada informação apresentada.pois, análise dos fatos, mas a apresentação do fato tem conseqüências jurídicas e legais.
Em recente post sobre reações contra blogosfera no seu blog, Maurício Caleiro, nos alerta sobre a pressão que os blogs sofrem e sofrerão mais ainda, por quebrarem o monopólio das mídias tradicionais.
Atomização da Informação
A internet possibilitou que milhões de pessoas tenham facilmente acesso a informação e a produzir informação, analisar e debater fatos cotidianos ou grandes temas do cenário econômico ou político do país ou do mundo. Esta “Atomização da informação” é extremamente positiva por que libera dos controles tradicionais de mídia e conhecimento, diversificando às fontes e dando possibilidade de ouvir dezena, centenas ou milhares de visões dobre qualquer tema.
Cada um no seu: PC/Note/Net/Smart ou Tablet em segundos sabe que ouve um ataque ao metrô de Moscou, que esta informação o Governo Russo pode divulgar que foram os chechenos ou a Al Qaeda, mas a velocidade com que estas versões caem com advento da internet e sua massificação é quase que simultânea. Quando ouve o ataque ao metrô em Madrid, Presidente da Espanha, Aznar, divulgou que havia sido o ETA, era véspera de eleição, ele perdeu-a porque rapidamente foi desmentido, ataque fora feito pela Al Qaeda em resposta a ajuda dele ao EUA na guerra do golfo II.
Com o Twitter esta massificação e interação é mais explosiva, os textos curtos correm rapidamente criando versões, desmentindo versões, derrubando as grandes mídia e virou complemento ou chamariz de blogs. A sincronização de recursos entre Blog/Portal com o Twitter, atinge-se gama de leitores e replicadores das informações.
Aqui entra o elemento de contradição, tudo que se produz na internet em geral é livre de qualquer filtro ou censura (no máximo do próprio autor) o que no limite: é a máxima expressão da liberdade. Porém, o compromisso ético da veracidade do que se informa em muito é secudarizado, dando margem também a ampla distorção de fatos corriqueiros. Amplificando as demandas e debates nem sempre coerentes com a “verdade factual”.
Pequenos blogs ou conta de Twitter podem fazer pequenos estragos na imagem de pessoas, empresas ou governos, daí a responsabilidade dos ativistas de buscar, mesmo na velocidade e na vontade de informar, a lucidez de pensar, refletir e munir-se de instrumentos para evitar grandes dissabores futuros, como processos, desmentidos e o pior de todos: Perda de credibilidade.
Blogs/Portais não ligados à grande mídia podem ter poder de “fogo” assustador, não por acaso o fenômeno Wikileaks que furou completamente as mídias tradicionais, causando um pandemônio nos EUA e no mundo, com a divulgação dos MEMOs secretos do DEA. Estes portais dão tiro de canhão, ou míssil que derruba governos inteiros e destroem corporações.
Blogs x Mídia Tradicional
A perda de credibilidade da mídia tradicional, em particular no Brasil, deve-se não apenas por sua ideologia política, mas fundamentalmente por abandonar a busca da “Verdade Factual”, ela prioriza muito mais a sua ideologia a informar fatos reais e seus desdobramentos e significados na vida. Perde assim o monopólio da informação ou a fonte mais corriqueira de busca sobre os fatos reais.
Ao perder este monopólio, o que levou a perda de audiência, venda de jornais e revistas, perde o fundamental: Receita. Por conseguinte os blogs, portais estão sendo alvos constantes do patrulhamento político e ideológico da velha mídia.
Questões absolutamente secundárias como a sátira da “Falha” levou a Folha de SP a um processo de censura e asfixia econômica dos autores do blog. Os arautos da “Liberdade de Expressão e Imprensa” são desmoralizados por dois irmãos num pequeno blog.
Mas esta é a lógica que vamos enfrentar no que se avizinha, não podemos abrir mão da liberdade de escrever livremente, mas ao mesmo tempo devemos ser os campeões de analisar, informar com máxima cautela para não perdemos nem a credibilidade nem sofrermos os dissabores de demandas judiciais caríssimas que a maioria da blogsfera nem sonha ter como pagar.
Os portais que agregam conteúdo livre( Teia Livre , Rede Liberdade ) têm uma missão dura de, ao mesmo tempo garantir qualidade e liberdade de posts, preocupar-se em se proteger das informações jogadas sem a devida apuração, ou controversa, que possa gerar demandas judiciais pesadas, não contra quem escreveu, mas para que a hospedou. Mesmo com a recente decisão do STJ de reconhecer que o portal não é responsável pelo que foi postado, as demandas são sucessivas e têm ônus financeiros que inviabiliza qualquer iniciativa.
Muito bom artigo. Essa é uma preocupação que temos que ter e entender que a questão judicial, até estar totalmente esclarecida em relação a liberdade de expressão, etc é uma ferramenta de intimidação da velha mídia.
Sou simpática às formatações no âmbito das novas mídias informacionais… só não sei até que ponto essa busca por uma “verdade factual” não vai de encontro com a mesma prática ideológica presente nas mídias tradicionais. Isso precisa ser discutido. Outra preocupação é com a rapidez com que essas informações são divulgadas, claro que é interessante, porém, pode-se perder muito em termos de crítica mais aprofundada diante da rapidez em que são disseminadas as informações. Enfim, acredito que com o tempo poderemos nos focar nesses problemas. Por hora, momento de disseminar a prática de forma responsável! Vamos lá…
Como internauta a minha preocupacao sempre e de consultar e discutir o que aparece nas pautas. Nunca tomo o que vejo em TL como palavras de sabios que estejam acima de qualquer duvidas. Nunca determino que haja palavras finais de nada. Estou sempre aberta para novas informacoes.
Acho que com todos os possiveis erros e exageros que possam surgir, o perigo em poteencial e minimizado pela rapidez e diversidade.
Ninguem orreu ate agora em consequencia dos feitos de Assange. prefiro milhoes de Assange do que coisas ditas as escuras.