Chegamos mais uma vez a período eleitoral nacional e entramos no debate sobre projetos políticos, ideológicos, agora muito mais com a dupla queda dos muros:Berlim x Washington, abre-se uma oportunidade impar de discutirmos o futuro para nosso país. Gostaria de introduzir aqui uma reflexão que fiz em 2002,mas que vejo que está bem atualizada, sobre tecnologia e como o Brasil pode se inserir neste novo marco mundial, superando as mazelas de nosso passado recente.
Trago dois casos na área de Telecomunicações, em que tenho mais familiaridade.Para tentarmos entender como países extremamente “secundário” no mercado mundial, conseguiram ter empresas tão importantes, tornando-se marcas vencedoras em determinados campos que olhando a bem pouco tempo nem se imaginaria ocuparem este espaço.
Nokia – A Finlândia no mundo
No início dos anos 90, a Nokia não passava de uma empresa secular de papel e celulose da fria e distante Finlândia. Nem o país , muito menos esta empresa seria notícia em qualquer jornal de tecnologia. Como em poucos mais de 6 anos eles mudaram de foco e viraram a verdadeira força motriz deste país? A primeira sem dúvida foi a decisão estratégica do governo finlandês de focar boa parte do seu dinheiro de investimento em Pesquisa e Desenvolvimento, numa área que se
expandiria como nenhum outra na história da humanidade em tão pouco tempo,como foram a Telefonia Celular e a Internet. Com esta visão eles concentraram todo seu aporte na Nokia, com incentivos fiscais, ajuda logística e científica e transformou-a na empresa que todos nós conhecemos e admiramos, no caso onde governo e iniciativa privada, mudaram a realidade
de um país e de um povo em tão pouco tempo. Hoje a Finlândia e a Nokia são sinônimos de tecnologia, inovação, modernidade, esquecemos até o quanto é fria a realidade deles, eles estão presentes em praticamente em todo o mundo. Neste aspecto o GSM como padrão majoritário internacionalmente foi fundamental, mas principal lição é esta: O Governo Finlandês apostou no novo e transformou o país.
Samsung – A Coréia do Sul
O segundo caso é o da Samsung, mais precisamente o caso Coréia do Sul, este país dividido, em semi-ocupação, vindo de uma guerra terrível, subjugado seguidamente por vários séculos, ou por ocupação chinesa ou japonesa, consegue finalmente ser “livre”, porém logo a seguir mergulha em nova guerra e se divide, surgindo duas Coreias. A do sul entra num modelo de acumulação de capital e desenvolvimento seguindo a “proteção” americana, porém com uma
profunda consciência nacional, de que só com a resolução de suas mazelas (fome, miséria extrema, pais atrasadíssimo, cuja única importância era localização geográfica, nas disputas geopolíticas de outrora), fizeram uma verdadeira revolução. Ao contrário da Finlândia, lá eles não tinham desenvolvimento econômico que pudessem fazer aquela “virada” deles.
Aqui eles construiram passo-a-passo o seu modelo, gastaram todas as suas economias na educação, com suas jornadas de até 10 horas por dia de aula e 300 dias letivos. Os vários governos priorizaram os 10 maiores conglomerados econômicos do país e lá fundiram iniciativas públicas e privadas, para que a Coréia superasse a sua defasagem histórica em pouco mais de 20 anos eles hoje têm uma vida mais digna. Calma pessoal, estou dando o panorama geral
coreano, porque muito nos lembra do nosso, estou chegando no caso Samsung.
Em 1993 houve uma profunda crise nos tigres asiáticos que quase abateu a experiência coreana, após grande ajuste o Governo e iniciativa privada voltam-se para escolher onde investir e com certeza de retorno para o país.
A Samsung é um dos Players eleita para esta nova fase, a empresa passa de apenas produção de manufaturados à grande desenvolvedora de chips e componentes. Sua virada mais significa se dará nas telecomunicações, a ação que o GSM teve para Nokia, o CDMA foi o motor para Samsung, eles rapidamente desenvolveram infraestrutura, e investiram em Aparelhos, com sofisticação e sempre à frente de todos os outros concorrente(CDMA), todo e qualquer novo chipset Qualcomn encontraram vida e função nos aparelhos da Samsung. O design ousado
a inventividade, a tecnologia com olhos no futuro, lembro que 2002 eles colocaram em funcionamento o EVDO(3G modelo americano), antes da copa do mundo, e foi uma jogada de mestre, porque eles foram vistos por todo o mundo como povo inovador, criativo, superando a imagem de produto “segunda linha” do Japão, e hoje com a perspectiva do CDMA (WCDMA, CDMA2000) ser a tecnologia da telefonia obviamente eles estão com um pé à frente.
Brasil: Qual caminho?
Apresentei dois casos apenas para mostrar que o Brasil pode também mudar sua realidade,nós juntamos num mesmo país características da Finlândia e da Coréia, temos que dar um “salto” para que possamos chegar no mesmo estágio deles, como???
Arriscaria umas 4 áreas de tecnologia de ponta:
- Área de Telecomunicações ( TV Digital, Software aplicado);
- Área química ( exploração e refino de petróleo);
- Área de pesquisas Genéticas ( Projeto Genoma, medicina ortomulecular, células tronco,Biodiversidade);
- Área ambiental (novamente a biodiversidade, água potável, turismo ecológico, produção agrícola com proteção ambienta)
Por fim vejo que sempre podemos ter lições mais profundas de fenômenos e se tivermos a ousadia de fazer diferente, em 20 anos este será um país muito mais desenvolvido e mais justo.
Muito bom esse artigo.
abç
Agradeço a leitura e as palavras vamos ao debate como sempre
Caro Arnobio. Como é bom ler esses casos de sucesso. Fico entusiasmado.
Que potencial que temos no Brasil. Não é mais risco. Temos só que implementar as 4 áreas.
Abraço
M A Lima
Grande Marco,
Você que está sentindo o “cheiro” do pré-sal percebe o enorme potencial para nosso povo, finalmente começamos a construir nosso presente com as próprias pernas e a vislumbrar um futuro melhor.
Penso que se tivermos uma plataforma clara do que queremos, facilita para canalizar nossos parcos recursos.
Abraços Fraternos
Arnobio
Muito bom Arnobio!
Colocaria ao lado dessas duas empresas, a Sony e sua história de sucesso pós Segunda Grande Guerra.
Mas um caso de parceria entre setor privado e governo que deu muito certo.