Com o afastamento (via Golpe) da Presidência de Dilma Roussef, fecha-se um grande ciclo político no Brasil. De vitória de uma esquerda pragmática, iniciado nos fim dos anos de 1970 com as greves no ABC e que levou um operário e uma mulher ao governo central do quinto maior país do mundo, entre as dez maiores economias do planeta.
Aquele ousado grupo construiu oposições sindicais, venceu sindicatos, fundou a CUT, o PT, teve participação decisiva no processo de redemocratização do Brasil. Durante a constituinte, mesmo em ínfima minoria, trouxe os trabalhadores para o centro dos debates e incluiu pontos fundamentais na Constituição. Estes quadros, temperados na luta, chegou à Presidência com um dos seus melhores nomes, Lula, o primeiro presidente vindo do povão sofrido e trabalhador, sem a educação formal.
O traço sindical, reivindicatório e, ao mesmo tempo, conciliador teve seu auge nos treze anos e cinco meses na presidência. Quanto a esquerda ideológica, ela não conseguiu disputar e tensionar o governo para uma ruptura com a conciliação, então, o projeto se esgotou, com a crise econômica e o desgaste político dos principais dirigentes.
O PT, principal artífice desse movimento, aceitou o jogo eleitoral como ele é, com caixa dois, sobras de campanhas e montagem de base parlamentar, senão não se ganha eleições e principalmente, não se governa. Usou-se as armas para vencer e governar, nada diferente dos outros 100% governos eleitos em qualquer época. (O Impeachment Será O Muro de Berlim do PT?)
A burguesia mostrou que acredita piamente na luta de classes, que só faz as concessão quando não tem saída, mas jamais perde a perspectiva de retomar o governo, parcela do poder, haja visto que o Poder Real, ela, a burguesia, sempre teve em suas mãos, em especial a fração que hoje determina o destino do Kapital, o Capital Financeiro Internacional.
Hoje ela retoma às suas mãos a presidência, de forma golpista, sem respaldo popular, sem votos. O novo governo (O Dia Depois do Golpe.) foi gestado e parido na ira que a mídia provocou na população contra o governo, com uma narrativa de criminalização dos principais líderes do PT, a economia era o pano de fundo do ódio cego.
O que nos cabe agora é nos segurarmos, manter-nos firmes e repensar os próximos passos, em primeiro lugar, a resistência política, para que o governo golpista, não nos destrua, inclusive, fisicamente. O Estado de Exceção (Estado de Exceção: O Sequestro da Democracia.) é a opção principal de um governo sem crivo das urnas.
O fim de um ciclo vitorioso, ainda que pese o desfecho melancólico, também significa o início de outro, pois, dialeticamente, estamos sempre em processo, não é o fim da história.
Vamos em frente!
Correta a análise.
Eu mesmo vinha há algum tempo repetindo que a saída da Dilma representaria o fim de um ciclo que começou na redemocratização (ou na luta para ela) e este fim melancólico.
Durante esse tempo muita coisa mudou. Eu mesmo mudei. Houve um período que chamava o PT de reformista e outros termos tão em voga nos anos 80, inicio dos 90. Tempos em que estudei na saudosa ETFCE.
Hoje, infelizmente, vejo uma parcela consideravel da juventude ser coopitada pela direita raivosa. Outros, por um anárquismo que, ao me ver é sem perspectiva.
Talvez isso esteja por culpa do que o PT fez de errado durante o governo.
Óbvo que a imprensa iria aproveitar essas fragilidades e explorar ao máximo. Foi o que ela fez. Os caras tem consciencia de classe. Infelizmente.